AS CRUZADAS, DE 1096 A 1270

Índice Documental: M - Z.

M
Manuel Comneno (1112 - 1180)

General, Imperador Bizantino de 1143 a 1180, não conseguiu realizar o sonho de restauração do Império Romano, sendo que as suas acções esforçaram demasiado os recursos do Império, no momento em que o aparecimento dos Turcos Seljúcidas na Ásia Menor pôs em causa a própria sobrevivência do Império. Atacou os Normandos no Sul de Itália mas foi derrotado em 1156, o que levou à expulsão definitiva de Bizâncio da Itália. A seguir lutou contra os estados latinos do Oriente, instituídos durante a primeira Cruzada, conseguindo que Jerusalém e Antioquia aceitassem a sua suserania em 1159. Manuel Comneno também conseguiu controlar os Sérvios e os Húngaros, integrando em 1167 a Dalmácia, a Croácia e a Bósnia no Império Bizantino. Mas ao comandar, em 1176, a primeira grande expedição contra o sultão seljúcida de Iconium foi derrotado decisivamente na batalha de Myriokephalon, levando à perda da Anatólia e anunciando a futura desagregação do Império Bizantina. 

Manzikert, Batalha de (701)

Considerada uma das batalhas decisivas da história. Reencontro em que os bizantinos, comandados pelo imperador Romano IV Diógenes, foram derrotados pelos turcos seljúcidas dirigidos pelo sultão Alp-Arslan, tendo como consequência a conquista da maior parte da Anatólia. 

Devido às incursões dos turcos nas planícies da Anatólia o imperador bizantino tinha reunido um grande exército para restabelecer a segurança na fronteira oriental do Império. Na Primavera de 1071 invadiu a Arménia, tendo dividido o seu exército perto da cidade de Manzikert. Confrontado pelo sultão turco, tentou reunir o seu exército mas foi atacado num vale entre Manzikert e a fortaleza de Akhlat, tendo o exército bizantino sido destruído e o imperador sido preso.

Medina

Vila da Arábia ocidental, antiga Yathrib, foi o local de residência de Maomé após a Hégira. O nome de Madinah al-Nabi, «cidade do Profeta», significada originalmente a cidade onde o Profeta exercia a sua jurisdição, já que o papel de Maomé nos primeiros tempos do Islão era o de árbitro das várias tribos. Medina, sede do califado durante os três primeiros califas, foi abandonada por Ali em 656. Tendo deixado de ser a sede do califado tornou-se não só uma vila santa onde se venerava o túmulo de Maomé e se lembrava a sua estadia mas também um local de refúgio de pessoas piedosas e de opositores ao regime. Os Álidas viveram sobretudo em Medina enquanto puderam. Era a localidade onde viviam aqueles que queriam estar afastados das lutas políticas, gozando as riquezas trazidas das conquistas. 

Miguel I Cerulário (ca. 1000 - 1059)

Patriarca ortodoxo grego de Constantinopla de Março de 1043 a Novembro de 1058. Nomeado Patriarca pelo Imperador Constantino IX, a sua ambição política ligada à crença inflexível na autonomia da Igreja Oriental, levou-o a combater Constantino na  tentativa de realizar uma aliança entre os impérios oriental e ocidental na luta contra os Normandos instalados na Sicília e no Sul de Itália. Em 1052, devido às concessões de Constantino ao Papa Leão IX, obrigou as igrejas latinas da sua diocese a usar a língua grega na liturgia; quando estas se recusaram a ovbedecer mandou fechá-las. Quando Leão IX enviou a Constantinopla três legados papais para negociarem a aliança com o Imperador, Cerulário recusou-se a recebê-los. Após a morte de Leão IX, o cardeal Francês Humbert de Silva Candida colocou na Catedral de Santa Sofia, em 16 de Julho de 1054, a bula de excomunhão de Miguel Cerulário e do seu clero. O Patriarca convocou um Sínodo e excomungou todos os legados papais, provocando o cisma definitivo entre Roma e Constantinopla. Constantino acabou por apoiar a decisão, mas o Imperador Isaac I Comneno exilou-o em 1058, o que acelerou a morte de Miguel Cerulário ocorrida pouco tempo depois.

N
Nur ed-Din (1118 - 1174)

Filho e sucessor de Zangi, como atabaque de Halab, a sua acção baseou-se na proclamação de uma Jihad renovada, que impunha a reconquista dos territórios conquistados pelos Cruzados e sobretudo a tomada de Jerusalém. Reorganizou as forças militares muçulmanas na  Síria, e estabeleceu uma administração eficaz, tendo conquistado Edessa logo no princípio do seu governo, em 1146. Unificou a Síria ao tomar Damasco em 1154. A partir de 1164 o seu objectivo foi o de conquistar o Egipto, depondo os Fatimidas, o que conseguiu por intermédio de Shirkuh e do sobrinho deste, Saladino, de 1169 a 1171.

Omar (ca. 581 - 644)

Hostil ao Islão nos primeiros tempos, converteu-se em 618, tornando-se conselheiro de Maomé. Escolhido para suceder a Abu Bakr como Califa, foi eleito sem oposição. Era membro da tribo Quraysh tendo governado de 634 a 644. Foi durante a sua governação que o Islão se tornou uma força imperial, com a conquista da Síria, do Egipto e do antigo Império Persa. Omar criou as bases de organização do Império, criando o posto de kadi e impostos fixos. Reabriu canais na Mesopotâmia e a ligação do Nilo com o Mar Vermelho. Foi assassinado por um escravo. 

P
Pedro o Eremita (morreu em 1115)

Originário da Picardia, era um eremita e pregador errante que escapava ao controlo da hierarquia eclesiástica. Depois do fracasso da Cruzada «popular», juntou-se à Cruzada dos cavaleiros. Terá fundado, quando do seu regresso à Europa, o Mosteiro de Neufmoutier, perto de Huy.

Poitiers, batalha de

Batalha acontecida em Outubro de 732, também conhecida por batalha de Tours. Vitória de Carlos Mardel, perfeito do palácio do rei franco, governador de facto do Reino Franco, sobre as forças muçulmanas do governador muçulmano de Córdova, Abd ar-Rahman. As forças muçulmanas tinham invadido o reino Franco, e vencido o duque da Aquitânia, Eudes, que pediu apoio a Carlos. O exército franco concentrou-se em Tours, para impedir a passagem para Norte às forças muçulmanas. No recontro ar-Rahman foi morto, fazendo com que as forças muçulmanas recuassem para Sul. A vitória preservou a Europa trans-pirenaica da invasão muçulmana, consolidando também o poder de Carlos Mardel e do reino franco, já que o duque da Aquitânia lhe prestou vassalagem.

Q
Qarakhanidas, Turcos

Primeira dinastia turca muçulmana, fundada na região de Kashghar e de Issik Kul, em 932 por Satuq Bughra Khan (m. 955), que sendo hinduísta se converteu ao Islão. Dominou regiões da Ásia central - à volta do actual Turquestão, no Khurasan e na Transoxiana, de 999, quando conquistaram Bukhara, a capital da dinastia iraniana dos Samanidas, até 1073, quando se submeteram aos Seljúcidas. A dinastia  sobreviveu até 1212, data em que submeteu aos Mongóis de Gengis-Khan.  

R
Raimundo de Saint-Gilles (1042 - 1105)

Raimundo combateu os Mouros em Espanha desde 1087, tendo sucedido ao seu irmão Guilherme no condado, que governou enquanto Raimundo IV. Participou na primeira Cruzada tendo comandado um dos quatro exércitos, sendo um dos que recusou prestar homenagem ao Imperador bizantino. O seu diferendo com Boemundo de Tarento, sobre Antioquia, atrasou a expedição. Participa activamente na conquista da Jerusalém, tendo posteriormente avançado em direcção a Constantinopla, mas é derrotado. Depois da Cruzada, e depois de ter recusado a coroa de Jerusalém,  começou a criar o condado de Tripoli, mas morreu no cerco da cidade de Tripoli.

Rodrigo (morreu em 711)

O último rei Visigodo de Espanha. O predecessor de Rodrigo, o rei Witiza, morreu em 710, deixando dois filhos pequenos. Os nobres visigodos elegeram por isso Rodrigo, que expulsou a família do antigo rei de Toledo. Possivelmente tinha sido, anteriormente à sua eleição, dux da Bética. Teve de enfrentar uma revolta dos Bascos, não tendo sido reconhecido rei nas regiões do nordeste peninsular. Os muçulmanos contactados pela família de Witiza, enviaram uma força de cavalaria para a Península, o que provocou a reacção de Rodrigo que se dirigiu para Sul com as suas forças. O governador muçulmano de Tânger, Tariq ibn Ziyad, atravessou então com todas as suas forças derrotando os Visigodos perto do rio Barbate (não muito longe do cabo Trafalgar), tendo Rodrigo morrido no campo de batalha. Tariq dirigiu-se a Toledo e a maior parte da Península capitulou.

S
Safita (Castelo Branco)

Possesão Templária, fortaleza construída a 380 metros de altura, para vigiar dois vales na actual fronteira Norte do Líbano, perto do Krak des Chevaliers.  Podia abrigar uma guarnição de 700 homens.

Saladino [Salah ad-Din al-Ayyubi] (1138 - 1193)

Chefe de guerra de origen curda, sobrinho de Shirkuh, comandante das tropas de Nur ed-din que conquistaram o Egipto e responsável pelo derrube dos Fatimidas, Saladino continuará a política do Califa de Damasco de guerra aos Francos em nome da Jihad. Em 1183 dirige um enorme potentado territorial, fazendo a guerra aos reinos francos em todas as frentes, mas o seu exército está de facto nas mãos dos emires, e só se agrupa no Verão para se dispersar imediatamente a seguir ao fim da Campanha. Em 1187 vence decisivamente o exército franco em Tiberíades, fazendo prisioneiro o rei de Jerusalém e grande parte do exército cristão. Em 1191 é derrotado por Ricardo Coração de Leão, no decurso da 3.ª Cruzada, mas a trégua que assina no ano seguinte é uma vitória já que os reinos cristãos ocupam uma estreita faixa litoral perdendo definitivamente o controlo de Jerusalém.

Seljúcidas, Turcos

Família dirigente das tribos turcomanas de Oguz, que invadiram a a Ásia do sudoeste no século XI e que fundaram um Império que incluiu a Mesopotâmia, a Síria, a Palestina e a maior parte do Irão. A sua deslocação deu início ao domínio turco no Médio Oriente. Durante as migrações do século X de povos turcos da Ásia Central e do sudoeste da Rússia, um grupo de povos nómadas dirigido por um chefe de nome Seljuc estabeleceu-se no rio Jaxartes tendo-se convertido ao Islamismo sunita. Os netos de Seljuc, com apoio Persa criaram um império do Korasan e Toghril a Oriente, até à Mesopotâmia e a Síria, a Ocidente. No tempo dos sultões Alp-Arslan e Malik-Shah, o império passou a incluir o Irão. Em 1071 com a derrota do exército bizantino em Manzikert a Ásia Menor ficou à sua disposição. Os turcos foram vistos como os restauradores da unidade islâmica, devido à sua vitória de 1055 sobre os califas de Bagdade e à criação do califado sunita. O império seljúcida deixou um legado profundo no Islão, tendo também tido influência no desenvolvimento da cultura persa, que passou a dominar o Irão. O império seljúcida, em declínio desde o século XI, em princípios do século XIII já só existia na Anatólia, tendo perdido a sua autonomia após a batalha de Kose Dagh, em 1243, contra os Mongóis.

Sufismo.

Crença e prática mística do Islamismo, em que os Muçulmanos tentam encontrar a verdade sobre o amor divino e o conhecimento por meio de um relacionamento pessoal directo com Deus. Consiste em vários caminhos místicos que são pensados para 

Sunnita.

Membro de um dos dois principais ramos do Islão, o ramo de que faz parte a maioria dos crentes naquela religião. Os muçulmanos sunitas consideram a sua seita como o ramo principal e tradicional do Islão, distinguindo-se da seita minoritária, os Chiitas.

Os Sunistas reconhecem os quatro primeiros califas como os sucessores legítimos de Maomé, enquanto o Chiitas defendem que a liderança deveria ter pertencido unicamente a Ali, o genro de Maomé, e aos seus descendentes

T
Taifas (Tawa'if)

Uma facção ou partido, que se aplica aos seguidores dos pequenos reinos que apareceram na Espanha muçulmana num período de grande fragmentação política, no princípio do século XI, após a dissolução do Califado Umaida 

Templários [Cavalaria dos pobres cavaleiros de Cristo do Templo de Salomão]

A Ordem do templo nasceu em Jerusalém, por volta de 1120, criada pelo cavaleiro da Champagne, (região da actual França) Hugo de Payns, para proteger os peregrinos, construir defesas e atrair combatentes. O rei de Jerusalém, Balduíno II, aprovou a instituição instalando a Ordem no seu palácio, perto da mesquita al-Aqsa, construída sobre as fundações do antigo Templo de Salomão. Em Janeiro 1129, um concílio reunido em Troyes aprova a regra da nova ordem militar, já que Hugo de Payns tinha conseguido a confirmação do Papa para a missão da nova ordem, e com o apoio de S. Bernardo, que escreverá o «Elogio da nova Cavalaria», cria uma organização de apoio no ocidente. Quando regressa a Jerusalém vai acompanhado de numerosos voluntários. Tornou-se uma ordem potente e rica, estando presente também na reconquista da Península Ibérica, desde muito cedo. A ordem foi extinta quando, em Março de 1314, o rei de França Filipe IV, o Belo, mandou matar na fogueira o último grão-mestre da ordem, Jacques de Molay Em Portugal foi transformada pelo rei D. Dinis, na Ordem de Cristo.

U
Urbano II  [Otão de Lagery] (ca.1042 - 1099)

Tendo estudado em Reims, arquidiácono em Auxerre, monge em Cluny desde 1070, prior da comunidade de 1074 a 1079, o Papa Gregório VII fê-lo vir para Roma, fazendo-o em 1078 Cardeal e bispo de Óstia. Legado em França e na Alemanha, impulsionou a reforma gregoriana e presídio a vários concílios. Eleito Papa em 1088, combateu o cisma imperial que derrotou com o apoio de Conrado, o filho de Henrique IV. Continuou a Reforma de Gregório VII, multiplicou as condenações contra as investiduras laicas e a simonia. Presidiu ao Concílio de Clermont onde pregou a Cruzada em Novembro de 1095, proposta como uma forma de unificar a Cristandade ocidental sob a autoridade papal.

Yarmuk, batalha de

Uma das batalhas decisivas na história da Palestina. Os Árabes, comandados por Khalid ibn al-Walid, que tinham conquistado Damasco em 635, foram obrigados a abandonar a cidade devido ao aparecimento de um numeros exército bizantino, comandado por Teodoro Tritúrio. Khalid concentrou as suas forças a sul do rio Yarmuk e em 20 de Agosto de 636, aproveitando a deserção dos Arménios e dos Árabes Cristãos atacou o resto do exército bizantino aniquilando-o quase por completo. A vitória marcou o começo do domínio muçulmano na Palestina, que só foi quebrado de 1099 a 1291, durante as Cruzadas, e que durou até ao fim da Primeira Guerra Mundial.

Z

Zangi (1084 - 1146)

Filho do governador de Alepo, fugiu para Mosul colocando-se ao serviço do sultão seljúcida quando o seu pai foi morto. Apoio o sultão contra o califa abássida em 1127, tendo sido nomeado governador de Mosul em recompensa. A cidade de Alepo submeteu-se à sua autoridade devido ao perigo dos Cruzados. Zangi tentou criar um reino que englobasse a Síria e a Palestina, mas nunca o conseguiu. Na sua luta contra os estados latinos conseguiu capturar Edessa, em 1144, o primeiro revés sério dos Francos desde a primeira Cruzada.

 

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