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Wiederhold
(Augusto Ernesto Luís, barão de).
n. 7
de julho de 1799.
f. 1 de junho de 1869.
General
de brigada, do conselho do rei, comendador das ordens da Torre e
Espada, de Avis e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa,
cavaleiro da de S. Tiago, e condecorado com a medalha n.º 5 das
campanhas da Liberdade; comendador da ordem de Carlos III, de
Espanha, etc.
Nasceu
em Lisboa a 7 de julho de 1799, onde também faleceu a 1 de junho de
1869. Era filho do general Bernardino Guilherme Held, barão do
mesmo título, (V. o artigo seguinte)
e de sua mulher D. Henriqueta Sofia.
Seguindo
a carreira das armas, como seu pai, assentou praça a 13 de maio de
1815 no Regimento de Infantaria n.º 4. completou o curso da
Academia de Marinha, da qual já tinha anteriormente estudado os
dois primeiros anos, e depois, sendo já cadete, passou em 1816 para
a Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho, onde frequentou
os dois primeiros anos, sendo entretanto despachado alferes de
infantaria e nomeado deputado assistente ao quartel mestre general
do exercito em agosto de 1817, e transferido para o seu antigo
regimento em 17 do fevereiro de 1820. Promovido a tenente para o
mesmo corpo em junho de 1821, interrompeu os estudos, porque
pertencendo ao 2.º batalhão, que foi um dos escolhidos para ir
auxiliar o general Madeira na Baía, embarcou para a América 14 de
janeiro do ano imediato. Recolhendo a Lisboa em 16 de julho,
seguinte, partiu de novo em fevereiro de 1823 para a Baía, onde
serviu de assistente da repartirão do quartel-mestre general da
divisão, durante o cerco daquela cidade, desde 7 de abril até 2 de
julho em que as tropas portuguesas abandonaram o Brasil.
Por
ocasião do movimento da Abrilada em 1824, o barão de Wiederhold
foi mandado pelo infante D. Miguel preso para o castelo de S. Jorge
e aí se conservou até que recolhendo-se D. João VI a bordo da nau
inglesa Windsor Castle, mandou pôr em liberdade este e
outros oficiais, que na noite de 30 de abril e no dia imediato
daquele ano haviam sido encarcerados. Em 1826 esteve alguns meses
comissionado no Colégio Militar, e entrando depois em operações
com o batalhão de infantaria n.º 4 contra as forças absolutistas,
serviu de assistente do chefe do estado maior da divisão do conde
de Vila Flor desde 20 de dezembro desse ano até 23 de agosto
seguinte, em que a divisão foi dissolvida. Em outubro matriculou-se
no curso de física e química, que então funcionava na Casa da
Moeda, mas sendo as aulas mandadas fechar em maio de 1828, emigrou
em dezembro de 1832 para o Porto, onde serviu primeiro ás ordens do
coronel Zagalo, comandante dos corpos ingleses, depois como adido ao
chefe do estado maior da 3.ª divisão do Exercito libertador, e por
último como assistente da repartição do quartel-mestre general,
portando-se sempre com grande bravura e distinguindo-se
especialmente na acção de 24 de março. Vindo para o sul do reino,
depois de levantado o cerco do Porto, continuou a exercer a mesma
comissão, serviu por algum tempo de
quartel-mestre general da ala direita do exercito de operações em
frente de Santarém, e mereceu ser elogiado pelo modo distinto
porque se houve na acção de 5 de outubro nas linhas de Lisboa, na
batalha de Almoster.
Tendo
sido durante a campanha promovido a capitão, passou depois dela
finda a servir na Secretaria da Guerra, foi em maio de 1835 nomeado
adjunto da repartição do quartel-mestre general, em novembro desse
ano feito chefe da 1.ª repartição da 2.ª direcção do ministério
da guerra, e encarregado do expediente dessa direcção, por
portaria de 23 de abril de 1836. Em Julho desse ano voltou ao
comando em chefe do exército, e sendo esta repartição superior
militar extinta em setembro seguinte, regressou à secretaria da
guerra, onde exerceu o lugar de chefe de diferentes repartições,
havendo sido também empregado na legação portuguesa nos Estados
Unidos, desde novembro de 1839 até igual mês de 1841. Colocado no
corpo do estado maior em dezembro de 1835 e promovido a major em novembro
de 1840, quando se formou em 1841 um corpo de operações ás ordens
do visconde da Fonte Nova, por causa da revolta de Torres Novas, foi
o barão de Wiederhold escolhido para quartelmestre general dessa
força, e regressando depois ao seu antigo lugar na Secretaria da Guerra
aí se conservou até aos acontecimentos políticos de outubro de
1846. Nomeado então adjunto à repartição do quartel-mestre
general do exército de operações organizado sob o comando do
marechal Saldanha, foi promovido a tenente-coronel por distinção
na batalha de Torres Vedras, e em junho de 1847 comissionado por
aquele nosso general para servir junto de D. Manuel de La Concha;
comandante das tropas espanholas que nessa época entraram em
Portugal, acompanhando depois esse capitão general na sua volta a
Madrid e regressando, depois de curta demora em Lisboa, à capital
do pais vizinho, por fazer parte da comissão mista que se reuniu
ali para liquidar as contas relativas ás divisões auxiliares
espanhola e portuguesa.
Voltando,
depois de terminada essa comissão, a Lisboa, exerceu desde janeiro
de 1851 o lugar de chefe da repartição militar do ministério da
guerra, do qual foi dispensado pelo seu mau estado de saúde, e
durante esse período foi elevado a coronel em 27 de novembro de
1850 e graduado em brigadeiro por decreto de 29 de outubro de 1853.
Posteriormente foi nomeado para varias comissões importantes, tais
como a que foi encarregado em 1863 de formular um projecto sobre as
reservas do exército; a que no mesmo ano ficou incumbida de redigir
um projecto de lei de promoções e de assentar os princípios que
regulam o decretamento de serviços relevantes; a que em 1865 foi
organizada para classificar as praças de 2.ª ordem e mais pontos
fortificados; tendo ainda durante este período exercido o lugar de
chefe do estado maior do comando do corpo do estado maior do
exercito, desde novembro de 1859 e comandando o mesmo corpo
interinamente, até que pela reforma do visconde da Luz, em 1869,
foi nomeado comandante efectivo, e nessa situação permaneceu até
ao seu falecimento. Ainda nos últimos anos da sua carreira militar,
fez parte da comissão encarregada de propor as medidas necessárias
para o estabelecimento de um campo de instrução e manobras (1866),
da comissão incumbida de propor um plano de fortificações para a
defesa, de Lisboa e seu porto, e da que o ministro da guerra Fontes
Pereira de Melo nomeou, em 1861 para elaborar as propostas da
reforma do exército, da secretaria da guerra e das leis de promoção
e recompensas, finalmente foi em 1868 vogal da comissão portuguesa
de socorros a feridos e doentes militares, em tempo de guerra.
Depois de prolongados sofrimentos, faleceu, sendo os seus restos
mortais depositados no cemitério dos ingleses, porque o barão de
Wiederhold seguiu como seus pais a religião protestante.
Dedicando-se também à literatura, foi um dos fundadores da Revista
Militar, sendo também seu redactor, e ainda nos últimos anos
da sua vida, segundo consta, se conservava como colaborador.
Escreveu:
Apontamentos sobre os campos de grandes manobras (campos de instrução)
e de exercícios: com indicação das manobras e exercícios
executados por vários corpos de tropa do exercito português, e dos
acampamentos que por essa ocasião se formaram desde 1763 até 1806,
na Revista Militar, n.º 15 e 16 de 1861; O exercito
auxiliar português, vulgarmente denominado do Roussillon, que 1793
passou a Espanha, na Revista, n.º 17, 1862; Crise do
exercito português no ano de 1801, e sua organização em 19 de
maio de 1806, na Revista n.º 13, de 1863. Estando em
Madrid, em comissão do serviço público, escreveu em espanhol, e
publicou sob a denominação de Um oficial português: Estatística
militar de Portugal precedida de uma introdução histórica:
publicada nos n.os 4, 5, 6, 9 e 10 da Revista Militar
de Madrid, de1849, tomo IV, da respectiva colecção. Forneceu
muitos e valiosos subsídios para o Dicionário Bibliográfico
de Inocêncio Francisco da Silva, e deixou inéditos vários
trabalhos que se guardam no arquivo do corpo do estado maior, e
entre os quais é digno de especial menção o que deveria formar,
depois de revisto, uma Memória sobre o serviço do Estado maior
do exercito português desde 1640, data da organização regular e
permanente do mesmo exercito até o ano de 1860; acompanhado de uma sinopse
da legislação e mais disposições conhecidas desde aquele ano de
1640, em relação ao mesmo serviço.
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