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RELATO
DA TRAVESSIA DE ÁFRICA FEITA PELOS POMBEIROS, Desde meados do século XVIII que Portugal tentou descobrir a ligação terrestre entre Angola e Moçambique. O objectivo era conseguir encontrar produtos que pudessem interessar os mercados asiáticos - sobretudo o da Índia e da China - que eram, na altura e até finais do séc. XIX, deficitários para todas as potências europeias. A primeira tentativa séria de realizar a travessia foi feita por Francisco José Lacerda de Almeida, em 1798, mas este oficial de marinha morreu ao chegar ao Cazembe - a Noroeste do Niassa. A nova tentativa, proposta logo em 1799 por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, ministro da Marinha e dos Domínios Ultramarinos, começará em 1802. A travessia terminou com êxito mas somente em 1811, nove longos anos depois, realizada pelos pombeiros Pedro João Baptista e Amaro José, escravos mercadores de Francisco Honorato da Costa, director da feira de Cassengue - posto fortificado a leste de Luanda onde se centralizava o comércio com o interior de Angola - mas não teve continuação devido aos problemas políticos que sacudiam o império português, mas permitiu conhecer melhor o território - «abrir o caminho» - entre Angola e Moçambique. Este relato, traduzido para inglês no ano seguinte à sua publicação, serviu para Livingstone, o missionário escocês que explorou o território entre Angola e Moçambique, preparar as suas viagens. Parte 1/3 2.ª Parte |
3.ª Parte
«DOCUMENTOS RELATIVOS À VIAGEM DE ANGOLA PARA RIOS DE SENA» - 1.ª Parte
Ofício do Capitão-general de Angola José de Oliveira Barbosa para o marquês de Aguiar «Ill.mo
e Ex.mo Sr. Tenho
a honra de levar à Respeitável Presença de V. Ex.ª as Cartas que me
foram remetidas de Tete pelo Governador dos Rios de Sena vindas por terra
em consequências da descoberta da comunicação das duas Costas Oriental
e Ocidental de África tanto desejada; e nesta ocasião vão, embarcados
na Fragata Príncipe Dom Pedro os Pombeiros Pedro João Baptista e
Amaro José, do Tenente Coronel Director da Feira do Mucary Francisco
Honorato da Costa, a cujas diligências e fadigas se deve o êxito deste
trabalho. e levam os Roteiros da jornada para serem apresentados na
Secretaria de Estado desta Repartição. Deus
Guarde a V. Ex.ª São
Paulo de Assunção de Luanda, 25 de Janeiro de 1815 =
José de Oliveira Barbosa. Ill.mo
e Ex.mo Sr. Marquês de Aguiar * Ofício de Constantino Pereira de Azevedo, Governador dos Rios de Sena para o conde das Galveias «Ill.mo
e Ex.mo Sr. Conde das Galveias. Tendo
Sua Alteza Real o Príncipe Regente Nosso Senhor determinado no ano
de 1799 ver se conseguia a abertura do caminho de Sua Capital de Angola
para estes Rios de Sena, a fim de que os seus Povos tanto da África
Ocidental como da Oriental, pudessem girar com o seu comércio com mais
vantajosos lucros do que até agora o podiam fazer: assim como também
puderem circular as noticias de uma Costa a outra com mais brevidade,
do que se pudessem fazer pelos Navios, e tendo encarregado a dita abertura
por este lado Oriental ao Governador que foi destes Rios Francisco José
de Lacerda e pelo lado
Ocidental ao Ex.mo D. Fernando de Noronha Capitão General de Angola,
encarregando este ao Tenente Coronel Comandante e Director da Feira de
Casange Francisco Honorato da Costa , sucedeu que desta parte Oriental
faleceu o dito Governador Lacerda no sitio de Cazembe, tendo feito o seu
descobrimento até o sitio donde faleceu, e da outra parte Ocidental , com
efeito conseguiram os Escravos do dito Tenente Coronel acima mencionado, a
dita abertura até o Cazembe; cujos Escravos tem estado ha quatro anos ano
dito sitio
sem que tivessem meios de se conduzirem a esta Vila para darem as
referidas noticias, e vendo eu que esta Vila se achava um pouco
destituída de comércio por má inteligência que tem havido com alguns Régulos
que a cercam; e querendo eu de alguma forma ampliar esta falta chamei ao
Quartel da minha Residência em Maio de 1810 a Gonçalo Caetano Pereira
homem muito antigo, e muito prático destes Sertões, e tratando com ele
sobre o aumento que desejava que esta Capitania tivesse no seu comércio
lhe pedi me descobrisse algum lugar para onde pudesse com vantagem
comerciar; este me respondeu que antigamente vinham a esta Vila negociar
os Vassalos do Rei de Cazembe, e que desde o tempo em que intentamos a
abertura do caminho nunca mais aqui tinham vindo e que ignorava, o motivo;
uns diziam ser pela desordens que os nossos fizeram no dito Cazembe depois
da morte do Governador Lacerda, e outros diziam era por que aquela Nação
andava em Guerra desde esse tempo com a Nação Muizes, e pedindo eu ao
dito Gonçalo Caetano Pereira me desse três Escravos seus para eu mandar
de Embaixada ao dito Rei Cazembe para ver se movia aquela Nação a tornar
outra vez a esta Vila com o seu comércio como dantes faziam , este me
facultou os seus Escravos, cujos mandei de Enviados ao dito Rei Cazembe, e
vendo este lá chegar os ditos Escravos tomou a deliberação de me mandar
uma Embaixada composta de um grande, e cinquenta homens seus vassalos, na
qual me manda dizer que no seu Reino existiam há quatro anos aquelas duas
Pessoas que tinham vindo da parta de Angola, cujos mandava entregar; os
quais chegaram a esta Vila em 2 de Fevereiro do presente anho, trazendo-me
uma Carta de seu Amo, cuja Carta tenho a honra de remeter a V. Ex.ª a Cópia,
e perguntando eu aos sobreditos, se queriam voltar voluntariamente pelo
mesmo caminho por onde tinham vindo, me responderam que sim, porém que
era preciso eu dar-lhes as providências necessárias para o sobredito
transporte, aos quais mandei dar setecentos panos de valor de duzentos e
cinquenta reis fortes cada um, e dando de tudo parta ao meu Capitão
General, assim como também saber dele se à Real Junta daquela Capital me
levava em conta a. sobredita despesa, e quando não a pagaria dos meus
soldos, de cujo ofício ainda não coube no tempo receber resposta. Eu
deveria fazer alguma ponderação a V. Ex.ª sobre este descobrimento, por
que não acho maior inteligência nos ditos Descobridores, porém ao mesmo
tempo conheço segundo a sua capacidade fizeram muito, e como estes agora
tornam pelo mesmo caminho vão insinuados por mim o modo como devem fazer
a sua derrota, e as averiguações que devem fazer, a inteligência em que
acham aqueles Régulos; se com efeito nos deixarão. passar francamente
por aqueles caminhos, e quais os mimos
que lhes deveremos oferecer; de tudo vão industriados por mim; e
estes prometem dar um exacto cumprimento aos .referidos objectos com todas
as clarezas necessárias, entregando ao Ex.mo Capitão General
de Angola tudo quanto acharem tendente à dita abertura; o que tudo
participo a V. Ex.ª para que V. Ex.ª se sirva de o pôr na presença de
S. A. Real o Príncipe Regente Nosso Senhor. Tenho
também a honra de remeter a V. Ex.ª a Derrota que me ofereceram os
Descobridores, a qual é N.º 1, assim como também um papel das perguntas
que fiz aos referidos o qual é N.º 2, e a Carta que me dirigiu o Tenente
Coronel Amo dos referidos Descobridores, a qual é N.º 3. A
Ilustríssima e Excelentíssima Pessoa de V. Ex.ª Deus Guarde por, muitos
anos. Quartel
da Residência da Vila de Tete 20 de Maio de 1811. Ill.mo
e Ex.mo Sr. Conde das Galveias, do Conselho de S. A. Real,
Ministro e Secretário dos. Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. Constantino
Pereira de Azevedo, Governador dos rios de Sena
N.º
1. [CÓPIA
DA DERROTA QUE FEZ PEDRO JOÃO BAPTISTA. –
1806. –
«Em
Nome de Deus Amen. Derrota
que eu Pedro João Baptista faço na minha viagem do Muropue para o Rei
Cazembe Caquinhata, por ordem do Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Capitão General do Reino Angola, da abertura do, caminho para a costa
Oriental de África, dos Rios de Sena, e o encarregado ao Senhor Tenente
Coronel Francisco Honorato da Costa, Director da Feira de Casangue com
dois contos de fazendas para, despender com Reganos do caminho para a bem
de poder conceder-nos licença da dita abertura do caminho até em Tete.» 1.º Domingo
22 de Maio do dito ano saímos do sítio grande do Moropue e na casa do
seu filho que estávamos agasalhados de nome da terra Capendo hianva , e
como seu posto entre eles Soano Mutopo do Muropue , no qual levantamos às
6 horas da manhã pássamos um rio chamado Ingeba de quatro braças de
largura, e o segundo rio Luiza que ambos vão desembocar no rio Lunhua, e
durante a viagem, viemos para o sítio do Guia que nos dava [o] dito
Muropue para nos transportar em Cazembe de nome da terra Cutaqua seja, o
quanto guia pagámos dez chuabos, e um copa de Bixega , chegámos ao dito
sitio às Ave-Marias , encontrámos com bastante gente que vão do mesmo sítio
do Muropue a trazerem farinha de mandioca para seus Senhores andámos com
o sol às costas. 2.º Quarta-feira
8 de Junho saímos do sítio do Guia em que [nos] levantámos às 7 horas
da manhã passámos três riachos correntes de pequenas larguras que
ignoramos os nomes, os quais vão desembocar no rio Zuiza, e viemos para
um sítio do preto chamado Caquiza Muegi, escravo de Muropue e ao pé de
um riacho que eles bebem água, e nos mandou agasalhar nas Casas do mesmo
o qual demos dois chuabos, chegámos ao meio dia não [nos] encontrámos
com ninguém, e nem tratámos coisa alguma, andámos com o sol da mestra
forma. 3.º Quinta-feira
9 do dito mês saímos do sítio do Caquiza Muegi, levantámo[-no]s às 2
horas da manhã passámos cinco riachos pequenos e durante a marcha viemos
pousar no sítio do Quilolo do Muropue chamado Muene Cahuenda e no qual
demos de presente seis chuabos, e dois copos brancos retorcidos de boca de
sino, chegámos no referido pouso às 4 horas da tarde, e fabricámos ao pé
do rio que eles bebem água chamado Izabuigi de pequena largura, e já andámos
com o sol [do] lado esquerdo, não [nos] encontrámos com ninguém.- 4.º Sexta-feira
10 saímos do sítio de Muene Cahuenda, levantámo[-no]s à madrugada passámos
quatro riachos que ignoramos os nomes e continuando-mos a viagem passámos
um rio de três braças de largura chamado Mue-me, e viemos para o pouso
deserto, e ao pé do rio chamado Canahia pela banda lá, e vai desembocar
no mesmo rio Alue-me onde achamos coisas já feitas dos viajantes da terra
chamada Canoguesa que vinham trazerem tributos a seu Muropue, chegámos às
3 horas de tarde, andámos com o sol da mesma forma, e encontrámo[-no]s
com dez pretos que tinham ido a comprarem sal na salina. 5.° Sábado 11 saímos do poiso deserto que levantámos às 5 horas da manhã passámos 3 rios de pequenas larguras caudalosos, no posar, e viemos para outro deserto, e ao pé do rio de pequena largura chamado Quipungo, ficando-nos o sítio de uns pretos povos de Muropue em pouca distância, os quais não falámos nada com eles, chegámos no dito pouso ao meio dia não encontrámos com ninguém andámos com o Sol [do] lado Esquerdo, e daí mesmo fizemos parada para procurar-mos mantimentos de sustento. 6.º Domingo 12 saímos do pouso deserto no qual levantámo[-no]s ao cantar do galo passámos três rios de pequenas larguras que vão desembocar no rio chamado Calalimo, e cujos nós ignoramos os nomes, e viemos para outro pouso deserto de matos fixados de animais ferozes, e ao pé do mesmo rio CaIalimo, o qual poderá ter pouco mais ou menos dez braças de largura, chegando-mos no dito pouso ao meio dia com pequena chuva não [nos] encontrámos com ninguém. 7.º Segunda-feira 13 saímos do deserto às 2 horas da manhã paasámos onze rios de pequenas larguras, e vindo-mos subindo com o rio que acima dito Calalimo, e durante a viagem, viemos para o pouso deserto do pé de um rio chamado Camu sangagila pela banda de lá do dito rio chegámos no mesmo pouso às Avé-Marias pernoitámos fora assim mesmo em tempo de chuva, andámos com o sol [do] lado Esquerdo - 8.º Terça feira 14 saímos do poiso deserto e ao pé do rio Camusangagela em que [nos] levantámos às 8 horas da manhã passámos cinco riachos correntes e durante a viagem viemos para o sítio de um preto chamado Muene Cassa , e ao pé de um riacho que ignoramos o nome pela banda de Iá o qual preto tratámos com ele a nossa viagem que vamos para Cazembe mandados por Muropue, e ficando-nos sempre o sítio muito afastado do nosso pouco, e demos de presente um Espelho pequeno e um chuabo de serafina encarnada, chegámos às 3 horas de tarde andámos com o sol da mesma forma. - 9.º Quarta-feira 15 saímos do sítio de Muene Cassa, em que levantámos às 7 horas de manhã, passámos os rios de pequenas larguras, e durante a viagem viemos para o poiso direito ao pé ainda do rio Calalimo chegámos no dito poiso às 2 horas da tarde e não encontrámos com ninguém, andámos com o Sol da mesma forma. - 10.º Quinta-feira 16 saímos do deserto e levantámos em alvorada passámos três rios correntes de pontes de pequenas larguras, e viemos para outro poiso deserto e ao pé de um rio pequeno: chegámos ao meio dia fabricámos ao pé do mesmo rio e atrás de nós vinham gentes de Soana Mulopo mandados por dito Senhor a comprarem Sal, não [nos] encontrámos com ninguém. - 11.º Sexta-feira 17 saímos do poiso que acima [fica] dito levantámos às 5 horas de manhã passámos um rio corrente a pé chamado Roando de duas braças de largura que vai desembocar no rio Lunheca, e durante a marcha passámos outro rio de pequena largura chamado Rova que terá pouco mais ou menos treze braças de largura o qual também desemboca no Lunheca , e ficando-nos o sítio muito Longe de um preto chamado Fumo Ahilombe do Muropue no qual não tivemos perturbação nenhuma, chegámos ao meio dia e fabricámos ao pé do dito rio, não [nos] encontrámos com ninguém. - 12.º Sábado
18 saímos do sítio do Fumo Ahilombe que levantámos às 5 horas
de manhã passámos seis riachos de pequenas larguras os quais vão
desembocar no rio Rova, e durante a viagem viemos para o poiso
deserto ao pé do rio chamado Cazale, pela banda de Iá que terá
pouco mais ou menos vinte braças de largura, o qual nos deu água
na cintura, e vai desembocar no rio Lunheca , e chegámos no dito
perto das Ave-Marias, encontrámo[-no]s com bastante gente
carregados de peixes seco a irem venderem no sítio do Muropue,
andámos com o sol [do] lado esquerdo, e não vimos coisa alguma. 13.º Domingo 19 saímos do poiso deserto que acima [ficou] dito levantámos às 6 horas da manhã não passámos rio nenhum, e continuando-nos a nossa viagem viemos para o Sítio do Luilolo do Muropue chamado Caponco Bumba Ajala , e falámos com ele a nossa viagem que vamos por mandado do seu Muropue para a terra do Cazembe e respondeu que estava bom; e logo nos mandou dar de Comer por parte do mesmo seu Senhor Muropue, e demos de presente para ele quatro xuabos, e um Espelho, chegámos no dito sítio às quatro horas da tarde, e ao pé de um rio chamado Muncum, e não [nos] encontrámos com ninguém. - 14.º Segunda feira 20 saímos do sítio do Capomo, no qual [nos] levantámos às 2 horas da manhã passámos um riacho e durante a marcha passámos um rio chamado Caginregi, em Canoa, e fazendo-nos passar os pilotos do Quilolo Muene Mene que é Senhor do mesmo porto, e terá [o] dito rio pouco mais ou menos catorze braças de largura e vai desembocar no Lunheca, e viemos para o sítio do mesmo Quilolo Muene Mene e tratámos com ele a nossa viagem que vamos para Cazembe mandados por Muropue também respondeu que estava muito bonito, e que o Caminho estava bem aberto e demos para o mesmo um muzenzo de cem bagos de pedras azuis e cinco xuabos de serafins sortidos, e mais quarenta bages de pedras brancas, e, para os pelotos dois xuabos de fazenda da Índia, e fizemos nosso cerco afastado do sítio afim de fugirmos dos Ladrões que furtam de noite, chegámos às 3 horas da tarde, não [nos] encontrámos com ninguém, e daí mesmo fitemos parada seis dias para procurar-mos mantimentos para seguirmos com ele para diante.- 15.º Terça feira 5 de Julho salmos do sítio de Muene Mene levantámo[-no]s ao primeiro cantar de galo passámos quatro rios de pequenas larguras que vão desembocar no rio Cagenrige, e viemos para o sítio do preto conhecido do nosso Guia chamado Soaria Ganga, e falámos com ele [d]a nossa viagem que vamos para Cazembe chegámos às 2 horas de tarde não [nos] encontrámos com ninguém, e não tratámos nada com ele de presente andámos com o Sol [do] Lado Esquerdo. 16.º Quarta feira 6 do dito mês saímos do sítio do Soana Ganga levantámo[-no]s às 7 horas de manhã passámos dois rios correntes de pequenas Larguras que vão desembocar no mesmo rio Cagenrige, e viemos para o sítio de Quilolo da Mai de Muropue chamado Luncongucha, e o Quilolo chama-se Muene Camatanga falámos com ele [d]a nossa viagem que vamos dirigidos ao Cazembe , o qual nos respondeu que podia ir quantas quiserem viajar, o qual demos de presente cinco chuabos e um Espelho pequeno e mais cinquenta bagos de pedras de Leite chegámos [ao] rio dito ao meio-dia andámos com o Sol da mesma forma não [nos] encontrámos com ninguém. 17.º Quinta feira 7 saímos do sítio do Muene Camatanga e que levantámos às 6 horas da manhã passámos três riachos que vão desembocar no mesmo rio Caginrige e durante a viagem viemos para o sítio do Quilolo do mesmo que acima dito chamado Muene Casamba, onde nos mandou dirigir o mesmo Camatanga para seu vassalo nos socorrer com mantimentos necessários para nosso transporte para Cazembe por ordem de Muropue que tinha trazido o guia e daí do mesmo sitio invernámos um mês para nos preparar dito mantimento de ficar seca a farinha que mandava por na agua não [nos] encontrámos com ninguem, e para o mesmo demos dois chuabos de fazenda de lá. 18.º Sexta feira 9 de Agosto saímos do Muene Casamba levantámo[-no]s ?as três horas da manhã passámos outra vez, o rio Cagiringe, e durante a marcha passámos mais outro rio de pequena largura que ignoramos o nome que também vai desembocar no mesmo rio Cagiringe e viemos para o pouso deserto e ao pé de outro rio de pequena largura chegámos no dito pouso às 4 horas da tarde e fabricámos o nosso cerco com chuva e não [nos] encontrámos com ninguem. - 19.º sábado 10 saímos do pouso deserto que levantámos às 5 horas e meia de manhã passámos um rio corrente de pequena Largura de pedras que ignoramos o nome, e viemos para outro deserto chamado Canpueje e ao pé do riacho corrente onde achámos Casas já feitas dos viajantes Arúndas chegámos às 2 horas da tarde, e não vimos nada.- 20.º Domingo 11 saímos do pouso deserto e que levantámos às duas horas de manhã passámos três rios de pequenas larguras, e durante a viagem viemos para outro pouso deserto e ao pé de um riacho que ignoramos o nome chegámos no dito pouso às 4 horas de tarde não [nos] encontrámos com ninguém. - 21.º Segunda feira 12 saímos do deserto que levantámos às 6 horas de manhã passámos um rio corrente de pequena Largura chamado Maconde e durante a marcha viemos para outro deserto chamado Luncaja, e ficando-nos o sítio de Quilolo chamado Anbulita Quisosa o qual não falámos com ele [d]a nossa viagem chegámos no dito ao meio dia não [nos] encontrámos com ninguém andámos com o Sol Lado Esquerdo.- 22.º 23.º Quarta feira 14 saímos do filho de Cutaganda e que levantámos às 7 horas de manhã passámos o rio Reu a pé que terá pouco mais ou menos vinte braças de largura, e viemos para o pouso deserto, e ao pé de um riacho que ignoramos o nome chegámos às 2 horas de tarde não [nos] encontrámos com vinguem. 24.º Quinta feira 15 saímos do pouso deserto, levantámo[-no]s às 6 horas de manhã passámos três rios de pequenas larguras que vão desembocar no rio Reu que acima dito, e viemos para outro deserto, e ao pé de um rio chamado Qusbela que também vai desembocar no mesmo rio Reu, e ficando-nos o Sítio do preto chamado Munconcota maior de Muropue muito Longe, e assim mesmo veio no noso pouso para que lhe desse-mos alguma coisa de presente, e demos sete chuabos de Serafina de várias qualidades, chegámos às 3 horas de tarde, andámos com o Sol da mesma forma, não [nos] encontrámos com ninguém. 25 º Sexta feira 16 saímos do pouso deserto no qual [nos] levantámos às 5 horas de manhã, passámos quatro rios de pequenas larguras que vão desembocar no rio Qusbela, e durante a viagem viemos para deserto, e ao pé do riacho corrente chamado Capaca Melemo chegámos no dito deserto ao meio dia sem chuva, e vindo-nos em nossa companhia uns pretos para virem comprar Sal na Salina não [nos] encontrámos com ninguém. Parte 1/3 2.ª Parte |
3.ª Parte
Fonte: «Explorações dos Portugueses no Interior da África Meridional», Anais Marítimos e Coloniais, n.º 5, 3.ª série, Parte não-oficial, Lisboa, Imprensa Nacional, 1843, págs. 163-190. A ler:
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