2. Paleografia, Papirologia, Epigrafia e Codicologia
PALEOGRAFIA.
A
paleografia é a ciência das antigas escritas, da sua
forma, decifração e toda a sua estrutura. Os primeiros escritos surgiram
cerca de 3000 a C., tanto na Mesopotâmia como no vale do Nilo. Nas escritas
primitivas os caracteres correspondiam a palavras, sílabas
ou consoantes; aos Fenícios se deve a primeira
escrita alfabética, que os Gregos aperfeiçoaram incluindo-lhe vogais. Os
alfabetos gregos constituíram os padrões de base para as escritas bizantina
e cirílica (búlgara, sérvia e nissa) na Europa Oriental, e na Europa
Ocidental para a escrita latina, donde, por sua vez, derivam todas as escritas
ocidentais até à actualidade. Dos alfabetos puramente consonânticos
derivaram a escrita árabe e a escrita hebraica.
Exigências
de organização científica determinam disciplinas especializadas para as
escritas orientais; para o historiador europeu apenas interessam no estudo das
fontes as paleografias latina, grega, árabe e hebraica.
O
desenvolvimento das diversas formas da escrita latina (entre
elas a gótica) deixa entrever mútua influência das escritas librária e
corrente. As escritas librárias (corresponde-lhes desde
o começo dos tempos modernos a escrita impressa) devem ser quanto possível
agradáveis à vista, regulares e facilmente legíveis; na escrita
corrente, ou cursiva, adaptada ao uso quotidiano, importa
principalmente uma forma rápida e cómoda (na escrita impressa o cursivo
aparece em itálico - antiqua). As ligaduras
ou nexos (linhas de ligação entre as letras) e as abreviaturas
encontram-se mais frequentemente, como é natural, nas escritas cursivas.
Maiúsculas
chamam-se as escritas com letras da
mesma altura (traçáveis entre duas linhas paralelas). Minúsculas
são as escritas cujas letras apresentam por vezes traços que vão acima
ou abaixo das duas linhas (traçáveis entre quatro linhas paralelas).
O facto de
os humanistas italianos terem dado à minúscula carolina o
sobrenome de «antiqua» resultou do desejo de regressar à escrita romana e
do erro de julgar que nessa letra se tinha escrito a maioria dos textos
romanos que chegou até nós. A letra «antiqua» foi, nos séculos que se
seguiram, adoptada em todos os países da Europa Ocidental (o último, a
Alemanha, em 1942) e é actualmente a escrita mais divulgada no mundo. (As
formas «góticas» ou «alemãs» da escrita latina prevalecem na escrita
decorativa).
Como
material suporte da escrita, o papel só é
conhecido na Europa a partir do século XIII. Ao longo de processo lento que
se estendeu até à actualidade foi substituindo o antigo pergaminho;
Por sua vez este desalojara o papiro desde o inicio
da Alta Idade Média, determinando simultaneamente o abandono dos rolos (de
papiro) em favor dos códices encadernados (de pergaminho e depois de papel)
até à forma de livro que usamos hoje.
PAPIROLOGIA.
O papiro
foi no antigo mundo mediterrâneo o material de escrita mais utilizado,
datando os últimos papiros conhecidos do século X. Extraído da medula da
planta do papiro, cultivada principalmente no Egipto, nele se escrevia com
tinta e cálamo (pena de junco). Infelizmente os papiros depressa se estragam;
os que chegaram até nós provêm sobretudo do solo árido do Egipto. O estudo
particular dos papiros levou no século XIX à formação da Papirologia como
disciplina independente, que não se limita, no entanto, à conservação e
leitura dos papiros, mas também à sua interpretação.
EPIGRAFIA.
Em todas
as épocas se utilizaram também para suporte da escrita matérias sólidas
como a madeira, a pedra e o metal. As inscrições não
propriamente escritas, mas incisas ou gravadas, constituem o objecto da
epigrafia. Esta ciência alcançou lugar de particular relevo principalmente
no estudo da Antiguidade (sobretudo greco-latina). A epigrafia tem reunido
vasto material de fontes, não só para a história social, económica e
administrativa, mas também para determinadas fases da história política
sobre as quais a historiografia antiga nada nos diz. Novas descobertas a cada
passo vão alargando essas fontes, que um trabalho minucioso de interpretação
torna extraordinariamente úteis. Reúnem-se desde o Humanismo – Ciríaco
de Ancona (1391-1450) foi chamado o “Pai da Epigrafia” – inscrições
antigas; a sua publicação sistemática em grandes «corpora» começou
no século XIX com A. Boeckh (1785-1867), Th. Mommsen (1817-1901)
e outros. No que respeita à Idade Média, a epigrafia está ainda nos começos
e quanto aos tempos modernos podemos dizer que mal se esboça
CODICOLOGIA
(BIBLIOLOGIA).
É,
em correspondência com a papirologia e a epigrafia, o conceito que abrange a
ciência dos documentos manuscritos ou impressos, tanto de pergaminho como de
papel, encadernados em livro (códice).
História
Enciclopédia Meridiano // Fischer, vol. 3
págs. 56 a 58