AS CRUZADAS, DE 1096 A 1270
Índice Documental: D - L.
Daimbert de Pisa
Bispo de Pisa antes de 1088 e arcebispo em 1092, dirigiu uma frota pisana durante a primeira Cruzada e tornou-se Patriarca de Jerusalém em Dezembro de 1099. Deixou uma carta relatando os acontecimentos da Cruzada. Morreu em Messina em 14 de Maio de 1107. |
Drusos
Aderentes de um seita iniciática de origem ismaelita, que se desenvolveu sobretudo na Síria, nas montanas do Hauran, e que defende o caracter divino do califa fatimida al-Hakim, pregado originalmente por al-Darazi. |
Edessa (actualmente Sanliurfa)
Cidade no sudeste da Turquia, o Cristianismo chegou à povoação por volta do ano 150, tendo-se tornado a sé do mais importante bispado da Síria. Um grande número de textos cristãos primitivos em língua síria provêem de Edessa. Depois de ter sido conquistada mais que uma vez pelos Persas sassanidas, foi conquistada pelos árabes em 638. Ocupada pelos cruzados em 1098, e perdida definitivamente por estes em 1146, mudou muitas vezes de mão até que foi anexada pelo império Otomano, num período compreendido entre 1516 e 1637. |
Emir Em árabe amir, «aquele que tem autoridade» (amr), «comandante». Termo designando chefes militares e os governadores de províncias, particularmente encarregados do comando de tropas, assim como da direcção da oração. Ao emir opunha-se em princípio, na época abássida, o cobrador de impostos, âmil; mas muitas vezes o emir controlava também a administração financeira. |
Estevão de Blois (morreu em 1102)
Filho do conde de Champagne, Blois, Brie e Chartres, participou na primeira Cruzada mas fugiu durante o cerco de Antioquia. Regressou ao Oriente e participou numa expedição que foi aniquilada na Anatólia em 1101. Conseguiu fugir e regressou a Constantinopla. Em 1102 embarcou definitivamente para a Palestina, tendo participado na Batalha de Ramla, em que as forças do rei Balduíno de Jerusalém foram esmagadas. Na sequência da batalha, quando tentava fugir de um castelo cercado, morreu. |
Fatimidas Dinastia de califas chiitas da África do Norte, Egipto e Síria, que reinou de 909 a 1171. Declaravam-se descendendentes de Fátima a filha do profeta Maomé e mulher de Ali, o quarto califa. |
Filipe I
(1052-1108)
Rei de França, filho de Henrique I e Ana de Kiev. Sagrado em 1059 sucedeu ao pai no ano seguinte. Casou com Berta da Holanda, e depois com Bertrade de Montfort, que tinha raptado ao marido, o conde de Anjou. Esta acção, ligada à sua oposição à reforma gregoriana, fez com que entrasse em conflito aberto com a Igreja, tendo acabado por ser excomungado, o que explica a sua ausência da primeira Cruzada. |
Foulques V de Anjou (I de
Jerusalém) (1092-1143)
Filho de Foulques IV conde de Anjou e de Bertrade de
Montfort, separou-se da mãe e da corte do rei de França Filipe I (v. ficha
anterior) em 1106 e regressou ao Anjou, para se associar ao pai no governo do condado. Conde de
Anjou em Abril de1109 a sua principal actividade no começo do governo foi combater os vassalos revoltados e destruir os castelos mais
perigosos para a sua liderança. Casou em 1109 com
Eremburge do Maine, sucedendo ao seu sogro no condado quando este morreu.
Para manter este território aliou-se tanto ao rei de França como ao rei
de Inglaterra, de acordo com as necessidades do momento. Em 1119 casou a filha
Matilde com o herdeiro do trono de Inglaterra, Henrique, mas este morreu no ano
seguinte, sem sucessor, tornando a irmã Matilde, imperatriz da Alemanha, a
sucessora ao trono inglês. Foulques casou então uma outra filha com um
pretendente à coroa inglesa. O rei de Inglaterra aliou-se novamente ao conde
de Anjou, conseguiu anular o casamento de Sibila de Anjou com Guilherme Clito,
o pretendente, e casou a imperatriz Matilde, sua filha, em Novembro de 1127, após esta ter enviuvado do
imperador Henrique V, com Godofredo Plantageneta, filho de Foulques. Sibila
casou novamente, mas a irmã mais velha, Matilde de Anjou, entrou para um convento.
Entretanato, o conde de
Anjou e do Maine tinha enviuvado em 1126. |
Ghaznévidas Dinastia de soberanos independentes de origem turca investidos pelo califa abássida, que reinou primeiro no Kurasan e na Transoxiana, e depois no Khurasan oriental e na Índia, de 998 a 1186. A residência principal foi em Ghazna. Célebre pela conquista da Índia, teve que lutar contra o poder dos Seljúcidas no Irão acabando por ser substituída pelos Ghouridas na Índia e no Khurasan oriental. |
Godofredo de Bulhão
(ca. 1060-1100) Filho de Eustáquio II, conde de Bolonha, e de Ida, filha de Godofredo, o Barbudo, duque da Baixa-Lorena e conde de Verdun. Sucedeu ao seu tio Godofredo, que foi assassinado, no condado de Verdun aos 15 anos. O imperador Henrique IV deu o ducado ao seu filho Conrado, compensando Godofredo com a cidade de Anvers. Tendo ajudado o Imperador na sua luta contra o Papado acabou por receber em compensação o ducado da Baixa-Lorena. Dirigiu um dos exércitos da primeira Cruzada tendo sido eleito Protector do Santo Sepulcro, após a conquista de Jerusalém em 1099. |
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Hachemitas
Descendentes de Hachim, bisavô de Maomé. Integraram mais tarde os descendentes de Abu Talib e de Ali - os Álidas -, e os de al-Abbas - os Abássidas. Mas os Abássidas, que se consideravam como os únicos representantes da Família do Profeta, tentaram reservar unicamente para si esta apelação, que evocava na época da revolução abássida, o movimento clandestino chiita dos Hashimiya, de que tinham sido os continuadores. |
Haddith
Relato das tradições e ditos do Profeta Maomé, reverenciado e definido como uma fonte fundamental da lei religiosa e da direcção espiritual islâmica, só ultrapassado pelo Corão. Pode ser considerado a biografia de Maomé, perpetuada pela memória da sua comunidade para exemplificação e obediência. O desenvolvimento do Haddith é um elemento fundamental da história islâmica nos três primeiros séculos da sua existência. |
Henrique IV (1050-1106) Imperador do Sacro Império Romano-Germânico (1084-1105), sendo rei dos Romanos desde 1056, lutou com o Papa Gregório VII a propósito das Investiduras dos bispos, tendo de se humilhar na entrevista de Canossa, nas terras da Princesa Matilde da Toscânia (1077). Em 1084 conseguiu ocupar Roma. O filho obrigou-o a abdicar em 1106. |
Ibn Hazm
(994-1064)
Teólogo andaluz, nasceu em Códova em 994. Pertencia a uma família importante de dignitários andaluzes de origem cristã, e viveu de perto os acontecimentos políticos que se seguiram à queda dos Amiridas no começo do século XI. Pensador original, adoptou a sistema dos Zahiritas tendo aplicado os seus princípios na teologia dogmática. Escreveu obras de direito, de ciências corânicas, de moral, mas as suas ideias teológicas foram expostas fundamentalmente no seu grande tratado de história das religiões em que ataca os Cristãos, os Judeus e os Muçulmanos culpados de divisionismo, como os Ash'Aritas. Também ficou famoso devido ao seu tratado sobre o amor intitulado O colar da pomba. |
Jerusalém
Em árabe Bayt al-Makdis «local da santidade» e actualmente al-Kuds. Cidade da Palestina conquistada pelos muçulmanos em 638 e que passou rapidamente a ser considerada a terceira cidade santa do Islão. A antiga esplanada do Templo, destruído em 70 d.c. tornou-se um local de culto muçulmano e os califas Umáidas edificaram nesse espaço tanto a mesquita monumental que ficou conhecida pelo nome de al-Masdjid ak-Aqsa - a mesquita longínqua, como a cúpula do rochedo - a Mesquita de Omar. Os locais santos da Cristandade foram preservados e os cristãos mantiveram, devido ao seu estatuto de tributários, o livre exercício do seu culto. Foi em 1009 que, por motivos poucos claros, o califa fatimida al-Hakim destruiu o Santo Sepulcro, chamado em árabe «igreja da Ressurreição», que foi rapidamente reconstruído com o apoio do imperador bizantino Romano III, após a assinatura de um tratado entre Bizâncio e os Fatimidas. No século XI, a cidade foi objecto das lutas entre os Fatimidas e os Seljúcidas, que tendo derrotado previamente, em 1071, o exército Bizantino, substituíram os fatimidas em Jerusalém e na Palestina. O corte das rotas das peregrinações ocidentais levou à organização das Cruzadas, e à conquista de Jerusalém pela primeira Cruzada, em 1099, aos fatimidas que a tinham reconquistado no ano anterior. A reconquista árabe deu-se em 1187, sob a direcção de Saladino, que restaurou a mesquita al-Aqsa e edificou várias Madrasas. Em 1229 Jerusalém foi restituída aos Francos por dez anos, devido a um tratado assinado pelo califa Aiúbida al-Malik al-Kâmil, sendo novamente cristã de 1240 a 1244. A cidade foi pilhada em 1244 pelos Turcos Khwarezmitas, a quem os Aiúbidas tinham pedido apoio, e foi conquistada, em 1247, pelos Mamelucos que realizaram grandes trabalhos de restauração. A cidade caiu em poder dos Otomanos em 1517, que a dominaram nos 400 anos seguintes. Os únicos cristãos que permaneceram em Jerusalém, após a conquista dos Turcos otomanos, foram os pertencentes à Igreja Ortodoxa Grega e a outros grupos orientais. A partir do século XIV, os interesses católicos começaram a ser representados pelos Franciscanos. Para a Cristandade Jerusalém é a cidade onde de deu a Paixão de Jesus Cristo, durante a Páscoa. Cidade onde se realizou a Última Ceia, onde a seguir, no Monte das Oliveiras, Jesus rezou antes de ser preso; onde foi julgado e que atravessou ao dirigir-se para o monte do Calvário. É sobretudo a cidade onde se dá a Ressurreição, e onde Jesus apareceu pela primeira vez aos seguidores e discípulos. Para o Judaísmo a Jerusalém é o local onde o Rei David, após ter conquistado a cidade, mandou construir o Templo para albergar a Arca da Aliança, no monte Moriah, local onde Abraão teria levantado o altar para sacrificar o seu filho Isaac. O Templo foi construído no reinado do filho de David, o rei Salomão, começado em 966 e concluído em 957 a.c. O templo foi destruído em 587/586 por Nebucadrezar II da Babibólia. Cirus II da Pérsia permitiu o regresso dos Judeus a Jerusalem, e a reconstrução do Templo, que acabou de ser reconstruído em 515 a.c. Em 20 a.c. Heródes o Grande, rei da Judeia, começou grandes obras de beneficiação que de facto criaram um novo Templo. Templo este que foi destruído em 70 d.c. com o fim da revolta contra o Império Romano começa quatro anos antes. |
Jihad
Dever religioso imposto aos muçulmanos para expandir o islamismo por meio da guerra. O nome passou a designar qualquer conflito que se realiza por princípio ou por crença, e é normalmente traduzido por «guerra santa». O Islão considera existirem quatro vias pela qual a jihad pode ser realizada: pelo coração, pela língua, pela mão e pela espada. A primeira consiste na purificação do coração de cada muçulmano, lutando interiormente contra o diabo e as suas tentações. A promoção do Islão pela língua e pela mão faz-se realizando o bem e remediando o que está mal. A quarta maneira, por meio da guerra, é realizada fisicamente na luta contra os infiéis e os inimigos da fé muçulmana. O Islão moderno sempre deu muita importância à luta interior, mas aceita a guerra defensiva quando a fé está em causa. Mas, de facto, durante a história do Islamismo, as guerras contra os não-muçulmanos foram consideradas como jihads para reflectir o fervor religioso, sobretudo a partir do século XIX. |
Krak des Chevaliers Castelo dos Cavaleiros, em franco-árabe. Foi a maior fortaleza construída pelos cruzados na Síria e na Palestina, e um dos mais notáveis exemplos existentes da arquitectura militar da Idade Média. Construído em Qalt'at al-Hisn, na Síria, perto da fronteira norte do actual Líbano, o Krak ocupava o lugar de um antigo firte muçulmano. Foi construído pelos Hospitalários, os Cavaleiros de São João, que o mantiveram de 1142 a 1271, data em que foi conquistado pelo sultão mameluco Baybars I. Podia albergar uma guarnição de 2.000 combatentes. |
Leão IX
[Bruno, conde von Egisheim und Dagsburg]
(1002-1054)
Papa de 1049 a 1054 foi durante o seu pontificado que a Igreja Latina se tornou o centro político, cultural e religioso da Europa Ocidental, o que tornou inevitável o cisma de 1054 com a Igreja Oriental. Bispo em 1027 interveio na vida dos mosteiros da sua diocese e tentou melhorar a qualidade do clero secular. De acordo com as regras da altura, após ser proposto pelo Imperador Henrique III, e aceite pelo povo e clero da cidade, foi entronizado em 12 de Fevereiro de 1049. A sua actuação centrou-se na luta contra a concubinagem - o casamento dos clérigos, a simonia - a compra e venda dos cargos eclesiásticos e as investiduras dos cargos episcopais por governantes leigos. Com a ajuda de sangue novo, transformou o Papado, da pequena instituição local romana dominada pelo Imperador que era até aí, num poder internacional. A tentativa de subjugar o poderio Normando no Sul da Itália, levou o Papa a intrometer-se nas dioceses da região, tradicionalmente submetidas a Constantinopla. Tais acções, acompanhadas pela enunciação da primazia do papado, foram consideradas provocatórias pelo Patriarca de Constatinopla, Miguel Cerulário. O conflito terminou em 1054 com a excomunhão do Patriarca decretada pelo Papa e a excomunhão do legado papal e dos seus apoiantes pelo Patriarca. O que provocou o cisma que se mantêm até hoje. |
Luís VII, o Jovem (c.1120 - 18 de
Setembro de 1180)
Rei de França, foi aceite e consagrado sucessor do pai, Luís VI, em 1131, sucedeu-lhe em 1137. Casou nesse mesmo ano com Leonor, filha do duque Guilherme X da Aquitânia. Continuou a política do pai de consolidar a posse do domínio real, em vez de o tentar ampliar, pacificando as suas relações da coroa com os grandes senhores feudais. Depois de ter participado na 2.ª cruzada, de 1147 a 1149, Luís repudiou a mulher em 1152, por mau comportamento, tendo esta voltado a casar com Henrique duque de Anjou e da Normandia, que se tornou assim também duque da Aquitânia, antes de subir ao trono de Inglaterra, em 1154, enquanto Henrique II. A história do reinado passa a resumir-se à história da luta do rei de França contra o rei de Inglaterra, que se prolongou até 1174. |
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