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Vasconcelos (Carolina Wilhelma
Michaelis de).
n. 15
de março de 1851.
f. [ 22 de outubro de 1925
].
Ilustre escritora berlinense nascida
em 15 de março de 1851, filha do dr. Gustavo Michaelis, lente da
universidade, que se ocupava especialmente de problemas de
taquigrafia (sistema Stolze) ortografia e fonética, e de Henriette
Lobeck.
Frequentou dos 7 aos 16 anos a Escola
superior municipal do sexo feminino (Hohore Tochterschule), então
regida pelo eminente filólogo Eduardo Matzner. Guiada por Carlos
Goldbeck, o mais distinto professor desse instituto, estudou de 1865
em diante, como autodidata, línguas e literaturas românicas,
clássicas, eslavas, semíticas. Ainda então, as universidades não
estavam abertas ao sexo feminino. De 1872 em diante até sair da
pátria, serviu o Estado e a municipalidade como interprete oficial
ajuramentada em assuntos peninsulares, tanto civis como criminais e
políticos. Colaborou nas meIhores revistas românicas e nas
Enciclopédias de Brockhaus e Meyer, e esteve em correspondência
com os mais ilustres filólogos como Ascoli, Gaston Paris,
Schnchardt, Mussafia, sem exclusão do fundador e mestre dos estudos
das línguas românicas Frederico Diez.
Por ocasião da questão do Fausto,
D. Carolina Michaelis entrou em relações literárias com os srs.
dr. Teófilo Braga, dr. Adolfo Coelho e Joaquim de Vasconcelos.
Graças à Bibliografia crítica de história e literatura, o
comércio epistolar com este último escritor desenvolveu-se, e foi
essa a origem do seu casamento com D. Carolina Michaelis; que em
1876 veio residir para o Porto. Desde então, dedicou o melhor da
sua atividade à investigação da língua e literatura do folclore
e da civilização de Portugal, especialmente no seu período
arcaico. E tem-no feito com tal competência, com tanto escrúpulo,
com tanto amor às coisas da sua terra adotiva que, a todo aquele
que em Portugal se serve duma pena, o seu nome impõe-se com
respeito, com estima, com gratidão. É sócia honorária de varias
sociedades cientificas, como por exemplo da das línguas vivas de
Berlim (desde 1877) e do Instituto de Coimbra (desde 1900), sem
falar de outras de duração efémera. Em 1893 teve a honra de ser
nomeada doutora em filosofia pela universidade de Freiburg, ultima
residência do grande humanista Erasmo.
Em 1901, o governo português,
querendo premiar os trabalhos desta infatigável operaria das
letras, concedeu-lhe o oficialato da ordem de Santiago. Em 1911 foi
eleita socia da Academia das Ciências de Lisboa, e pouco depois
nomeada lente da Universidade de Coimbra.
As suas obras principais são as
seguintes: Erlauterumgen zu Herder's Cid, Leipzig, 1868; Romancero
del Cid, Leipzig, 1870; Tres flores del Teatro Antiguo
Español, Leipzig, 1876; Studien zur romanischen
Wortschopfung, Leipzig, 1876; Pratica de tres pastores,
Braunschweig, 1881; Versuchuber den Ritterromen Palmeirim de
Inglaterra, Halle, 1883; Studien zur hiipanischen Wortdentung,
Milão, 1885; Poesias de Francisco de Sá de Miranda, Halle,
1885; Der Portugiesische infinitiv, Erlaugen, 1891; Romanzenstudien,
Halle, 1890; Geschichte der portugiesischen Litteratur,
Strassburg, 1893; Fragmentos etimológicos, Porto, 1891; Randglossen
zum altportugiesischen Liederbuch, Halle, 15 fascículos, 1890 a
1905; Wilhelm Storck, Vida e Obras de Luís de Camões,
Lisboa, 1897; La Tragédia de Reina Isabel, Madrid, 1898; A
Infanta D. Maria e as suas damas, Porto, 1902; Pedro de
Andrade Caminha, Paris, 1901; O Cancioneiro da Ajuda,
1904, vol. I. Textos com resumos em alemão, notas e esquemas
métricos, um vol., 8.° gr.; vol. II. Investigações
bibliográficas, biográficas e histórico literárias, 8.°
gr.
No Ocidente, de 20 de junho de
1912, acha-se publicada uma minuciosa bibliografia da sr.ª D.
Carolina Michaelis de Vasconcelos, coligida pelo sr. Álvaro Neves.
Também no mesmo número está publicado o retrato da ilustre
senhora.
Carolina Wilhelma Michaëlis de Vasconcelos História da língua portuguesa
D.
Carolina Michaëlis de Vasconcelos Ocidente, n.º 1205 de
20 de junho de 1912
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