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Castilho (João de).
n. 1490.
f. c. 1553.
Arquitecto, natural da vila de
Santander, da província das Astúrias, que trouxe para Portugal
este apelido no tempo do rei D. Manuel. As crónicas chamam-lhe O
Velho.
Nasceu em 1490. Era o filho primogénito
de Diogo Sanches de Castilho, filho segundo da antiga casa asturiana
desse apelido, e de D. Maria Zorella, Zorilha ou Zurilha. Abandonou
a pátria segundo a opinião de todos os autores, mas não se
conhecem os motivos que o levaram a essa expatriação. Veio ter à Galiza,
e dali passou a Nápoles e a outros pontos de !tália, tendo
então ensejo de apreciar os esplendores do renascimento,
instruindo-se ao mesmo tempo na escola dos grandes mestres. Depois
desta peregrinação artística veio para a Portugal em 1517 no
tempo do rei D. Manuel, onde mais tarde veio encontrá-lo seu irmão
Diogo de Castilho (V. este nome).
Os trabalhos a que primeiro se dedicaram os dois irmãos foram os da
abóbada debaixo do coro da sé de Viseu. Depois separaram-se, indo
Diogo de Castilho para Coimbra, em que assentou casa. Parece,
porém, que há equivoco, porque Diogo ainda esteve com seu irmão
nas obras do mosteiro de Belem. João de Castilho foi sucessivamente
empregado em obras do seu mester por D. Manuel e D. João III. Em
janeiro de 1519 andava dirigindo as obras do convento de Cristo de
Tomar, em cuja vila estabeleceu a sua residência habitual. Nesse
mesmo ano e no seguinte trabalhava também no mosteiro de Alcobaça,
encarregado dos arranjos no andar superior do claustro de D. Diniz,
na sacristia e na casa para a livraria. Na ordem real que o nomeia
para a direção destes trabalhos, dá-se-lhe a designação mestre
das obras reais.
Casou com D. Maria de Quintanilha, ou
D. Maria Fernandes de Quintanilha, filha de Garcia Fernandes de
Quintanilha, também asturiano e foragido por questões políticas,
que vivia em Freixo de Espada-à-Cinta, e casara com uma senhora portuguesa
daquela vila, de apelido Varatojo. Ao génio de João de Castilho se
devem em grande parte os trabalhos do convento dos Jerónimos em Belém.
Na Torre do Tombo existe um alvará de 23 de setembro de 1522, pelo
qual D. João III manda a Pero Lopes pagar mil cruzados a João de
Castilho, por conta da empreitada com ele novamente ajustada sobre
o fazimento das abobadas e pilares do cruzeiro da egreja (de
Santa Maria de Belém). A. 4 de julho ou junho de 1528 foi nomeado
mestre das obras da Batalha, lugar vago pela morte do arquitecto
Mateus Fernandes, com a mesma remuneração e as mesmas condições
do seu antecessor. Em 1529 esteve em Arzila, onde foi mandado para
examinar as obras da fortaleza com Duarte Coelho, e em 1532 renunciou
em Miguel de Arruda o cargo de mestre de obras da Batalha. São também
trabalhos seus o coro, o arco e a portada da igreja do convento de Tomar,
onde pôs a sua assinatura, assim como a casa capitular. Todos estes
trabalhos estavam concluidos no ano de 1541, segundo se infere da
quitação, que se encontra no livro 34 da Chancelaria do rei D.
João III, foI. 2, passada a João de Castilho até aquele ano,
por todos os seus trabalhos durante o reinado passado e corrente;
mencionam-se nessa quitação o mosteiro de Belem, os palácios da
beira-mar, varandas, escadaria, capela e aposentos da rainha viúva
D. Catarina; capela do mosteiro de S. Francisco de Lisboa, e outros
trabalhos; as obras de Tomar, que já citámos; os de Alcobaça e da
Batalha, etc. Pela diversidade dos seus serviços, além do
ajuste das obras, Castilho havia recebido varias mercês, feitas na
sua pessoa e na de seus filhos. Em 1532, a 21 de julho, D. João III
mandou-lhe passar carta de tença de 7 moios de trigo por ano,
equivalentes a dois padrões anteriores, um de seis moios de trigo,
de 21 de agosto de 1525, outro de um moio, passado em Palmela a 17
de fevereiro de 1531. Em 1533 foi trespassado o pagamento dos sete
moios para as jugadas de Santarém. Como os artistas daquele seculo,
Castilho tinha variada aptidão e tanto se entregava ás obras de arquitectura
civil e religiosa, como às obras de arquitectura militar. Em 1543
esteve em Mazagão dirigindo e edificando a praça militar. Na Torre
do Tombo existe uma carta em que João de Castilho afirma ao rei ser
o forte de Mazagão um dos mais valentes e melhores de todas as Espanhas,
capaz de contrastar com o poderio de mouros por mais que eles fossem.
Castilho estabeleceu residência em Tomar, conforme dissemos, e ali
viveu bastantes anos, entregue aos trabalhos da construção do
convento, obra, que a par da de Belém, foi por certo a que mais
provocou a sua actividade. Castilho alcançou a mercê do hábito da
Ordem de Cristo, remuneração altamente honorifica naquelas
épocas. Por um documento publicado pág. 537 do Dicionário dos arquitectos,
engenheiros e construtores portugueses, se depreende que João
de Castilho já era falecido em 1553, porque nesse documento se
declara, que sua filha Maria de Castilho, requerera que lhe fosse entregue
pelo falecimento de seu pai a tença anual de 20$000 réis, que ele
recebia, e esse documento tem a data de 15 de abril de 1553.
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Genealogia
de João de Castilho
Geneall.pt
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