Granadeiro da Legião Portuguesa em 1811, por Horace Vernet |
LEGIÃO PORTUGUESA AO SERVIÇO DE NAPOLEÃO A CAMPANHA DA RÚSSIA (1812).
Já em Abril de 1811 Napoleão se ocupava activamente da
campanha da Rússia, organizara o exército da Alemanha em três corpos
de observação, o do Elba, o do Reno e o de Itália. Neles foram
colocados nove batalhões portugueses. Em 2 de Janeiro de 1812 publicava o Imperador o decreto de
organização do grande exército. Esse exército, com que ele devia
partir para a Rússia a domar Alexandre, compunha-se de
seiscentos mil homens, metade dos quais apenas eram franceses. Polacos,
saxões, austríacos, bávaros, prussianos e alemães de todos os
principados, portugueses, espanhóis, suíços, italianos, divididos em
quatro grandes corpos, os dois do Elba, o do Oceano, e o da Itália,
formavam, juntos aos franceses, esse exército. Berthier comandava o
estado-maior. Alguns generais eram reis, príncipes reinantes. Napoleão,
prosseguindo no seu sonho de ambição e de glória, dizia – Castigue-mos
o czar. A fatalidade cega a Rússia; cumpra-se a sua sina. Mas a
fatalidade cegava o grande Imperador, e o soberbo exército ficou em
Smolensk, nas margens do Moscova, e por todos esses longos e inóspitos
caminhos, cobertos de neve. O ministro da guerra, mandara em Março o
marquês de Alorna inspeccionar os regimentos portugueses e preveni-los
de que iam entrar em campanha. Alorna voltara de Portugal, em 1811, sentindo mais fundo o ódio
que sempre votara à influência inglesa no seu país. Afeiçoara-o a
Napoleão a residência em França e sonhara a aliança deste país para
Portugal., expulsos dele os orgulhosos insulares que lhe eram insuportáveis. Escrevia o marquês numa carta ao duque de Feltre em 27 de
Janeiro de 1812. «Diz-se que um decreto acaba de tirar-me o comando da Legião;
não o creio, mas não estou tranquilo depois de tal rumor. (...) Sinto
necessidade de procurar fazer a guerra, mas já me não é permitido
verter o meu sangue senão pelo Imperador; pois só do Imperador posso
esperar desforço dos ultrajes que os ingleses procuram fazer-me; pondo,
porém, de parte o que pessoalmente me diz respeito por esse lado, afeição,
raciocínio, e todos os sentimentos possíveis, me fizeram dedicar ao
maior homem do mundo, e outra ambição não tenho senão a de
merecer-lhe um olhar de aprovação ... ainda que isto haja de custar-me
a vida, rogo a V. Ex.ª queira ser meu intérprete junto de S. M.
Imperial e Real para que eu não perca a ocasião de provar-lhe o meu
zelo pelo seu serviço, a minha dedicação à sua pessoa sagrada e para
me provar a mim de que ainda não existe decrepitude no meu coração e
na minha cabeça.» À margem desta carta o ministro escreveu: «Fazer hoje um
projecto de decreto em que o marquês de Alorna seja nomeado general de
divisão.» O marquês recebia esta nomeação em 21 de Março de 1812 e
partia com um inspector a desempenhar o encargo de preparar a Legião
para entrar, na campanha da Rússia. Todos os quatro regimentos que
estavam completos marcharam a incorporar-se, o primeiro, de infantaria,
comandado pelo coronel Pego, na primeira divisão do primeiro corpo de
exército comandado por Ney, o segundo, comandado, primeiro por Baltazar
Ferreira, e depois por Cândido José Xavier, na terceira divisão do
mesmo corpo; e o terceiro, comandado por Manuel de Castro Pereira de
Mesquita, na primeira divisão do segundo corpo comandado por Oudinot. O
regimento de cavalaria, completo em homens, tinha muita falta de
cavalos, e o coronel partiu com cento e cinquenta oficiais e soldados
que estavam montados, indo o chefe de esquadrão João de Melo para o
Hanover com duzentos e cinquenta homens afim de receber cavalos e ir
depois juntar-se ao regimento. Os dois esquadrões foram reunir-se à nova guarda Imperial,
comandada por Mortier, que os deixou em Krasnoe alguns dias,
encarregados de proteger comboios que passavam. D. José Benedito de
Castro tinha ficado em Epinal esperando cavalos para os outros dois
esquadrões, que apenas estiveram montados partiram para a Rússia,
chegando a Moscovo poucos dias depois do exército. O marquês de Alorna acompanhou a cavalaria até Mogúncia e
ali recebeu a nomeação de governador de Mohiloff. Pamplona, que em 22
de Março fora nomeado para o governo da praça de Maiença, partiu em
Maio para a Rússia no segundo corpo da divisão Legrand, e foi depois
nomeado governador de Polotsk, onde teve ocasião de se distinguir.
Gomes Freire recebeu também em Maio ordem de partir para o grande exército.
Governou o distrito de Dsjisma na Lituânia, de Julho a Outubro de 1812,
sendo no fim deste mês chamado a Moscovo. Encontrou o exército em
Smolensk retrogradando com ele até Koenigsberg. Carcome Lobo ficara em
Franca. O marechal Ney, que logo no começo da campanha reclamava
para o nosso segundo regimento a honra de possuir companhias de elite,
deu sempre grande consideração aos dois regimentos portugueses que
tinha no corpo do seu comando, e empregou-os em todas as ocasiões, que
havia glória a ganhar com risco de vidas. Na tomada de Smolensk
encontraram-se os nossos pela primeira vez com os russos. O primeiro
batalhão do segundo regimento, comandado pelo major Bernardino António
Moniz, foi a primeira força do exército francês que passou o Dnieper,
atravessando-o a nado para proteger a operação do lançamento da ponte
de barcos em que devia passar todo o exército. Muito molestado pelo
fogo das tropas e dos camponeses russos que defendiam o arrabalde da praça,
atacou este à baioneta, e tendo recebido ordem de deitar-lhe fogo,
executou-a arrojadamente, lutando com a resistência dos russos que
defendiam passo a passo as ruas fazendo fogo das janelas. Tomado o
arrabalde, foi Moniz com os seus homens ocupar posição junto do rio,
no lugar onde se lançou a primeira ponte, indo depois reunir-se-lhe o
comandante do regimento com o outro batalhão. O exército francês atravessou o Dnieper de noite, e de manhã
começou o ataque da praça, que foi tomada em quarenta e oito horas,
brilhante acção em que os nossos regimentos se distinguiram. O
primeiro regimento formava a testa da coluna da primeira divisão do
terceiro corpo e perdeu na tomada de Smolensk vários oficiais e muitos
soldados; o segundo, que na véspera perdera muita gente na tomada do
arrabalde, também não foi poupado no dia seguinte. O terceiro corpo formara a vanguarda de todo o exército
desde Krasnoe e continuou a marcha na frente até Borodino; dois dias
depois de ter saído de Smolensk, no planalto de Valontina, encontrou
numerosas forças russas com quem teve de sustentar combate por espaço
de oito horas, apesar dos russos terem a vantagem do número e da posição,
até que chegando uma divisão do corpo de Davout, os russos foram
obrigados a retirar. Sofreram nesta ocasião franceses e portugueses
grandes perdas. Em consequência disto ordenou Napoleão que todos os
regimentos de quatro batalhões ficassem provisoriamente reduzidos a
dois e desde então o segundo regimento passou para a primeira divisão
a unir-se ao primeiro; ficando ambos comandados pelo coronel Pego. Assim
entraram os dois regimentos reunidos na batalha de Borodino, indo à
frente do corpo de Ney atacar à baioneta um reduto dos russos que fazia
o centro das suas linhas. Perderam aqui os nossos mais de quinhentos
soldados entre mortos e feridos. Ficaram mortos no campo o valente chefe
de batalhão do segundo, Moniz, e o chefe de batalhão do primeiro, António
Pego, filho do coronel; o chefe de batalhão Caldeira, mortalmente
ferido, acabou no hospital dois dias depois. Cândido José Xavier foi
novamente ferido em Borodino. Neste campo de batalha nas margens do Moscovo ficaram
prostrados setenta mil homens e entre eles vinte e sete generais
franceses. Conta Teotónio Banha que, na volta de Moscovo, o encontrou
coberto duma legião medonha de corvos que podiam contar-se por centenas
de milhares. Ney recebeu o título de príncipe da Moscova, mas Napoleão
já perdera a grande parte, do seu brilhante exército. Os nossos
regimentos ficaram tão reduzidos que não puderam mais ser empregados;
a retirada devia acabar a sua destruição. Na revista passada por Napoleão às tropas foi o coronel
Pego nomeado general de brigada, Baltazar Ferreira Sarmento foi também
então promovido. Foi distribuída a muitos portugueses a Legião de Honra e
alguns, que já a possuíam, receberam o grau de oficial. Ney, que
estimava muito os nossos influíra para que eles recebessem grande número
de recompensas. A estima de Ney pelos portugueses, que vira baterem-se
ao lado dos ingleses, ou, isolados, em valentes corpos de milícias
defendendo o solo pátrio, e que agora via ao seu lado baterem-se pela
glória da França, manifestou-se mais duma vez. Na marcha de Smolensk
para Borodino, Napoleão, passando junto do corpo do duque de Elchingen,
reparou em que os portugueses marchavam na frente da coluna, lugar que não
era costume ser ocupado por estrangeiros e fez a esse respeito uma
observação ao marechal que lhe respondeu. Sim, Senhor, são os
portugueses os nossos guias e os que os seguirem não se desviarão
nunca do caminho da honra. Em 23 de Maio dirige Ney a seguinte carta, datada de Thorn,
ao príncipe de Neuchâtel: «Senhor, o segundo. regimento
português é comandado pelo chefe de batalhão Sarmento. Este oficial
é cheio de firmeza e de instrução, a ordem e a disciplina que ele
mantém no seu regimento são dignos de maiores elogios; mas não é
coronel e é necessário que o chefe dum corpo ocupe o posto de que está
encarregado de desempenhar as funções. Rogo pois a V. Alteza Sereníssima,
ou de fazer nomear coronel o chefe de batalhão Sarmento, o que seria um
acto de justiça, ou de enviar um outro oficial com esta graduação
para comandar o regimento. Marechal – Duque de Elchingen.» O terceiro regimento acompanhou todos os movimentos do corpo
de Oudinot, mas o marechal não tinha confiança nele porque sabia das
inteligências que o comandante tinha com os russos para quem queria
passar-se não o conseguindo logo pela vigilância dos franceses;
realizou porém, mais tarde a deserção, pedindo aos russos auxílio
para voltar a Portugal.
«Do Niemen a Moscovo duzentas e
cinquenta e sete léguas, diz Garcez, isto é sem contar aquelas das
diferentes marchas para a direita e esquerda da estrada, ora para ir
buscar víveres, ora para executar reconhecimentos, e para escolher
bivaque a grande distância da estrada, a qual estava exausta de tudo,
de modo que se podem juntar, sem faltar à verdade cem léguas a esta
grande marcha.» Entraram no dia 14 de Outubro em Moscovo, a cidade santa dos
Czares, a cidade das torres e das cúpulas douradas; acamparam na povoação
abandonada; onde ainda encontraram subsistências para algum tempo e
bastantes riquezas para saciar o instinto de pilhagem. A nossa cavalaria
bivacou, à chegada, nos arrabaldes, e começou então o seu serviço.
Uma diligência de quinze homens comandados por um oficial, António José
de Figueredo, e mandada daí a duas léguas a proteger do incêndio um
palácio, foi aprisionada e teve de seguir o exército russo até
Tolotsk. Com o tempo escassearam as forragens e tinham de ir procurá-las
a grandes distâncias, serviço arriscadíssimo neste estranho país em
que as hordas selvagens de cossacos apareciam e desapareciam como
fantasmas. No dia 18 de Outubro um renovo de hostilidades pôs o exército
em marcha. O marechal Mortier devia ficar em Moscovo com dezoito mil
homens para guarnecer o Kremlim. Ficara a guarda nova, quatro esquadrões
de lanceiros, toda a cavalaria apeada, e os restos dos regimentos mais
dizimados nos anteriores combates, e nestes estavam incluídos o que
havia de sobreviventes das gloriosas fileiras portuguesas do coronel
Pego. Loulé foi mandado com o seu regimento para uma légua de
distância, o que o obrigou a montar um rigorosíssimo serviço de
segurança. Incumbia-lhe a missão de rondar a cidade, o que se fazia
por fortes patrulhas de quarenta cavalos, estas andaram por várias
vezes a braços com os cossacos, que, aparecendo de súbito, não davam
quartel a ninguém. No dia 22 mandou o Imperador a Mortier ordem de abandonar
Moscovo, o que devia fazer-se por alta noite deixando as muralhas
desmanteladas e o Kremlim em chamas. Na retirada, a marchas forçadas, a cavalaria formava a testa
da coluna e teve vários encontros com os cossacos. Em Vereia encontrou Mortier o Imperador, descansou por um dia
e partiu no encalço do exército. Nesta marcha precipitada ia
encontrando os vestígios de recentes combates, e bivacando em campos
semeados de mortos. A 3 de Novembro em Visma teve a cavalaria de
sustentar na retaguarda uma escaramuça renhida. Retirava-se sobre Smolensk, onde esperavam arranjar quartéis
de Inverno. Os víveres escasseavam, já não havia forragens. Os homens
comiam sementes de linho e a carne dos cavalos que caíam estafados; os
cavalos lambiam a palha dos tectos das choupanas os raquíticos rebentos
de erva, e as folhas das árvores. Banha conta que em Mojuik comera
apenas raízes de couve cozidas sem tempero algum. O frio dos Invernos
gelados da Rússia era cada vez mais cruel. Na noite de 8 para 9 uma
rigorosa nortada fez baixar a temperatura a vinte e sete graus abaixo de
zero. Descrever as cenas de desordem, de pilhagem, de selvajaria, e de
horror dessa retirada trágica é quase impossível, a cada passo em
todos os que dela faltam, se encontram episódios espantosos. O corpo de
Mortier vinha sobre Smolensk e o duque de Treviso elogia a boa
fraternidade dos portugueses nestas circunstâncias horríveis,
unindo-se, auxiliando-se quanto podiam e tornando-se por isso notados no
meio da anarquia que desordenava as tropas. Já perto de Smolensk num
combate contra uma partida de cossacos, que atacara as bagagens e ambulâncias,
foi morto com uma lançada o alferes de cavalaria Gama que recebera a
Legião de Honra em Wagram. O frio gangrenava-lhes os membros, as armas queimavam-lhes as
mãos, e tinham de quebrar a espadeiradas e coronhadas o gelo para
encontrarem uma pouca de água. Teotónio Banha conta que a 10 de
Novembro, enquanto no bivaque esperava que lhe arranjassem a cama de
mato, veio-lhe um cheiro de trapos e carne queimada, e, voltando-se,
deparam com um soldado caído, tendo uma perna no lume. Quando o chamava
viu-o exalar o último suspiro. «Tão repetidas cenas diariamente
observadas pela estrada e as noites passadas nos bivaques iam minando o
coração do homem ainda o mais estóico.» Garcez fala de homens que
para chegarem mais depressa às fogueiras empurravam para dentro delas
os seus camaradas. Chegados a Smolensk receberam o consolo de duas rações de pão,
outro tanto arroz e um quartilho de aguardente, mas souberam logo que em
vez de ficar aquartelados seguiriam a marcha rio dia 14. Urgia alcançar Orcha e fazer frente aos russos que os ameaçavam. Em Smolensk encontraram os restos dos nossos regimentos o
general Gomes Freire que recebera a honra de ser mandado incorporar ao
estado-maior do Imperador, e estava acompanhado pelos seus ajudantes
Asseca e Auffdiener. As forças de Mortier chegaram a 16 a Krasnoe e nesse mesmo
dia foi ordenado à nossa cavalaria de ir formar a duas léguas de distância
da cidade, na estrada já percorrida, e foi necessária toda a energia
do marquês de Loulé para alcançar dos seus homens, exaustos de
fadiga, o cumprimento desta ordem. Eram a este tempo uns duzentos
cavalos. Os russos procuravam tornear Krasnoe e cortar a retirada aos
franceses; o Imperador teve de seguir na marcha, inquieto pela sorte de
Ney e de Davout. O duque de Treviso sustentava-lhe a ala direita e na
manhã de 17 caiu sobre a nossa cavalaria e dois esquadrões polacos que
lhe estavam reunidos, uma avalanche de cossacos que o marquês de Loulé
carregou impetuosamente fazendo-os com rapidez fugir. O bravo regimento de Pego, que contava
apenas já cento e cinquenta homens, atacou de flanco os cossacos que
debandaram atordoados. Nos combates do dia 17 perdeu a nossa infantaria
ainda um oficial e quarenta soldados e a cavalaria um oficial e doze
soldados, incluindo o cadete Palha. Lê-se nas memórias de Banha: «Foi nomeado o cadete Palha;
segui-o com a vista, vejo-o galhardamente chegar ao pé do marechal, e
fazer-lhe a continência. Retiram-se os cossacos para os flancos das
suas extensas linhas e o fogo da artilharia anuncia o começo da acção
que foi muito renhida e sanguinolenta. Ao meio-dia soube que o cadete
Palha já não existia, vítima duma bala de artilharia que lhe havia
despedaçado o crânio.» Às duas horas da tarde soube-se que o corpo de Davout
chegara a Krasnoe, mas corria o aterrador boato de que Ney fora feito
prisioneiro com todo o seu exército. No dia 18 as forças de Mortier deixaram Krasnoe com destino
a Dubrowna, cidade que ainda não havia sofrido devastações, e onde as
tropas encontraram bastantes víveres; mas tiveram de pagá-los a peso
de ouro aos judeus, que souberam aproveitar esta esplêndida ocasião de
negócio. Segundo conta Garcez, os oficiais de cavalaria comeram nesse
dia papas de milho, carne de cavalo e aguardente, o que lhes pareceu uni
magnífico banquete, servido ao abrigo duma casa e ao calor duma boa
fogueira. A 19 marcharam para Orcha, onde se encontrava já Napoleão,
que nesta cidade tinha achado excelente material de guerra e trinta e
seis peças de artilharia, que lhe foram de muita utilidade. No dia 20
os postos avançados deram sinal da presença do inimigo e dentro em
pouco uma notícia fez percorrer violento frémito de emoção por todo
o exército, os soldados gritavam Ney! Ney! Era efectivamente Ney que se
aproximava perseguido pelos russos. Eugénio e Mortier prepararam-se
para correr em seu socorro, e em breve o quinto e terceiro corpos, sob o
comando do enteado do Imperador, partiam ao encontro de Ney. Cem cavalos
do regimento português e a nossa infantaria partiram também, contentes
de terem ocasião de mostrar a sua gratidão ao grande marechal, que tão
bem soubera apreciá-los quando fora seu chefe. O duque de Elchingen,
agora príncipe de Moscova, entrou em Orcha depois de ter passado terríveis
lances, saudado pelo entusiasmo das tropas. Chegava porém ao exército uma notícia assustadora, Os
russos procuravam cortar-lhe a retirada nas margens do Berezina, o rio
caudaloso cuja passagem teriam de tentar sob o peso do inimigo. Temos acompanhado a Legião Portuguesa durante toda esta
extraordinária campanha e numa carta enviada de Mayença em Fevereiro
de 1813 por Cândido José Xavier ao ministro da guerra, encontramos
ainda a discrição dum episódio sangrento em que o segundo regimento
de infantaria figura. «Senhor, tenho a honra de dar
parte a V. Ex.ª que tendo partido de Moscovo a 19 de Setembro com o
segundo regimento português que comando, encarregado da condução de
mil e duzentos prisioneiros de guerra para Smolensk, quando o exército
começava a sua retirada, recebi no caminho ordem de forçar a marcha e
fui obrigado a deixar para trás, com escolta; as bagagens do regimento
que me seguiam. Essas bagagens, arrastadas pelos maus cavalos do país,
não puderam alcançar-me e tiveram de juntar-se ao comboio de bagagens
do terceiro corpo de exército. No dia 8 de Novembro; na passagem do
Boristene, a três dias de marcha antes de Smolensk, atacaram os
cossacos o grande comboio e tudo quanto pertencia às equipagens do
regimento foi tomado ou lançado ao rio; a caixa e, por conseguinte
todos os papéis de contabilidade, juntos se perderam. O oficial
pagador, que se tinha escapado, foi preso, em WiIna. Dos capitães três
ficaram no campo da batalha, quatro foram feitos prisioneiros, e outros
quatro ficaram, exaustos de fadiga, pelo caminho, no corpo apenas resta
um. Dos primeiros-sargentos cinco ficaram feridos nos hospitais, um foi
morto, e dois feridos, que tentavam acompanhar o regimento, não puderam
suportar as fadigas da retirada; de quatro que tinham sido feitos
prisioneiros, um conseguiu fugir e voltar ao corpo. Deste modo nada
existe para a contabilidade das companhias do ano de 1812. «O regimento teve nesta campanha
doze oficiais mortos ou no campo de batalha, ou em consequência das
feridas, dezanove feridos, dezoito aprisionados pelo inimigo e doze que
não tendo já força para marchar ficaram pelos caminhos da retirada. Rogo a V. Ex.ª etc. O major Comandante do segundo regimento
Português. C. Xavier.» A marcha do exército francês continuava a fazer-se nas
duras condições anteriores. A 26 acampou numa eminência à vista do
Berezina. A miséria do exército era enorme, Teotónio Banha diz-nos: «invejava-se a fortuna do homem
que comia a carne de cavalo, a quem pediam um bocado “há dois dias
respondia ele que nada tinha comido” e se o infeliz não estava
rodeado dos seus camaradas agrediam-no privando-o da sua propriedade; se
pretendia resistir era ferido ou morto (...) . O amigo negava a outro um
golo de aguardente e o menor socorro que dele carecia; os homens, ainda
os mais generosos e de fina educação, e de grande bonomia de alma,
tornavam-se egoístas e cruéis!» O que muito me magoava a existência,
era ver o grande numero de mulheres, entre elas muitas de rara beleza,
perdidas de seus maridos ou a amantes, divagarem pelos acampamentos
pedindo, desfeitas em lágrimas, um pedaço de carne de cavalo que as
restituísse à vida prestes a finar-se. Eram estas infelizes tratadas
cone a maior brutalidade.»
A 28, ainda um grande número de forças tinha de atravessar
o Berezina. Uma parte do exército russo corria a atacar os franceses na
margem esquerda e outra parte aproximava-se dos que já tinham passado
para a margem direita. Às nove horas da manhã abateram as pontes
destinadas à cavalaria e artilharia, que em tropel se precipitaram
sobre a outra ponte que a desgraçada infantaria atravessava. Foi horrível
este episódio de atroz egoísmo e na passagem da ponte perdeu-se tanta
gente como numa batalha. Os russos, da margem direita atiravam sobre a
ponte bombas incendiárias aumentando a confusão, e os da margem
esquerda avançavam em grande massa. Para salvar o grosso do exército foi então necessária uma
resolução enérgica, mas cruel. Ao acabar de passar a divisão Girard,
que formava a retaguarda das forcas organizadas, os franceses lançaram,
fogo à ponte e os desgraçados que ficaram na margem esquerda ou foram
mortos pelos cossacos ou arrebanhados e conduzidos cativos para a Sibéria.
Neste número entrou o valente coronel Pego, que só regressou a França
em 1814. Seu genro José Joaquim de Sousa, a quem o general de divisão
Ledru des Essarts, passando-lhe atestado de ter feito a campanha da Rússia
no regimento de elite diz que nela se portara - «com honra e distinção,
depois de ferido em Moscovo, ficou prisioneiro no último combate de
Krasnoe. Também ficou prisioneiro na retirada o tenente de infantaria
Carlos Damasceno Rosado. O terceiro regimento português, que acompanhava Oudinot,
tinha entrado na batalha que o 2.º corpo dera às forças do general
russo Wittgenstein, em Agosto; acompanhou-o na retirada para Polotzk
onde estava como governador Pamplona, que à frente dum regimento de suíços
protegeu a entrada do segundo e do sexto corpos na cidade, repelindo os
russos, que chegaram a apertá-los nas ruas. Na passagem do Dwina,
depois de fazer passar a artilharia e as bagagens fez cortar as pontes sob o fogo do
inimigo; a ponte foi pelo rio abaixo, levando Pamplona e o resto das torças
que não tinha ainda passado. Nas acções em que entrou, o terceiro
regimento teve um oficial morto e dois prisioneiros, e perdeu duzentos
soldados entre prisioneiros, mortos e feridos; desertaram alguns durante
a estada em Polotzk. Como lá dissemos, Oudinot não tinha, e com razão,
grande confiança no comandante do terceiro, motivo porque conservava
este regimento na reserva. encarregado da guarda do grande parque de
artilharia, na margem esquerda do Dwina. Estava ainda o terceiro
regimento nas vizinhanças de Polotzk quando Napoleão chegou a esta
cidade com o seu exército a 20 de Novembro; o regimento conservava
setecentas e setenta praças, mas tendo perdido bagagens e mantimentos
na passagem do Berezina, pereceu de miséria na retirada. No dia 30 de
Novembro já não pôde juntar dezoito homens no bivaque do seu
comandante. O exército francês conseguindo livrar-se dos russos que
tentaram envolve-lo, continuou a sua marcha para Zambim semeando as
estradas de cadáveres O corpo de Mortier, que marchava logo em seguida
à guarda imperial, foi dos primeiros que encontrou alojamento. Muito
contentes por obter papas de milho e poderem dormir descansados em medas
de palha numa herdade, ficaram os nossos soldados, e tão espantosa
impressão lhes havia deixado a travessia fatal do Berezina, que, quando
dois amigos se encontravam, abraçavam-se
chorando, felizes, na sua miséria, por não pertencerem ao número
dos que tinham ficado nas margens do gelado rio, nem terem sido
arrastados, sorte mais negra ainda, para a escravidão horrível da Sibéria. Marchavam pela estrada de Kamen, quando, quebrando-se o gelo
dum riacho que atravessavam, dez soldados de cavalaria Portuguesa caíram
à água sendo a custo salvos um soldado e um sargento, apesar dos esforços
feitos pelos camaradas para os salvar a todos. A perseguição dos cossacos incomodava-os na marcha, em
recontros com esses bárbaros ainda morreram alguns dos nossos e entre
eles o quartel-mestre Durão. Em Molodstchino, diz Teotónio Banha: «Encontrei-me com o general Gomes
Freire pelo braço do tenente Ribeiro, do primeiro regimento do
brigadeiro Pego, com os cavalos à rédea. Apenas o general me
conheceu disse-me que o não desamparasse nesta ocasião; pus-me a pé e
dei-Ihe o braço; julguei-o muito doente, quase com os sintomas já
referidos, que o indicavam não longe da morte. Apenas entrados na vila
houve o contentamento de vermos que os habitantes a não tinham ainda
abandonado, e concebendo então a esperança de restituir a vida a um
homem a quem era tão obrigado, entrámos para uma casa de boa
perspectiva, onde nos receberam sem repugnância. Pedi à dona da casa
que nos mandasse ferver uma pouca de água, ria qual deitei depois umas
pedras de açúcar de que me havia feito presente D. José Clemont,
fazendo assim uma bebida que dei ao general e que muito o consolou e
aqueceu. Pouco depois entrou o dono da casa que me pareceu ser bom
judeu, dispondo-o muito a nosso favor pela entrega de quarenta e oito
francos, pedindo-lhe que comprasse uma galinha, carne, pão e forragens
para quatro cavalos, dizendo-lhe que o mais que gastasse seria
satisfeito; tudo comprou menos a carne que só às dez do dia seguinte pôde
obter. Não eram passadas duas horas quando o general estava tomando um
bom caldo de galinha, deitado em boa cama. Os mais comeram arroz
temperado com manteiga e bom pão, bebendo aguardente, tudo com abundância,
resultando passarmos uma excelente noite. Os cavalos também gozaram
igual fortuna por terem feno, cevada, e palha, e por se deitarem.» Gomes Freire melhorou e em Jouprononi todos os oficiais
portugueses o foram. com prazer visitar. Em Molodestchino, conta Garcez que, no bivaque da noite de 2
de Dezembro o visconde de Asseca propusera a vários oficiais
passarem-se para o exército russo, afim de alcançarem voltar mais
depressa para Portugal. O receio de serem vítimas da brutalidade
selvagem dos cossacos, fizera com que a maior parte hesitasse, e só o
visconde de Asseca e o capitão Manuel Bernardo se resolveram a partir.
Nas Recordações da Revolução, do Império, e da Restauração
do conde de Rochechouard, emigrado francês, que em 1811 militava no exército
russo, sendo ajudante de campo do imperador Alexandre, lê-se o
seguinte: «Em Oschimiana fui encontrar
muitos factos que completarão a pintura dos horríveis sofrimentos
suportados pelo mais belo e valente exército do mundo. Entrei num
Kartehma, botequim de judeu, à procura duma peliça de perle de
canteiro para o meu criado, e vi lá dois homens duma magreza
incompreensível, tendo por único vestuário umas ceroulas, um velho
colete, sem camisa; por calçado umas meias esfarrapadas e na cabeça
uma meia de seda preta, cujo pé caía negligentemente para as costas.
Estes dois homens falavam português e à minha entrada disse um deles:
“Eis um oficial, imploremo-lo.” Então aproximei-me e disse-lhes
também em português. – “Que desejais, senhores”. Pareceram
admirados de ouvir um oficial russo falar a sua língua. – “Se sois
cristão, em nome de todos os santos vinde em nosso socorro. Chamo-me o
visconde de Asseca, e pertenço à casa de Sousa, o meu camarada e eu
fazemos parte do corpo comandado pelo marquês de Alorna, reunido ao exército
francês. Um bando de cossacos surpreendendo-nos anteontem neste
botequim, onde procurávamos aquecer-nos, roubou-nos os nossos uniformes
e as nossas botas; não comemos nem bebemos já há vinte e quatro
horas. O patife do judeu diz que nada possui nem para ele mesmo.» Em quanto nos despiam os cossacos,
consegui esconder no fogão uma bolsa bem guarnecida, que nos permitiria
viver se pudéssemos sair deste maldito albergue. Toda a nossa esperança
está em vós, a quem como oficial e como cristão imploramos.
Salvai-nos!” Respondi-lhe que faria o possível. Era difícil, mas ia tentá-lo,
lembrando-me do bom acolhimento que tinha recebido em Portugal em 1801 e
1802. O indispensável eram duas peliças
para os dois oficiais, depois subiriam alternadamente para o meu trenó.
Chamando o judeu, tirei da minha bolsa um bilhete de cem rublos, e
disse-lhe: “aqui tens, para três Shoubi.” A peliça, usada pelos
camponeses russos clama-se Shouba, no plural, Shoubi. – “Ainda que
me désseis o triplo não poderia arranjar-vos uma só». -«Ah! é
isso, exclamei agarrando-o pelas barbas, tu vais dar-me já a que tens
às costas e juro-te que se não encontrares as outras, ficarás sem um
pelo na barba.” E como eu começasse a puxar-lhas tão vigorosamente
que ele soltava uivos, a família acudiu trazendo três peliças, sendo
duas de mulher, que estavam escondidas no celeiro. Dei uma a cada um dos
portugueses, e a terceira ao meu criado que esperava a conclusão do negócio.
Uma peliça nova vale dez rublos dando cem rublos por três peliças
velhas fiz esquecer os meus processos de cossaco ao judeu, que me
testemunhou o seu reconhecimento oferecendo a cada um de nós um copo de
aguardente, mas pedindo-nos que guardássemos o segredo dele a possuir
para lha não roubarem. Levei comigo os dois oficiais portugueses a quem
o meu criado deu um par de botas, tomadas no Berezina, e que serviam àquele
que tinha de andar a pé. Chegando a WiIna deixei-os, pois o dinheiro
que possuíam lhes permitia livrarem-se de embaraços. Não pensava já
neste episódio quando, passados dois meses, encontrando-me em S.
Petersburgo, o visconde de Asseca se apresentou em minha casa. Tive dificuldade em reconhecer no
elegante e belo mancebo que via, o miserável farroupilha que tinha
acolhido. Cobriu-me de bênçãos e agradecimentos. Contou-me que em
WiIna um general russo, seu conhecido, lhe tinha feito dar autorização
para ir a S. Petersburgo esperar a sua libertação como prisioneiro de
guerra. Encontrei-o em Paris em 1816; tinha-se estabelecido no Brasil,
ministro do interior, um personagem importante.» Da narrativa do conde de Rochechouard depreende-se que se o
visconde de Asseca realmente pensara em desertar, teve pejo de
apresentar-se ao emigrado francês como desertor. Foi em Molodestchino que Napoleão se separou do exército,
adiantando a sua marcha para Paris, onde o chamavam acontecimentos políticos
de importância; mas se a presença do Imperador não bastava para
conter os actos de brutalidade das tropas desmoralizadas pelo excesso de
sofrimentos, com a sua retirada agravara-se ainda o mal e o que depois
se passou foi indescritível. Pouco antes de chegar a Wilna adoeceu gravemente o marquês
de Loulé, e valeu-lhe a dedicação dum seu criado polaco que lhe
arranjou um trenó onde pudesse continuar a marcha, e no qual o marquês
deu lugar ao cirurgião-mor Fernando Rufino também doente. Passaram na
capital da Lituânia o dia 9 de Dezembro e Mortier deu ordem para que
recomeçasse a marcha a 10; a pouca distância da cidade encontraram os
portugueses o general Pamplona, o major Castro e o chefe de batalhão do
terceiro de infantaria, Blanc, que pouco depois devia ficar prisioneiro
em Kowno, onde morreu, era sempre grande a alegria quando aos nossos se
deparava o encontro de camaradas; este sentimento de fraternidade,
amparando-os, livrava-os de caírem nos maiores excessos. A doze
chegava-se a Kowno onde muitos soldados morreram vítimas do excesso da
aguardente e a catorze passava-se o Niemen. Andrajosos, ébrios, imundos, sem obedecer a nenhuma ordem, a
nenhuma disciplina, roubando, destruindo, esvaziando todas as bebidas
alcoólicas que encontravam, soldados, e até oficiais, chegaram em
deplorável estado às fronteiras da Polónia. Aqueles a quem a miséria
não alterara ainda os nobres sentimentos humanos esforçavam-se por dar
alguns remédios a estes males. «Que triste e melancólico aspecto
oferecia a multidão de homens, quase todos desarmados, cobertos de
rotas e queimadas vestes, com os pés envolvidos em trapos e de tal modo
feridos que só a custo e apoiados marchavam, com as barbas e bigodes
carregados de neve, enegrecidos pelo fumo dos bivaques, pareciam mais
espectros que homens. Estavam em país amigo, mas a perseguição dos russos
continuava e Ney, defendendo a retaguarda admirável sempre nas
retiradas, guardava o passo ao inimigo o em Kowno enquanto o
estado-maior entrava em Koenisberg. As poucas praças que se encontravam reunidas da nossa
cavalaria seguiram os seus oficiais, e os pobres restos da infantaria,
tendo deixado além do Berezina o seu bravo comandante, seguiam também
após eles. A 19 recebeu o capitão Garcez ordem de Mortier para ir
juntar uns destacamentos de cavalaria portuguesa que haviam ficado em
Koenigsberg, e fazer alguns reconhecimentos nas estradas. Num desses,
avistando as avançadas russas, foi participá-lo ao quartel-general, de
Murat, onde encontrou o marquês de Loulé, que havia chegado com os
restos do seu regimento. Em Koenigsberg sofreu a Legião Portuguesa um doloroso golpe.
Adoeceu aqui o marquês de Alorna tão gravemente que, apear dos esforços
de todos para se conseguirem as suas melhoras, sucumbiu a 2 de Janeiro
de 1813. Gomes Freire, convalescente ainda, assistiu aos últimos
momentos do seu companheiro de armas. Realizado o funeral do marquês, partiram para Brademburgo,
depois, em Ebling, viram ainda morrer D. José de Noronha (Tancos)
alegre rapaz, cuja fraca compleição sucumbiu à rudeza do clima apesar
de nunca ter saído assim como o marquês de Alorna, seu tio, de
Mohiloff. Seguindo pela estrada da Alemanha os restos da Legião
encontraram em Dantzig de novo o marquês de Loulé. Garcez adoeceu aqui
gravemente e aos cuidados do seu coronel e atenções delicadas dum
banqueiro, em cuja casa se hospedava, deveu o restabelecimento. Os prussianos, embora inimigos, acolheram generosamente o exército
francês com todas as atenções. Tão digno de piedade era o estado dessas tropas. Em Berlim, onde entraram a 25 de Janeiro, demoraram-se até 5
de Fevereiro por pedido de Gomes Freire que queria celebrar o seu
aniversário natalício na companhia dos seus camaradas. O marquês de
Loulé foi atacado de reumatismo agudo que o impossibilitava quase de
andar, ainda assim reunia-se a 5 de Fevereiro em Brunswick aos restos da
cavalaria portuguesa. Em Francforte participa Gomes Freire a Banha que
fora nomeado alferes, ficando este louco de alegria, porque o general, a
quem ele idolatra, o toma às suas ordens.
|
Fonte: Ribeiro Artur, A ver também:
| |
|
| Página
Principal |
| A Imagem da Semana | O
Discurso do Mês | Almanaque | Turismo
histórico | Estudo da história |
| Agenda | Directório
| Pontos de vista | Perguntas
mais frequentes | Histórias pessoais
| Biografias |
| Novidades | O
Liberalismo | As Invasões Francesas | Portugal
Barroco | Portugal na Grande Guerra |
| A Guerra de África | Temas
de História de Portugal | A
Grande Fome na Irlanda | As
Cruzadas |
| A Segunda Guerra Mundial
| Think Small - Pense pequeno ! | Teoria
Política |
© Manuel Amaral 2000-2015