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Os Uniformes em 1806
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Influências
O que torna a mudança radical é a utilização da barretina e a confecção da casaca sem bandas e com abas curtas. Para além de que o cabelo passou a ser usado obrigatoriamente curto, como já usavam os soldados das companhias de caçadores criadas em 1796, acabando-se assim com os rabichos. Como se pode ver na imagem ao lado [Soldado de infantaria húngara em 1801] a influência nos novos uniformes é totalmente austríaca. E era natural que assim fosse. É que o marechal general do exército português, o duque de Lafões, tinha feito a Guerra dos Sete Anos como oficial no exército austríaco, no regimento do seu primo o príncipe de Ligne. Exército de que o infante D. Manuel, irmão de D. João V, e por isso tio paterno do duque tinha sido oficial general, sendo «Chefe» (proprietário e comandante de um regimento com um posto de oficial de general) de um regimento de couraceiros. O uniforme que se vai imitar, sobretudo, é o do soldado húngaro, que tinha um uniforme com algumas características «nacionais», que o vão fazer digno de ser imitado no novo plano de uniformes que será aprovado em 1806. Mas as influências e imitações não se ficarão por aí. A barretina, com uma forma que imitava a usada no exército austríaco de 1767 a 1798, terá influências prussianas, trazidas possivelmente pelos oficiais prussianos que acompanharam o marechal conde de Goltz, quando este foi contratado em 1800, para ajudar o duque de Lafões no comando operacional do exército. O plano de uniformes aprovado em 19 de Maio de 1806 não foi imediatamente posto em prática. Iria demorar pelo menos dois anos a ser implementado já que as fardas eram substituídas de dois em anos. O Regimento de Infantaria n.º 13, de Peniche, mandado embarcar na frota que levou a Casa Real e uma parte da sua corte para o Brasil, não as usava ainda em campanha, já que, de acordo com o ofício de António de Araújo de Azevedo, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, para D. Miguel Pereira Forjaz, comandante da Brigada de Infantaria da Divisão a Norte do Tejo que tinha sido organizada para defender Lisboa da frota e exército britânicos, os soldados deviam ir para Paço dos Arcos "com as suas mochilas, e fardamento novo em reserva, e os cobertores para embarcar"1. Os soldados do Exército português enviado para França, e que foram incorporados no Exército francês com o nome de Legião Portuguesa, quando em Maio de 1808 foram passados em revista por oficiais franceses, apresentaram-se aos inspectores na sua maioria com uniformes antigos e bicórnios em vez das barretinas da infantaria ou os capacetes da cavalaria.
Os Uniformes da Infantaria de acordo com o plano de 1806
Fonte principal: Manuel Ribeiro Rodrigues, 300 anos de uniformes militares do exército de Portugal, 1660-1960, Lisboa, Exército Português e Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1998 Pedro Soares Branco, Os Uniformes Portugueses na Guerra Peninsular, Lisboa, Tribuna, 2009 Notas: 1. "Ofício de António de Araújo de Azevedo para D. Miguel Pereira Forjaz, de 27 de Novembro de 1807", Arquivo Histórico Militar, 1.ª Divisão, Secção 14, Caixa 2, Doc.8, fl. 4
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