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Pereira de Chaby (Cláudio
Bernardo).
n. 11 de janeiro
de 1818.
f. 7 de julho de 1905.
General de divisão reformado.
Nasceu em Lisboa a 11 de janeiro de
1818, onde também faleceu a 7 de julho de 1905. Era filho do
coronel do estado-maior Manuel Bernardo Pereira de Chaby, e de sua
mulher D. Margarida Pereira de Chaby.
Foi antigo aluno da Academia Real de
Marinha, e das Escolas Politécnica e do Exército. Assentou praça
em infantaria a 27 de julho de 1833, sendo promovido a alferes a 28
de julho de 1837, a tenente em 15 de fevereiro de 1845, a capitão a
29 de abril de 1851, a major em 8 de outubro de 1867, a
tenente-coronel em 23 de agosto de 1871, a coronel em 22 de julho de
1874, a general de brigada em 30 de maio de 1883, e a general de
divisão a 19 de fevereiro de 1890, reformando-se neste posto a 17
de janeiro de 1895. Fez as duas últimas campanhas até à Convenção
de Évora Monte. Bateu-se na Patuleia, e tendo terminado a guerra
civil, entrou numa nova fase de actividade, ligando o seu nome a
trabalhos literários muito valiosos. Desempenhou muitas e variadas
comissões de serviço público, especialmente em dependências do
Ministério da Guerra. Nas sucessivas reorganizações por que tem
passado este ministério desde 1859, e sob as ordens dos diversos
ministros encarregados daquela repartição, teve várias colocações,
já como subchefe, e depois chefe da repartição do gabinete; já
pela extinção desta como chefe da terceira, incumbida dos assuntos
relativos a estabelecimentos de instrução militar, depósito geral
de guerra, etc., sendo exonerado por um decreto muito honroso datado
de 4 de setembro de 1869, afim de continuar na útil e já então
muito adiantada direcção dos trabalhos que deviam servir de subsídios
à história militar do país desde os últimos anos do século
XVIII, e de coligir e extrair os documentos que do arquivo geral do
Ministério da Guerra deviam passar para a Torre do Tombo.
Estes trabalhos saíram com o título
de Sinopse dos decretos remetidos ao extinto conselho de guerra,
desde 1640 até 1656, e dos Excertos históricos, que
compreendem um longo período da Guerra Peninsular, e que eram
traduzidos em várias línguas. Além destas comissões de serviço
permanente, foram-lhe confiadas eventualmente muitas outras, em
diversos tempos, que sempre desempenhou com o maior zelo e competência.
Entre elas merece especial menção a que lhe foi cometida pelo então
ministro da Guerra Belchior José Garcez, pela portaria de 3 de dezembro
de 1860, que só veio a realizar-se mais tarde durante a gerência
do visconde, depois marquês de Sá da Bandeira. Essa comissão
tinha por fim procurar e recolher nos arquivos militares de Espanha,
e pesquisar por quaisquer outros meios de indagação, naquele país,
todos os documentos e notícias relativos a factos e sucessos da
Guerra Peninsular, como trabalhos auxiliares para a pessoa então
encarregada por contrato solene de escrever a história daquela
guerra e com especial referencia à parte que nela tivera o exército
português. Anexou-se mais tarde a esta outra incumbência oficial:
a de estudar e descrever os estabelecimentos militares de Espanha
destinados à instrução prática das tropas de todas as armas, e
de solicitar igualmente todos os esclarecimentos que parecessem
adequados para o estudo e conhecimento dos sistemas ali seguidos
acerca da organização e administração militar, táctica,
disciplina, etc. Cláudio de Chaby esmerou-se em bem cumprir estes
encargos nos seis meses que só pôde demorar-se em Espanha, não
poupando diligências, despesas e fadigas para dar conta de si. O
modo digno como se comportou, e a consideração e atenções que
obteve em Madrid, e outros pontos onde teve de dirigir-se, serviram
de assunto por vezes à imprensa espanhola, e podem ver-se, entre
outros, no jornal Correspondencia de España, 17 de agosto,
1861, edição da noite; de 29 do mesmo mês, 1.ª edição; de 14
de novembro e do primeiro de dezembro do referido ano; na Iberia,
diario liberal, de 30 de agosto e 2 de dezembro; nas Novedades,
de 3 de dezembro; no Norte de Castilla, diario de Valladolid,
de 4 de outubro, tudo de 1861, etc. Os resultados colhidos
nestes trabalhos constam em parte dos ofícios por ele dirigidos ao
ministro da Guerra, os quais se imprimiram de pág. XIII a XVIII da
introdução à primeira parte da obra Excertos históricos, etc.,
e bem assim do relatório apresentado ao referido ministro, que
ocupa as págs. 223 a 380 da mesma obra. Percorreu também grande
parte de Itália, estudando de preferência os assuntos militares e
recolhendo notas e subsídios valiosíssimos que lhe serviram para
enriquecer algumas das suas obras. Quando terminou a guerra franco
prussiana empreendeu, à sua custa, uma viagem de observação e
estudo, visitando os departamentos da França ainda ocupados pelos
alemães, e percorrendo também algumas cidades da Alemanha. Por
essa ocasião esteve na Bélgica, na Holanda, etc. Cláudio de Chaby
era sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa;
membro da Associação promotora das Belas Artes e pertencia a
outras corporações científicas e literárias nacionais e
estrangeiras.
Possuía as seguintes condecorações
Honorificas: grã-cruz, comendador e cavaleiro da Ordem de S. Bento
de Avis; comendador da de Cristo, por decreto de 2 de julho de 1860;
cavaleiro da Torre e Espada, e da de S. Tiago; as medalhas de cobre,
algarismo 2, das Campanhas da Liberdade, com a faculdade de usar,
legalmente autorizado, de outra de ouro com a legenda comemorativa,
que em 16 de maio de 1863 lhe foi oferecida pelos antigos voluntários
do Regimento da Rainha D. Maria II na cidade do Porto, quando em
comissão oficial aí se dirigiu para entregar à Câmara Municipal
a respectiva bandeira que pertencera ao dito regimento durante as
campanhas da luta dinástico-liberal. Possuía também as medalhas
do ouro de bons serviços e de comportamento exemplar. Era grã-cruz
da Ordem pontifícia de Pio IX, comendador da Coroa de Itália e da
de Isabel a Católica, de Espanha, oficial da Rosa, do
Brasil, e de Leopoldo, da Bélgica; cavaleiro da de Carlos III, de
Espanha; e da Coroa de Wandes de Mecklemburgo-Schwerin.
Bibliografia:
Uma tarde em Magadalum, lenda cristã,
tradução do espanhol, Lisboa, 1854; Mágoas e flores,
poesias por Cláudio de Chaby e João António de Sousa Júnior, Lisboa,
1855; Do Porto a Lisboa; fragmento d'uma viagem de Espanha a
Portugal, Lisboa, 1856; é versão do espanhol, acompanhada de
anotações do tradutor; Só Deus! Poemeto ao quadro original da
mesma denominação do Sr. Francisco Augusto Metrass, Lisboa,
1856; Almanaque militar, ou livro dos quarteis para 1858, Lisboa,
1857; Para 1859, 2.º ano, Lisboa, 1858; esta publicação
empreendida em serviço da classe militar, encerra grande número de
artigos curiosos, adequados e em relação com o assunto, e é
adornado de vinhetas e gravuras análogas; não sabemos se a publicação
continuou nos anos seguintes; Excertos históricos e colecção
de documentos relativos à guerra denominada da Península, e ás
anteriores de 1801, e do Roussillon e Catalunha, resultado da comissão
de investigações históricas cometida ao capitão de primeira
classe Cláudio de Chaby, etc., publicação ordenada pelo
governo, sendo ministro e secretário de Estado dos Negócios da Guerra,
o Ilmo. e Exmo. Sr. Visconde de Sá da Bandeira, Lisboa, 1863;
é uma edição nítida, adornada de vinhetas e retratos de gravura
em madeira, intercalados no texto, e mais cinco mapas e plantas
litografadas; a 1.ª parte compreende a guerra do Rossilhão e da
Catalunha, 1793 a 1795; a 2.ª refere-se à invasão espanhola em
1801; a 3.ª aos acontecimentos da Guerra Peninsular de 1807 a 1814,
e a 4.ª contém os documentos comprovativos indicados na 3.ª, e
algumas outras notícias; esta obra mereceu os maiores elogios de
toda a imprensa portuguesa e espanhola; Discurso pronunciado na
cidade do Porto, por ocasião da entrega da bandeira dos voluntários
da Rainha à Câmara Municipal da dita cidade, em 16 de maio de
1863; saiu impresso em vários jornais diários daquela época; Triste
consuelo, poesia em língua espanhola oferecida à viscondessa
da Luz por ocasião da morte de seu filho Fernando, e algumas linhas
em prosa portuguesa ao mesmo assunto, dedicadas ao visconde do mesmo
título, as quais se imprimiram em 1860; Apontamentos biográficos
de Sua Majestade Imperial o Sr. D. Pedro IV, duque de Bragança, Lisboa,
1864; com duas estampas fotográficas, das quais uma é o retrato de
D. Pedro, e a outra representa os retratos de vários generais e
oficiais superiores, que se distinguiram nas Campanhas da Liberdade,
e indica uniformes usados de 1832 a 1831 pelo imperador, e pelo exército
por ele comandado; foi um trabalho concluído à pressa e gratuito,
diz o seu autor, encomendado pelo ministro das Obras Públicas, para
servir de guia aos artistas estrangeiros, que entravam no concurso
para o monumento que se tratava de erigir a D. Pedro IV;
Apontamentos para a historia da Legião Portuguesa ao serviço de
Napoleão I, mandada sair de Portugal em 1808; narrativa do tenente Teotónio
Banha; edição ordenada pelo ministro e secretário de Estado dos
Negócios da Guerra, o Ilmo. e Exmo. Sr.
Visconde de Sá da Bandeira, e cometida ao capitão Cláudio de
Chaby,
Lisboa, 1863; com um retrato de Gomes Freire de Andrade, e uma
estampa colorida, que representa os uniformes da cavalaria e
infantaria dos legionários; acerca desta obra veja-se um extenso
artigo de João Carlos de Almeida Carvalho, publicado na Revolução
de Setembro de 19 de novembro de 1865; entre outros, o Jornal
de Lisboa e o Jornal do Porto, aludiram também com
frases congratulatórias a esta publicação, bem como a Iberia,
de Madrid; acerca do assunto da obra pode ver-se para conferência e
ilustração o Manuscrito achado entre os papéis do conde de
Subserra, Manuel Inácio Martins Pamplona, que também fez parte
da Legião Portuguesa, publicado em folhetins no Jornal do Comércio
de 5 de agosto de 1868; Sinopse
dos decretos remetidos
ao extinto
Conselho de Guerra, desde o estabelecimento deste tribunal em 11 de
dezembro de 1640, até à
sua extinção
decretada em o 1.º de julho de 1834, arquivados
no arquivo
geral do Ministério
da Guerra, e mandados recolher no real Arquivo
da Torre do Tombo em 22 de junho de 1865; trabalho oficialmente
elaborado sob a direcção do major de infantaria Cláudio
de Chaby, etc., Lisboa, 1869; contém os fac-similes das
assinaturas e rubricas do rei D. João IV, e de outras personagens
notáveis da época a que se refere este volume 1640 a 1656; contém
também algumas plantas de fortificações etc. Pertence-lhe
igualmente o Relatório do Ministério da Guerra apresentado
às cortes em 1864; grande parte do Boletim do mesmo ministério,
cuja publicação foi ordenada por decreto de 12 de setembro de
1879, e terminou no segundo semestre de 1860; um minucioso relatório
sobre as grandes manobras do exército italiano a que oficialmente
assistiu no outono de 1880; outro importante relatório acerca da
inspecção do cordão sanitário na fronteira da 4.ª divisão
militar por ele comandada em 1890; planos, consultas, etc., além de
artigos em jornais e traduções impressas no livro Armonias y
Cantares de D. Ventura Rodriguez Aguilera, Madrid, 1865. Também
traduziu e imitou alguns dramas e comédias, que se representaram
nos teatros de Lisboa.
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O General Cláudio
Chaby, cronista e arquivista
O Exército português em finais do Antigo Regime
Genealogia de
Cláudio de Chaby
Geneall.pt
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