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Fausto de Queirós Guedes
Fausto de Queirós Guedes

Valmor (Fausto de Queirós Guedes, 2.º visconde de).

 

n.      janeiro de 1837.
f.       21 de dezembro de 1898.

 

Moço fidalgo com exercício no paço, par do reino, grã-cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, comendador da do Cristo, e da Rosa do Brasil, cavaleiro da de S. Maurício e S. Lázaro, de Itália, diplomata, etc. Nasceu em Lamego no mês de janeiro de 1837, faleceu em Paris a 21 de dezembro de 1898. Era filho de António Joaquim Guedes, comendador da Ordem de Cristo, e de sua mulher, D. Maria Leopoldina Pereira de Queirós; sobrinho do 1.° visconde de Valmor, de quem foi universal herdeiro (V. o artigo seguinte). 

Seguindo a carreira diplomática, foi primeiro secretário das embaixadas de Roma, Madrid e Rio de Janeiro, sendo nesta última que recebeu a notícia da morte de seu tio, regressando em seguida a Lisboa. Como adido á legação de Portugal no Rio de Janeiro, serviu naquela corte durante alguns anos, passando depois a servir na Secretaria dos Negócios Estrageiros. Voltou novamente ao Rio de Janeiro, na qualidade de segundo secretário de legação, servindo ali durante um longo período como encarregado de negócios de Portugal. Foi promovido a ministro plenipotenciário de 2.ª classe para Viena de Áustria, onde permaneceu durante alguns anos. Em 1879 foi nomeado ali ministro plenipotenciário, cargo de que foi exonerado, sendo substituído pelo conde de Valenças. Foi novamente ocupar o seu posto até 1897, em que teve a nomeação de ministro plenipotenciário de 1.ª classe junto da corte de Itália. Ali se conservou até novembro do mesmo ano, em que se retirou da vida ativa, por se sentir muito cansado e doente. 

Por decreto do 26 de janeiro de 1870 foi-lhe verificada a segunda vida, concedida no título de visconde a seu tio, José Isidoro Guedes, de quem fora herdeiro. Casou duas vezes: a primeira com D. Joaquina Cardoso, que faleceu a 5 de setembro de 1859, e a segunda, a 18 de novembro de 1871, com D. Josefina Clarisse de Oliveira, que enviuvara do segundo visconde de Loures, Ângelo Francisco Carneiro. O visconde de Valmor foi par do Reino e governador civil de Lisboa; pertencia ao partido progressista, a que era muito dedicado e a que prestou bons serviços. O seu nome veio impor-se à veneração o ao respeito dos portugueses, ainda mais pela proteção que principalmente concedeu à classe artística, decidida proteção como provou nas suas disposições testamentárias. Efetivamente, no seu testamento deixou dois legados importantes, que bem manifestam quanto ele se interessava pela arte e artistas portugueses; o primeiro instituído um prémio anual para o autor do edifício melhor construído conforme as regras da arte; o segundo; com respeito a cousas de arte, foi o de subsidiar artistas portugueses para irem estudar no estrangeiro. 

Por iniciativa dos professores e alunos da Academia de Belas Artes de Lisboa, foi erigido um monumento ao ilustre titular, cuja inauguração se realizou no dia 9 de janeiro de 1904, perante grande número de artistas, alunos da academia, representantes da imprensa, etc., no largo da biblioteca, revestindo a cerimónia pública da entrega do monumento à Câmara Municipal de Lisboa um tom festivo. Houve discursos em que oradores distintos enalteceram os serviços que o visconde de Valmor prestara às artes portuguesas, fazendo sobressair principalmente o valor do legado, que tantas vantagens trouxera à Arte Nacional. O busto estava coberto com a bandeira portuguesa, que foi descerrada com toda a solenidade. A cerimónia concluiu pela leitura do auto da entrega à câmara municipal. O simples e elegante pedestal foi traçado em mármore pelo professor de arquitetura Luís Monteiro, e o busto pelo escultor Teixeira Lopes. O cadáver do visconde de Valmor veio para Lisboa, onde chegou a 16 de janeiro de 1899 sendo encerrado num sumptuoso túmulo no cemitério do Alto de S João. 

O projeto deste monumento foi do arquiteto Álvaro Machado, que obteve a primeira classificação, no concurso aberto entre os arquitetos portugueses, pelo Grémio Artístico. O túmulo é uma preciosa obra de arte, todo de mármore lioz, vindo de Pero Pinheiro, sendo a porta que para ele dá entrada, toda de bronze. Defendendo o monumento há um gradeamento de ferro, distanciado pouco mais de um metro da pedra, sendo o solo, compreendido entre o ferro e o mármore, de mosaico escuro. Sobre a parte do mausoléu lê-se em letras de bronze o título do jazigo, ficando um pouco mais abaixo a coroa. As quatro estátuas, que assentam sobre uns pedestais grandes, são igualmente de mármore e de grande valor artístico. Do lado direito da entrada está a de Arquitetura, de Costa Mota; do lado esquerdo a Escultura, de Fernandes Sá: na retaguarda, do lado direito a Gravura, de Tomás Costa, e do lado esquerdo a Pintura, de Moreira Rato, sobrinho. Na parte posterior lê se em letras douradas: Artistas portugueses em homenagem ao visconde de Valmor, A viscondessa de Valmor.

 

 

 

Visconde de Valmor
Câmara Municipal de Lisboa

Fausto de Queirós Guedes, 2.º visconde de Valmor
Genealogy (Geni.com)

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, págs. 300-301.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2016 Manuel Amaral