Angelica Catalani
Uma das maiores sopranos do seu tempo. Nasceu em Senigallia,
Marca de Ancona, Estados da Igreja [actualmente Itália] a
10 de Maio de 1780; O pai, primeiro baixo no coro da Sé
Catedral de Senigallia, e ourives, entregou a sua educação ao maestro da capela Pietro
Morandi, que a integrou no coro do Convento de S. Luzia em Gubbio, perto de Roma. Como tinha
uma voz naturalmente bonita e ágil, e os progressos tinham sido rápidos,
devido à ajuda paterna, o empresário Cavos não hesitou em apresentá-la no
teatro La Fenice, de Veneza, em 1797. O público foi indulgente com a
imaturidade vocal e cénica da nova cantora de dezassete anos, e aplaudiu-a na Lodoiska
de Johann Simon Mayr, ópera que tinha sido estreada no ano anterior naquele
mesmo teatro. Regressou a Veneza em 1798 e no Carnaval de 1800, tendo cantado Carolina
e Mexicow e Il Ratto delle Sabine de Niccolò Antonio Zingarelli, e Lauso
e Lidia e Gli Sciti de Mayr, assim como a Morte di Cleopatra
de Sebastiano Nasolini, na nova versão de Gaetano Marinelli. Em 1800 cantou em
Trieste Gli Orazi e i Curiazi de Domenico Cimarosa, em 21 de Janeiro de 1801
no
Scala de Milão, e depois seguiram-se actuações em Florença e no Teatro
Argentina de Roma. Em 27 de Setembro de 1801 estreou-se em Lisboa cantando
a Cleopatra de Nasolini, e em 23 de Dezembro cantou La Morte de Semiramide
de Marcos Portugal, de acordo com Ruders. Tinha vindo de Génova, segundo
Fonseca Benevides. Em 1804 casou com um oficial francês, Paul Valabrègue,
adido à
embaixada do seu país em Lisboa. Ficará até 1806 em Portugal, tendo ido nesse
mesmo ano para Paris, passando por Madrid. Cantou três vezes para Napoleão Bonaparte
no
Palácio de Saint-Cloud. O público da ópera de Paris pôde ouvi-la em duas
árias de Cimarosa, assim como em duas de Marcos Portugal, retiradas das óperas
Semiramide e Zaira, uma de Niccolini e uma de Niccolo Piccini. O
Imperador francês tentou retê-la em Paris, mas a cantora decidiu-se por
Londres, para onde partiu clandestinamente, sem passaporte, embarcando em
Morlaix. Ficará no Reino Unido até 1813. A sua estreia na capital britânica
realizou-se em 13 de Dezembro de 1806, no King's Theatre, com a ópera de
Marcos Portugal, La Morte de Semiramide, tendo as récitas seguintes
continuado a agradar. Nos seis meses seguintes cantou Il ritorno di Serse
e La morte de Mitiridate do compositor português, Il Fanatica per la musica
de Mayr e a Cleopatra de Nasolini. Na temporada de 1807, de durou de Janeiro a
Agosto, foi contratada para cantar duas vezes por semana por mais de 5.000
libras, numa época em que o normal seria receber 500. Em 1809 não foi
contratada, mas no ano seguinte regressou ao King's Theatre, para as
quatro temporadas seguintes, tendo em 1812 sido Susana na estreia londrina da
ópera de Mozart Le nozze
di Figaro. As suas interpretações do God Save the King e
do Rule Britannia, provocavam grandes manifestações patrióticas em
Inglaterra, tendo passado a fazer parte do seu repertório. Regressou a Paris
em 1814, após a Restauração da monarquia, e Luís XVIII acolheu-a muito bem,
tendo a cantora assumido a direcção da Opéra-Italien na Salle
Favart, com um subsídio de
160.000 francos. A companhia faliu devido à ingerência do marido e
Angélica Catalani acabou por abandonar a França, devido ao regresso de
Napoleão. Viajou pela Europa do Norte, tendo actuado na Alemanha, Dinamarca e
Suécia, onde poderá ter sido ouvida novamente por Carl Israel Ruders. Com a
Segunda Restauração voltou a Paris e reassumiu a direcção do mesmo teatro,
abandonando-o de novo em Maio de 1816. Realizou tournées na Alemanha,
tendo sido ouvida por Goethe em 1818, tendo estado em Berlim em 1827, em Itália,
assim como na Polónia, na Rússia e em Inglaterra onde actuou pela última vez em 1824, regressando várias vezes a Paris. Em
1826 esteve em Itália, passando por Génova, Roma e Nápoles. Retirou-se em
1828, com quase cinquenta anos para uma villa em Florença, onde criou
uma escola gratuita para futuras cantoras de ópera. Morreu em Paris em
1849, tentando fugir da epidemia de cólera que assolou a Itália nesse ano, e
que acabou por a vitimar.
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Fontes:
Carl Israel Ruders, Viagem em Portugal, 1798-1802, trad. de António Feijó, pref. e notas de Castelo Branco Chaves, Lisboa, Biblioteca Nacional («Série Portugal e os Estrangeiros»), 1981; tradução parcial de Portugisk Resa, beskrivfen i bref til vanner, 3 vols., Stockholm, 1805-1809; Francisco da Fonseca Benevides, O Real Theatro de S. Carlos de Lisboa desde a sua fundação em 1793 até á actualidade: estudo historico, Lisboa, Typ. Castro Irmão, 1883.
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