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D.
José I.
n.
6 de junho de 1714.
f. 24 de fevereiro de 1777.
O Reformador, 25.º rei de Portugal.
Nasceu em Lisboa a 6 de junho de 1714,
faleceu em Ajuda a 24 de fevereiro
de 1777.
Era filho de el-rei D. João V, a de sua mulher, a
rainha D. Maria Ana de Áustria.
Tinha apenas catorze anos de idade quando foi contratado o seu
casamento com a princesa espanhola D. Mariana Vitória, filha
de Filipe V e da rainha D. Isabel Farnésio, celebrando-se a
cerimónia nupcial a 19 de janeiro de 1729. Por morte de seu
pai, subiu ao trono, sendo aclamado a 7 de setembro de 1750.
Reconhecendo o elevado valor de Sebastião José de Carvalho e
Melo, pela forma como se houvera em Londres e em Viena de Áustria,
quando ali estivera como embaixador durante o reinado de seu
pai, D. José chamou-o para seu lado como primeiro ministro,
entregando lhe com a máxima confiança a administração do
reino. Esta deferência de el-rei acarretou as maiores
inimizades da nobreza e da Companhia de Jesus contra o novo
ministro, inimizades que já anteriormente se haviam
manifestado.
O futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal,
apenas entrou no exercício do seu elevado cargo, tratou de
fazer conhecer aos reis da Europa que Portugal tornara a ser
uma potência. No dia 1.º de novembro de 1755, cinco anos
depois da aclamação do novo monarca, deu-se a lamentável
catástrofe do grande terramoto, que deixou Lisboa num montão
de ruínas. Pode dizer-se que foi desde então que principiou
o grande poder de Sebastião José de Carvalho. A extraordinária
actividade com que procedeu a prontas e acertadas providências
em tão dolorosa situação, atendendo às mais pequenas
circunstâncias, resolvendo as inúmeras dificuldades que a
cada momento surgiam, castigando severamente os malfeitores
que se aproveitavam de tão grande desgraça para violações
e roubos, ainda mais redobrou a confiança no monarca.
Na
verdade o marquês de Pombal muito conseguiu com a sua
administração enérgica, a despeito dos seus inimigos, a
nobreza e a poderosa Companhia de Jesus, que por meio das
maiores intrigas procuravam por todas as maneiras perde-lo no
conceito de el-rei, desejando que ele o demitisse a
desterrasse do reino, mas Sebastião José de Carvalho saía
sempre vitorioso de todas essas intrigas prosseguindo na
honrosa missão a que se propusera de levantar o país do
abatimento em que estava, entregue à preponderante influência
dos jesuítas, tornando-o consideravelmente próspero,
animando as indústrias e as artes, e impondo-o ao respeito
das outras nações, que o olhavam desdenhosamente,
considerando-o uma nação pequena e de nenhuma importância.
O reinado do rei D. José foi um reinado glorioso, graças
aos esforços, à iniciativa enérgica, e à notável persistência
de Sebastião José de Carvalho na administração de que se
encarregara. A disciplina militar que tanto decaíra nos
precedentes reinados, foi restabelecida. Foi o general inglês
conde de Lippe, quem o ministro mandou chamar para reorganizar
o exército a regulamentar a disciplina. A cidade de Lisboa,
saindo do caos em que o terramoto a tinha deixado, foi em
pouco tempo reedificada, formando uma cidade soberba.
Criaram-se as companhias das Vinhas do Alto Douro a do Grão-Pará
e Maranhão; protegeu-se muito a agricultura, a fábrica das
sedas em Lisboa, as de lanifícios da Covilhã, Fundão a
Portalegre; a fábrica de vidros da Marinha Grande; regulou-se
a polícia interna e aumentaram-se os rendimentos do Estado,
reformou-se a Universidade de Coimbra que reabriu com a máxima
solenidade depois da reforma, em 28 de outubro de 1772, cujo
ensino estava entregue aos jesuítas desde o tempo do fanático
D João III; animaram-se as artes, restabeleceram-se novas
manufacturas. Os produtos do Brasil também foram aumentados;
deu-se a liberdade aos índios, regulou-se e reformou-se a
administração desperdiçadora daquela nossa colónia riquíssima;
acabou-se com a diferença entre cristãos novos e cristãos
velhos; enquanto à instrução popular também o poderoso
ministro atendeu com o máximo cuidado, criando escolas em
todas as vilas do reino. Criou-se também o Real Colégio
dos Nobres. Foram restituídos os bens da Coroa usurpados;
fundou a Aula do Comércio, formulou novos regulamentos de comércio,
estabelecendo feiras que se tornaram florescentes; protegeu
muito o comércio, obrigando as casas inglesas do país a
terem só empregados portugueses; limitou o poder, restringiu
o da Inquisição; atendeu cuidadosamente aos negócios da Índia,
suprimiu por inúteis os tribunais de Goa; tratou-se da paz
com o rei de Marrocos para tornar livre a navegação da África.
Fundou-se a Impressão Régia, hoje Imprensa Nacional.
A
nobreza que possuía ainda um grande número de privilégios,
cada vez se mostrava mais hostil ao ministro omnipotente, que
não poupava a ocasião de lhos restringir. D. José de
Mascarenhas, que herdara a casa e o título dos duques de
Aveiro, pretendia que para ele passassem as comendas
administradas pelos antigos duques. D. José não lho
consentira, por instigação do seu ministro o que despertou
no orgulhoso fidalgo um ódio implacável contra o monarca. Os
jesuítas aproveitaram este ensejo para se vingarem do
ministro, instigando o duque, era ideia de que, se o rei
morresse, o ministro perderia necessariamente o grande prestígio
que o acompanhava, porque a confiança ilimitada de D. José
era a base do seu grande poder. Morto o rei, se o ministro
sobrevivesse, ficaria completamente inutilizado. Planeou-se a
célebre conspiração, para que foram chamados os Távoras, a
qual se realizou em 13 de setembro de 1758, e que teve o terrível
desenlace dos suplícios horrorosos que os acusados sofreram
na praça de Belém a 13 de janeiro de 1759. Foi um terrível
exemplo para a nobreza, que se convenceu da impossibilidade da
luta com aquele poderoso inimigo. Sebastião José de Carvalho
e Melo, já então conde de Oeiras, que não desanimara da
empresa de livrar o pais da nefasta Companhia de Jesus,
activou mais as negociações diplomáticas que já tinha
encetado com a corte de Roma Foi uma luta gigantesca, porque a
Companhia de Jesus era um colosso que dificilmente poderia ser
derrubado.
Os embaixadores estrangeiros haviam-se tornado
hostis, o papa hesitava, mas Sebastião José de Carvalho
prosseguindo implacável no seu plano, repetindo as queixas
contra os jesuítas tanto em Portugal, como no Brasil, prendeu
uns poucos de padres, mandou cercar de tropas os colégios e
casas da ordem e sequestrou-lhes os bens. Ao mesmo tempo
mandava pedir licença ao papa para mandar processar os jesuítas
acusados de cúmplices do atentado contra o rei. Depois de
muitas dificuldades o papa concedeu a licença, rogando porém,
ao rei D. José, que não permitisse que os padres fossem
expulsos dos seus domínios. Este pedido, contudo, não
impediu que os jesuítas saíssem de Portugal, pelo decreto de
3 de setembro de 1759, saindo na noite desse dia uma grande
porção dos padres a bordo do brigue S. Nicolau, que os levou
para a Itália. Resultaram deste facto sérias pendências com
a cúria romana, e mostrando-se o núncio muito frio e até
insolente foi obrigado pelo enérgico ministro sair de
Portugal sem mais hesitação.
Em 1775, por gratidão a el-rei
D. José I, erigiu-se a grande estátua equestre, que se
ostenta na praça do Comercio, antigo Terreiro do Paço, nome
porque é ainda mais vulgarmente conhecido. O ministro
destinava aquele monumento para o remate da sua grandiosa obra
da reconstrução de Lisboa. Na estátua figura o medalhão do
marquês de Pombal; foi construída pelo escultor português
Joaquim Machado de Castro e fundida em bronze pelo
tenente-coronel de artilharia Bartolomeu da Costa. A inauguração
realizou-se com grande pompa no dia 6 de junho do referido ano
de 1775, dia em que D. José completava sessenta e um anos de idade. D.
José também exilou para as matas do Buçaco seus irmãos
bastardos D. António e D. José, conhecidos pelos meninos de
Palhavã.
Era muito amigo das grandezas, assim como seu pai
o rei D. João V, e mandou construir no paço da Ribeira um
riquíssimo e vastíssimo teatro, denominado a Ópera do Tejo,
que ficou substituindo um teatro pequeno que se havia armado
na chamada Casa da Índia. Inaugurou-se com extraordinária
pompa no aniversário da rainha, em 31 de março de 1755, com
a ópera de David Peres, Alessandro nelle Indie, e em 6 de
junho, aniversário do rei, cantou-se La Clemenza di Tito, de
António Mazzoni. O Seminário Patriarcal teve uns estatutos
especiais, que D. José referendou, com a data de 23 de agosto
de 1765. Na Biblioteca Nacional de Lisboa, dizem existir um
exemplar manuscrito destes estatutos, que se não imprimiram o
qual tem a rubrica de D. José, feita pelo seu próprio punho.
No artigo referente ao marquês de Pombal se tratará mais
minuciosamente de muitas das obras que tanto engrandeceram o
reinado de D. José I. Por morte do monarca, subiu ao trono
sua filha D. Maria I, e o grande ministro foi desterrado para
as suas propriedades de Pombal.
Biografia e genealogia de D. José I Portal da História
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