Miguel (D.).

n.      24 de agosto de 1498.
f.       19 de julho de 1500.

Príncipe que faleceu com dois anos de idade, e cuja existência, contudo, deu origem a grandes discórdias, a grandes esperanças e a grandes decepções. Era filho do rei D. Manuel e de sua primeira mulher, a rainha D. Isabel, filha mais velha dos reis católicos de Espanha Fernando e Isabel. Tendo morrido D. João herdeiro do trono de Aragão e Castela, passavam a ser herdeiros o rei de Portugal e sua mulher. Partiram logo para Castela, e não houve dúvida em serem jurados herdeiros da coroa de Castela, mas as cortes aragonesas, com a sua antiga e altiva isenção, não se prestaram a fazer o mesmo, e levantaram as suas dúvidas. A questão terminou, contudo, por um acontecimento feliz e desgraçado. A rainha de Portugal teve em Saragoça no dia 24 de agosto de 1498 um filho varão, que recebeu o nome de Miguel da Paz. A notícia foi logo anunciada à cidade, que a saudou entusiasticamente com luminárias e repiques de sinos. Era aquela criança que trazia no regaço infantil a solução das dificuldades, e que devia um dia cingir a tríplice coroa de Portugal, Castela e Aragão. 

Príncipe herdeiro de Portugal, Castela, Aragão, Leão e Sicília, foi logo aclamado o infante. Mas o nascimento deste príncipe devia custar bem caro aos reis que o saudavam com tanto entusiasmo. A rainha de Portugal não pôde resistir ao parto, e sucumbiu no próprio dia em que nasceu o príncipe. D. Manuel partiu para Portugal, deixando ficar em companhia dos avós seu filho D. Miguel, que foi logo jurado príncipe herdeiro em Saragoça, Toledo e Lisboa, em fevereiro de 1499. Era esse príncipe infantil o penhor da união ibérica efectuada pacificamente, ainda que, logo nas cortes de Lisboa os procuradores portugueses não se descuidaram de exigir que, em se efectuando a união, os cargos de Portugal e das colónias fossem dados unicamente a nacionais, mas em todo o caso ninguém ousou recalcitrar. Tudo isso, porém, ambições e esperanças, se dissipou com a morte do príncipe D. Miguel, que faleceu em Granada, tendo perto de vinte e três meses de idade, no dia 19 de julho de 1500.

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