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Valença
(D.
Francisco [de Paula] de Portugal e Castro, 8.º conde de Vimioso e
2.º marquês de).
n. 25
de janeiro de 1679.
f. 10 de setembro de 1749.
Senhor
da casa de Basto, donatário da capitania de Machico, ilha da
Madeira; comendador das comendas de S. Miguel de Chorense e de S.
Tiago de Androens, e S. Martinho de Sande, no arcebispado de Braga,
S. Miguel de Souto, no bispado do Porto, S. Nicolau de Saleas no de
Miranda, todas na Ordem de Cristo, e das comendas de Almodovar e
Garvão no Campo de Ourique na Ordem de S. Tiago da Espada;
governador do forte de Alcântara, padroeiro do convento de S. José
de Ribamar, e de outros; do conselho do rei, mordomo-mor da rainha
D. Maria Ana de Áustria, mulher de D. João V, nomeado a 30 de maio
de 1749, académico da Academia Real de História Portuguesa, etc..
Nasceu
a 25 de janeiro de 1679, faleceu a 10 de setembro de 1749.
Era
filho do 7.º conde de Vimioso, D. Miguel de Portugal, e de sua
mulher D. Maria Margarida de Castro e Albuquerque. Sendo ainda muito
criança, faleceu seu pai, e foi educado até aos onze anos por sua
tia, a condessa D. Maria Margarida de Castro e Albuquerque. Logo que
principiou a receber as primeiras instruções da língua latina e
de letras humanas, fez notáveis progressos, dando provas de grande
inteligência e de admirável talento. De todas as artes, a que mais
se dedicou, como a mais própria de cavalheiro e de fidalgo, foi o
manejo de cavalos, em cujo exercício adquiriu o maior desembaraço
e elegância no montar. Ao contínuo estudo a que se entregou
durante muitos anos, deveu o vastíssimo conhecimento da filologia,
deleitando-se o seu génio com a lição dos poetas e dos
historiadores antigos. As suas produções literárias foram sempre
muito apreciadas. Na Academia Real
de História, de que era sócio, teve o encargo de censor, e não
havia assunto festivo ou fúnebre, moral ou político, civil ou
militar, que não fosse profundamente escrito pela sua pena sempre
fecunda em conceitos finos, razões concludentes e agudas sentenças.
Era muito generoso, o que também o tornava muito considerado e
respeitado. Despendeu 16 mil cruzados, quando por ordem de D. Pedro
II alistou soldados no termo de Torres Vedras e de Alenquer; 17 mil
cruzados, sendo provedor da mesa da Misericórdia; 3 mil cruzados
para remédios dos presos e outras somas importantes para o culto
religioso.
D.
João V agraciou-o com o título de marquês de Valença, por carta
de 10 de março de 1716, por ser descendente do antigo marquês
desse título, honrando-o também com as honras de parente,
dando-lhe o tratamento de sobrinho. Casou em 21 de setembro de 1699
com D. Francisca Rosa de Meneses, filha de Manuel Teles da Silva, 1.º
marquês de Alegrete, e de sua mulher, D. Luísa Amaro Coutinho.
No
dia 7 de setembro de 1749, estando no palácio real assistindo às
festas do aniversário da rainha, foi acometido dum ataque apoplético,
falecendo três dias depois. Foi sepultado no convento de S. José
de Ribamar. Pertencia também à Academia dos Ocultos. Fez o seu Elogio
fúnebre o Padre Francisco José Freire, mais conhecido por Cândido
Lusitano, que se imprimiu no mesmo ano de 1749, o qual trás no
fim o catálogo das obras do marquês, tanto impressas como
manuscritas. No vol. 11 da Biblioteca Lusitana, da Barbosa
Machado também se encontram mencionadas.
O
marquês de Valença foi um dos fidalgos mais ilustrados do seu
tempo, bom conhecedor de diferentes idiomas e orador de fácil elocução.
D. João V estimava-o muito e bem lhe mostrou essa estima, quando no
ano de 1726, tendo ardido completamente o palácio do marquês, se
apressou a oferecer-lhe para sua habitação um dos próprios palácios
reais. Foi um dos académicos mais activos e prestimosos da Academia
Real de História, sendo incansável na recitação de práticas,
orações gratulatórias e outros discursos cortesãos e muitos
elogios a vários sábios e discursos filosóficos sobre diversos
assuntos metafísicos, tais como o de se provar que se deve aplicar
a palavra herói, não só aos que são insignes na guerra,
mas também aos que se distinguem pela ciência. São muito
apreciados e mais dignos de consulta os seus elogios fúnebres de
Belchior Rego de Andrade, conde de Tarouca, do marquês de Alegrete,
de D. Álvaro Abranches. O marquês de Valença também se aplicou
ao género de crítica literária, escrevendo um discurso apologético
em defesa do teatro espanhol e uma cítrica do Cid de
Corneille. Responderam-lhe e ele replicou. Era geralmente respeitado
pelos nossos filólogos-críticos como um dos que mais se
aproximavam dos antigos clássicos enquanto à pureza de linguagem e
gravidade no estilo. D. Tomás Caetano do Bem diz dele por palavras
formais: "Falou com notável elegância e propriedade a nossa língua,
bebendo nas obras do incomparável Vieira o estilo e a pureza de
idioma que se acha dos seus discursos".
Discurso de D. Francisco
de Portugal, 2.º Marquês de Valença O Portal da História
Genealogia
de D. Francisco de Paula de Portugal e Castro, 2º marquês de Valença
Geneall.pt
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