|  |  |  | Quental (Antero
            Tarquino de).   n.      18 de abril
            de 1842.11
            de setembro de 1891.f.
   Bacharel formado
            em direito pela Universidade de Coimbra; publicista, homem político,
            filósofo e poeta. Nasceu em Ponta Delgada a 18 de abril de 1842,
            onde também faleceu a 11 de setembro de 1891. Era descendente duma
            das mais antigas famílias das ilhas dos Açores, sendo filho de
            Fernando do Quental.
             Depois de
            estudar as primeiras letras na sua terra natal, veio para Lisboa e
            cursou as aulas do estabelecimento de ensino fundado e dirigido por
            António Feliciano de Castilho. Em 1856 foi matricular-se em direito
            na Universidade de Coimbra, tomando o grau de bacharel em 1864.
            Desde 1860 que o jovem poeta se tornara conhecido no mundo literário,
            com a publicação em opúsculo anónimo, segundo Raimundo Capella,
            da poesia À historia, cujas estrofes são as que abrem a
            primeira edição das Odes modernas. Desde esse ano
            apareceram também várias poesias e artigos de prosa nos jornais Académico,
            Prelúdios literários, Estreia literária, Fósforo, publicados
            em Coimbra. Em 1861 saiu dos prelos da Imprensa Literária da mesma
            cidade, um folheto intitulado Sonetos de Antero. Em 1863
            publicou-se o poemeto Beatrice, e a poesia Fiat lux, que
            se tornou raríssima, por ter o seu autor inutilizado quase todos os
            exemplares, poucos dias depois de impressos. Mas em 1865 é que se
            publicou, também em Coimbra, o volume das Odes modernas, que
            marcou a Antero do Quental um lugar de destaque nas letras
            portuguesas. Deste livro se fez segunda edição no Porto em 1875,
            contendo varias composições inéditas. No Porto também saiu, em
            1871, o volume das Primaveras românticas, com o subtítulo
            de versos dos vinte anos. A série das suas publicações
            em prosa, encetou-a Antero do Quental em Coimbra, em 1865, com a sua
            Defesa da Carta encíclica de Sua Santidade Pio IX contra a
            chamada opinião liberal; este opúsculo tem esta dedicatória:
            “A todos os católicos sinceros e convictos. A todos os hereges
            sinceros e convictos. Testemunho de boa-fé.”
             Outro opúsculo,
            publicado no mesmo ano de 1865, é que provocou uma verdadeira
            tempestade literária, denominada A questão coimbrã. Intitulava-se
            Bom senso e bom gosto; carta ao ex.mo Sr. António
            Feliciano de Castilho; reimprimiu-se primeira e segunda vez,
            contando ao todo três edições. A virulenta e prolongada polémica
            literária que derivou daquele opúsculo, chegou ao extremo de
            redundar num duelo à espada entre Quental e Ramalho Ortigão, autor
            do opúsculo Literatura de hoje. O duelo efectuou-se no
            Porto, no sítio chamado da Arca de Água, ficando Ramalho Ortigão
            levemente ferido num pulso. Ainda em 1865 publicou Antero do Quental
            em Lisboa, um outro opúsculo A dignidade das letras e as
            literaturas oficiais, em que atenuou alguns dos exageros da sua
            apreciação no opúsculo que provocara a questão coimbrã.
            Volvidas depois as publicas atenções para os factos político-sociais,
            interveio Antero do Quental nos debates do momento com a publicação
            dos opúsculos de combate: Portugal perante a revolução de
            Espanha, considerações sobre o futuro da política portuguesa. O
            ponto de vista da democracia ibérica, em 1868; e O que é a
            Internacional; o socialismo contemporâneo, o programa da
            Internacional; a organização da Internacional; as conclusões, em
            1871, este sem o nome do autor.
             Entretanto,
            promoviam-se em Lisboa, no salão do Casino Lisbonense, as Conferencias
            democráticas, cujo programa tem a data de 16. de maio de 1871,
            e é assinado além de Antero do Quental, por Adolfo Coelho, Augusto
            Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queiroz, Germano Vieira de
            Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, J. P. Oliveira
            Martins, Manuel de Arriaga, Salomão Saragga e Teófilo Braga. As Conferencias
            democráticas foram inauguradas por Antero do Quental, que também
            fez a segunda conferência, a qual teve por tema as Causas da
            decadência dos povos peninsulares nos três últimos séculos. Este
            notável discurso foi publicado no Porto no mesmo ano de 1871; nele
            dá Antero do Quental como causas da decadência de Portugal a
            monarquia e o catolicismo. Proibidas as Conferencias democráticas
            por uma portaria do então presidente do conselho de ministros,
            o marquês de Ávila e Bolama, Antero do Quental publicou a sua Carta
            ao Ex.mo Sr. António José de Ávila, marquês de Ávila,
            presidente do conselho de ministros, que está escrita com veemência
            e enérgica indignação. 
             Afastando-se por
            essa época da vida pública, após uma viagem aos Estados Unidos,
            dedicou-se mais especialmente Antero do Quental às preocupações
            literárias entrando na nova polémica literária suscitada pela
            versão do Fausto, de Goethe, pelo visconde de Castilho,
            desta vez do lado deste e seus amigos e admiradores; dessa época é
            também o seu opúsculo Considerações sobre a filosofia da história
            literária portuguesa, em 1872, onde aprecia o livro de Oliveira
            Martins sobre Camões e os Lusíadas e a Teoria da história
            da literatura de Teófilo Braga. Em prosa há dispersos por
            jornais e revistas, muitos artigos dignos de leitura e meditação,
            como acerca de Lopes de Mendonça, nas colunas duma folha
            operária do Porto. Deve-se também mencionar os seus manifestos políticos,
            quando o Partido Socialista, em 1880, lhe indicou o nome aos
            eleitores como candidato a deputado por um círculo de Lisboa. Em
            1892, o livreiro Gomes, de Lisboa, editou o volume raios de
            extinta luz, poesias inéditas de Antero de Quental, com outras
            pela primeira vez coligidas, precedidas de um esboço biográfico
            por Teófilo Braga. Das suas obras poéticas, além da imitação
            dum soneto por Manuel del Palacio, traduções em espanhol por
            Frederico Balart, segundo comunicação de Sanchez Moguel, havendo a
            Illustracion Española y Americana apresentado já especímenes
            desta versão; de Manuel Curros Enriquez; e de Baldomero Escobar. Em
            francês, além de Fernando Leal, traduziram Antero do Quental o
            autor de Epines et roses, em Gouttes d'Ame, Paris;
            Achille Millien, em suas Fleurs de poesie, morceaux des poétes
            étrangers contemporains, traduits en vers; Maxime Formont no
            capitulo III da sua obra Le Mouvement poétique contemporain en
            Portugal, Lyon, 1892; e H. Faure. Em italiano, contam-se as versões
            de Marco Antonio Canini, Giuseppe Cellini, Domenico Milelli, E. Teza,
            G. Zuppone-Strani, com quem colaborou o autor das Fiori
            d'Oltralpe, onde, além da tradução de varias poesias insere
            igualmente a versão siciliana Zara, traduzida outrossim em
            dialecto corso por A. P. Fioravanti; esta poesia, bem como os
            sonetos A Virgem Santíssima e Quia aeternus, em
            italiano, foi traduzida outrossim por Prospero Peragallo e Clelia
            Bertily; desta versão se encontra uma reprodução no livro de António
            Padula, I nuovi poeti portoghesi, onde também se vê uma
            tradução Dos Cativos em prosa. Do epitáfio Zara, há
            também uma tradução em italiano por Francisco Accineili. A edição
            poliglota Zara (Lisboa, Imprensa Nacional, 1894) compreende
            traduções em latim, italiano, siciliano, calabrês, napolitano,
            bolonhês, romanhol, veneziano, veronês. milanês, genovês,
            romanche, francês, valão, bearnês, delfinês, provençal, e catalão,
            maiorquino, castelhano, asturiano, mirandês, galego, romeno,
            polaco, boémio, russo, esloveno, eslovaco, croata, grego, albanês,
            inglês, sueco, dinamarquês, norueguês, neerlandês, alemão; daco
            saxónico, bretão, irlandês, daco-cigano, hebraico, árabe,
            finlandês, húngaro e basco. A estas versões cumpre aditar as
            posteriores em russo, em eslavo de Montenegro e em arménio antigo e
            moderno. Das outras obras poéticas de Antero do Quental resta
            registrar as traduções em inglês pelo dr. Richard Garnett e por
            Edgar Prestage, benemérito das letras lusitanas. Em alemão outro
            benemérito de nossa literatura, Wilhelm Storck, publicou uma versão
            dos Sonetos de Quental. Em sueco os traduziu Goran Bjorkman,
            como em dinamarquês recentemente Karl Larsen, professor da
            Universidade de Copenhaga. Dos escritos em prosa de Antero do
            Quental há da Carta autobiográfica a Storck, versões em
            alemão e em inglês; e desde 1882 uma tradução espanhola do
            estudo crítico A poesia na actualidade, traslado devido a
            Ricardo Caruncho, e impresso em Corunha.
             O péssimo
            estado de saúde de Antero de Quental, a que debalde buscava remédio
            no conselho das sumidades da ciência médica, como Charcot em
            Paris, acabara por o obrigar ao retiro de um isolamento completo, em
            Vila do Conde, onde em 1890, quando se deu o Ultimato inglês,
            o entusiasmo da mocidade académica portuense o foi buscar,
            oferecendo-lhe a presidência da Liga Patriótica do Norte, agremiação
            oriunda dum comício popular. A Liga Patriótica do Norte, porém,
            fracassou; e na sequência dos sucessos, veio Antero de Quental a
            regressar à sua terra natal, onde inesperadamente o público culto
            foi alarmado pela surpresa da terrível notícia do suicídio do
            grande poeta. No ano de 1896 apareceu no Porto, editado por Mathieu
            Lugan, um volume In memoriam, de Antero de Quental,
            colaborado por alguns dos seus mais íntimos amigos pessoais,
            trazendo dois apêndices, um de Ernesto do Canto, outro a excelente
            bibliografia Anteriana, de Joaquim de Araújo.
             A este estudo se
            ligam os opúsculos seguintes: do mesmo Joaquim de Araújo, Bibliografia
            Anteriana, resposta a alguns reparos do sr. Delfim Gomes, Coimbra,
            1896, e Bibliografia Anteriana, resposta aos srs. Delfim Gomes e
            José Pereira Sampaio, Génova, 1897; de Delfim Gomes, Bibliografia
            Anteriana, notas ao ensaio do sr. Joaquim de Araújo Coimbra,
            1896; Biblioteca Anteriana, defesa de algumas notas impugnadas
            pelo sr. Joaquim de Araújo, Coimbra, 1896, e Bibliografia
            Anteriana, a propósito da «Resposta» do sr. Joaquim de Araújo
            aos srs. Delfim Gomes e José Pereira de Sampaio, por José de
            Azevedo e Meneses, Barcelos, 1897.  
                  
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