|
|
|
Artilharia
(Museu de).
A
origem dos museus de artilharia não está bem averiguada. As
armarias
e
arsenais portugueses (V. Almazem e Armadura) foram
totalmente desbaratados antes que com os seus ricos despojos se
pudessem constituir coleções dignas de um museu. Foi o general barão
de Monte Pedral quem, em 1842, começou a organizar em Lisboa, na
repartição do edifício do Campo de Santa Clara, um museu (V. Arsenal
do Exército). Este museu está dividido em cinco secções:
Armas antigas; armas portáteis da idade média e modernas;
artilharia; modelos e artigos diversos. Na 1.ª compreendem-se as
armas da idade da pedra, armas da idade do bronze, armas gregas,
armas romanas e armas merovíngias. A 2.ª secção subdivide-se em
armas defensivas e ofensivas, compreendendo as primeiras armaduras e
couraças, capacetes, escudos; e as segundas: espadas, floretes,
alabardas, armas de arremesso, armas de fogo portáteis. A 3.ª seção
foi separada em duas subdivisões, compreendendo uma as
bocas-de-fogo de origem portuguesa, e a outra as de origem
estrangeira. Esta secção, de todas a mais notável pelos
exemplares raros que possui e cuja história recorda os nossos mais
gloriosos feitos militares, está dividida em períodos, desde 1370
até hoje.
Período
de 1370 a
1495, Trons ou bombardas grossas: São as bocas-de-fogo mais antigas e
pertencem ao fim do século XIV; existem vários exemplares vindos
das antigas praças de guerra de Marvão e Elvas. Bombarda
grossa: Pertence ao século XV, veio da Índia e é conhecida
pela designação de Peça de Malaca; foi tomada em
1511 por Afonso de Albuquerque ao rei de Malaca, tendo sido pouco
tempo antes oferecida a este pelo rei de Calecute.
Período
de 1495 a 1580, reinado de D.
Manuel. - Canhões pedreiros: Bocas-de-fogo atirando
balas de pedra. Colubrinas: Bocas-de-fogo atirando balas de
ferro. Falconete: Boca-de-fogo atirando bala de ferro
fundido. Na bolada tem as armas reais portuguesas e uma esfera
armilar. Esta boca-de-fogo, conhecida pelo nome de berço, foi
encontrada na baía de Angra do Heroísmo. Reinado de D.
João IlI.- Canhão: Boca-de-fogo de 43 libras de calibre. Na
bolada tem dois arganéus e junto à boca uma facha ornamentada,
tendo ao centro a palavra Ave. No primeiro reforço tem uma
esfera armilar, as armas reais portuguesas ladeadas por anjos e a
inscrição: Ano D. 1550 se fes esta peça. Reinado de D.
Sebastião.- Basilisco: Boca-de-fogo conhecida geralmente pelo
nome de peça de Diu. (V. este
nome).
Período
de 1580 a 1640. Reinado dos Filipes.- Colubrina: Boca-de-fogo tendo
no primeiro reforço as armas reais portuguesas e por baixo a
seguinte inscrição: Da cidade de
Goa. fez en O. a. de
1623. Esta peça foi fundida na Índia.
Período
de 1640 a 1750. Reinado de D. João IV - Peças: Bocas-de-fogo
de diferentes calibres, têm todas as armas reais portuguesas; o
cascavel termina em botão ou mais geralmente é chato com asa de
golfinho. Reinado de D. Afonso VI.- Peças, morteiros e
obuses. Pedreiros: Bocas-de-fogo
destinadas para serviço de bordo. Pertencem ao ano de 1670. Reinado
de D. Pedro II - Peça: Boca-de-fogo de 16 libras de
calibre muito ornamentada, contêm as armas reais portuguesas, e por
baixo um escudete com o seguinte: Dom
P.o Princepe de Portugal.
O cascavel é
chato com asa de golfinho.
Período de 1750
a 1855. Morteiro: Boca-de-fogo de 27 c. de calibre. Na bolada tem duas asas faceadas, e entre
elas acham-se gravadas as coroas do Brasil e de Portugal. Na culatra
tem a era de 1833.
Período
de 1855 a
1889. Reinados de D. Pedro V
e de D. Luís I. Neste período construíram-se peças de campanha de 8 c. e 12 c. de
calibre; peças de montanha de 8 c. de calibre; obus de campanha de
12 c. de calibre. Na subdivisão desta secção, que compreende as
bocas-de-fogo de origem estrangeira, encontram-se três bombardas,
que foram tiradas do Tejo pela dragagem durante as obras do porto de
Lisboa; pertencem ao fim do século XIV e supõe-se que tivessem
vindo na armada inglesa destinada à defesa de Lisboa.
No período de 1895 até à actualidade tem o museu de artilharia obtido
novas coleções principalmente de artilharia, coleções hoje muito
notáveis por representarem todas as épocas de fundição da
artilharia portuguesa. O pelouro de granito negro, um
dos que foram arremessados pelos mouros contra a fortaleza de Ormuz
em 1552, e que D. Álvaro de Noronha mandou para o reino (V.
Odivelas). Existem
ainda três obuses de campanha de 16 c. e 17 c. de calibre, e uma peça
de campanha de 8 c. de calibre; esta boca de fogo tem na bolada uma
fita com o seguinte: Liberté égalité, e na facha da culatra Aoust 1793 Thury a Paris. Estas quatro
bocas-de-fogo foram tomadas pelo exército português ao francês na
batalha de Vitória ferida em 21 de junho de 1813. Há mais uma
preciosa coleção de bandeiras pertencentes a regimentos
portugueses que tomaram parte em diferentes batalhas, algumas balas
de chumbo e de ferro encontradas na serra do Buçaco entre Santo António
do Cântaro e a povoação de Pendurada, isto é, no ponto onde mais
acesa se travou a batalha de 21 de setembro de 1810; o capacete de
D. João I, o que D. João II usou na batalha de Toro e mais a sua
espada; o espadim do príncipe D. Teodósio, filho do rei D. João
IV; as peças tomadas aos espanhóis em 1640, destacando-se também
a estátua do duque da Terceira. Na sala D. João V, vão ainda
figurar dois quadros: um de Artur Melo, representando o desembarque
do conde do Rio Grande; outro de Luciano Freire, representando o
combate de Matapão. Para a sala Afonso de Albuquerque, também estão
encomendados: um da tomada de Malaca, e outro da tomada da ilha de Socotorá.
Muitos outros artigos há deveras notáveis pela sua antiguidade e
inestimável valor. No Museu de Artilharia ainda se andam preparando
novos melhoramentos, devidos à atividade do seu diretor, o senhor
general Castelo Branco. As novas salas das Colónias e Pimentel
Pinto, que não estão completas, devem também ficar curiosíssimas.
Na das Colónias vão figurar mapas com assuntos de várias
batalhas, destacando-se ao fundo um quadro de Carlos Reis sobre a
batalha de Coolela. Ao centro elevar-se-á um busto de Camões. A
sala Pimentel Pinto tem já muito adiantadas as decorações, que são
imitando mármore. Vão ali figurar quadros de Columbano sobre
motivos dos Lusíadas de Camões.
Adenda:
É
actualmente o Museu Militar de Lisboa
Página
do Museu Militar de Lisboa
Exército português
|
|
|
|
|