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O 2.º conde da Ericeira
O 2.º conde da Ericeira

 

Ericeira (D. Fernando de Meneses 2.º conde da).

 

n.       27 de novembro de 1614.
f.        22 de junho de 1699.

Comendador das comendas de S. Pedro de Elvas e de Santa Cristina de Serzedelo, na Ordem de Cristo, 5.º senhor do Louriçal, etc.

Nasceu em Lisboa a 27 de novembro de 1614, e faleceu a 22 de junho de 1699. Era filho de D. Henrique de Meneses, 5.º senhor do Louriçal, e de D. Margarida de Lima, filha de João Gonçalves de Ataíde 4.º conde de Atouguia, e de D. Maria de Castro.

Aprendeu os preceitos da língua latina com frei Francisco de Santo Agostinho de Macedo, e as disciplinas matemáticas com os padres jesuítas Inácio Staford e Cristóvão Barro. Foi muito versado em geometria, geografia e arquitectura militar. Dedicando-se depois à carreira das armas, passou a Madrid, e obtendo licença do rei de Espanha e Portugal para militar em Itália, partiu com Francisco de Melo, conde de Assumar e governador de Milão, e apenas chegou a esta cidade, relacionou-se com os alunos da célebre palestra de Bellona e Minerva, Paulo Espínola, João de Caray Osório, Carlos Colona e Lelio Brancacio. Assistiu ás batalhas de Alexandria de Ia Palha e Valença, praças situadas junto do rio Pó, como também a diversos combates contra os franceses, em que sempre se distinguiu, como um bravo guerreiro.

Regressando à pátria, depois da aclamação de D. João IV, retirou-se para o Louriçal; ali o mandaram chamar o conde de Atouguia e João Rodrigues de Sá, camareiro-mor, para reconhecer o duque de Bragança, D. João, como rei de Portugal e seu soberano. D. João IV, reconhecendo o seu elevado valor militar, o encarregou de fortificar os portos marítimos contra a invasão dos. castelhanos, cuja missão prontamente executou, aumentando com maior número de artilharia o castelo de Outão de Setúbal, e levantando alguns fortes em Aveiro, Buarcos, Peniche e outros lugares marítimos. Nas batalhas de Montijo, Valverde e Barcarrota tornou-se distinto, e livrou a cidade de Évora do cerco que lhe tinha posto o general castelhano marquês de Legañez. Sendo governador da praça de Peniche, impediu o desembarque da armada inglesa naquele porto.

Em 1656 foi nomeado governador e capitão general de Tânger, para onde partiu em 17 de fevereiro, sendo recebido naquela praça com multiplicadas descargas de artilharia pelo seu antecessor D. Rodrigo de Lencastre. Neste governo houve-se com a sua reconhecida bravura, fazendo destemida guerra aos mouros, durante mais de cinco anos, obrigando 2vinte e cinco mil homens a levantarem o cerco daquela praça, deixando no campo grande quantidade de mortos. D. Fernando era o 2.º conde da Ericeira, por ter nele renunciado o título seu segundo tio, D. Diogo de Meneses (V. o artigo anterior).

Foi conselheiro de guerra, gentil-homem da câmara do infante D. Pedro, depois D. Pedro II, deputado da Junta dos Três Estados, vereador do Senado de Lisboa, regedor da Casa da Suplicação, e por fim conselheiro de Estado, rejeitando o governo do reino do Algarve e a vedoria da Fazenda, lugares que lhe foram oferecidos. Casou com D. Leonor Filipa de Noronha, dama da rainha D. Luísa de Gusmão, filha de Fernão de Saldanha, capitão-general da ilha da Madeira e comendador de S. Martinho de Santarém, e de D. Joana de Noronha, sua mulher.

Escreveu:

Vida e acções de el-rei D. João I, oferecida à memoria póstuma do Sereníssimo Príncipe D. Teodósio, Lisboa, 1677; Historia de Tânger, que compreende as noticias desde a sua primeira conquista até à sua última ruina, Lisboa, 1732; saiu póstuma, por diligência do editor Miguel Lopes Ferreira; Novena da Encarnação e exercícios espirituais para os devotos que a tomarem, Lisboa, 1682, sem o nome do autor; Historiarum Lusitanorum ab anno MDCXL ad MDCLVII, Lisboa, 1737, dois tomos; traz o seu retrato gravado a buril. Deixou outras obras de menos importância, em prosa e em verso, e muitos volumes manuscritos, que nunca se publicaram.

 

 

 

 

Genealogia do 2.º conde da Ericeira
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume III, págs. 1
60-161

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral