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Samodães
(Francisco de Paula de Azeredo Figueira de Carvalho, 1.º
visconde e 1.º conde de).
n. 14
de janeiro de 1770.
f. 9 de setembro de 1857.
Tenente-general,
par do Reino, conselheiro, comandante da 1.ª divisão da Beira
Baixa, da Beira Alta e do Porto, governador das praças de Almeida e
de Elvas, conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça Militar, etc.
Nasceu em Samodães a 14 de janeiro de 1770, onde também faleceu a
9 de setembro de 1857. Era filho de Francisco António de Carvalho
Teixeira de Albuquerque e Costa, senhor dos morgados de Samodães e
Gogim, do concelho de Armamar, e fidalgo da Casa Real, e de sua
mulher, D. Joaquina Leocádia de Azeredo Correia da Silva.
Era descendente
duma nobre família que entre os seus ascendentes contava, pelo lado
paterno, um chanceler-mor do Reino no tempo do rei D. Manuel, e pelo
lado materno Henrique Correia da Silva, o patriótico general que no
Algarve proclamou em 1640 a restauração de Portugal. Tinha apenas
vinte meses quando perdeu seu pai, falecido em 31 de outubro de
1771, sendo ele o mais novo dos seus irmãos, que ao todo eram sete,
e de cuja educação sua mãe se encarregou desveladamente, indo
habitar para a sua casa de Goynos, onde foram os melhores mestres
ensinar-lhes as doutrinas que constituem hoje a instrução secundária.
Destinado à vida eclesiástica, Francisco de Paula de Azeredo foi
para Coimbra frequentar a faculdade de direito canónico, mas estava
apenas no 2.º ano quando faleceu sua mãe, a 4 de abril de 1787.
Seu irmão primogénito começou logo em contendas com os irmãos
por causa de partilhas, de que resultaram prolongadas demandas,
sendo o primeiro inconveniente dessas discórdias ver-se Francisco
de Paula de Azeredo desamparado e não poder concluir a sua
formatura. Teve por conseguinte de pensar noutra carreira, e
preferindo a das armas, assentou praça em 31 de janeiro de 1792 no
Regimento de Infantaria de Almeida, sendo reconhecido cadete, logo
que deu as suas provas de nobreza. Algum tempo depois veio para
Lisboa, onde o seu regimento vinha substituir no serviço da guarnição
os corpos nomeados para a campanha do Rossilhão, regressando a
Almeida em 1795. Tendo-se criado em 1796 os lugares de
porta-bandeira, foi Francisco de Paula de Azeredo despachado
porta-bandeira do seu regimento, sendo promovido a alferes em 4 de
abril de 1791.
Durante a
campanha de 1801 fez o regimento de Almeida parte da guarnição da
praça, sendo o exército naquela fronteira, comandado pelo marquês
de Alorna. Esperava se que recaísse ali todo o peso da guerra,
porque fora sobre essa fronteira que marchara o exercito francês
comandado por Leclerc, mas o governo consular quisera apenas fazer
uma demonstração sobre Portugal, e as tropas francesas não saíram
dos seus acantonamentos, de forma que o alferes Azeredo, que
comandava um posto avançado em vale de La Mula, ainda dessa vez não
pôde ver o fogo. O decreto de 19 de maio de 1806, que deu número
aos regimentos, deu o n.º 23 ao de Almeida, a que Azeredo
continuava a pertencer, apesar de ter sido promovido a tenente em 4
de agosto de 1805.
Quando veio a invasão francesa em novembro de 1807, Azeredo não
quis servir ás ordens de Junot, nem tampouco entregar a sua espada,
e por isso se escapou de Almeida, indo para sua casa donde passou a
residir algum tempo em Celorico de Basto, na casa duma sua irmã
casada, supondo que terminara a sua carreira militar, porém, pelo
contrário, agora é que ela começava. Efectivamente, em 9 de junho
de 1808 rebentou a insurreição portuguesa, e o tenente Azeredo,
sabendo que em Amarante se pegara em armas, partiu para lá a
oferecer os seus serviços e instruindo e disciplinando à pressa um
bando armado de paisanos, já com ele pôde picar a retaguarda de
Loison, que saíra de Almeida para subjugar a insurreição, e que
encontrando-a muito mais geral do que supunha, teve de retirar, ou
antes, de fugir, acossado por guerrilhas, algumas das quais, como a
do tenente Azeredo, o molestaram bastante. Formando-se em Viseu uma
junta governativa para dirigir a insurreição na Beira, tratou ela
imediatamente de reorganizar o regimento n.º 23, sendo Azeredo
nomeado seu ajudante e fazendo parte esse corpo da divisão, do
general Bacelar. A 14 de janeiro de 1809 era despachado capitão
para o mesmo regimento n.º 28, e escolhido pelo coronel Lecor,
comandante duma brigada de operações para o cargo de major de
brigada. Durante a campanha de 1809 a divisão de Bacelar esteve de
observação na Beira Alta. Em 1811 a brigada de Lecor ocupou as
posições de Murcela durante a batalha do Buçaco, e durante a
retirada do exército sobre as linhas de Torres Vedras foi essa
mesma brigada encarregada de cobrir a retaguarda. Seguiu-se depois a
defesa das linhas, e Azeredo, que de vez em quando vinha a Lisboa
com licença, simpatizando com as ideias liberais que principiavam
então a inflamar todos os ânimos, iniciou-se numa loja de franc-maçons,
o que não o impediu de ser depois liberal sim, mas dos mais
moderados, muito avesso ás ideias revolucionarias, e com mais
predilecção pelo credo conservador. Nos combates de
Redinha, Pombal, Casal-Novo e Sabugal, tomou uma parte brilhante a
brigada do major Azeredo. Também esteve na batalha de Fuentes Oñoro,
e na tomada de Castelo Rodrigo, mas nesta última acção não tomou
parte o capitão Azeredo, porque tendo sido nomeado a 2 de janeiro
de 1812 major efectivo do regimento n.º 23, a que sempre
pertencera, teve de abandonar a brigada de Lecor, em que exercia as
funções, mas a que o seu regimento não pertencia. Em compensação
esteve na tomada de Badajoz, em que foi até ele que abriu a
primeira paralela e em que se distinguiu muito a brigada de que
fazia parte, composta dos regimentos n.os 11 e 23,
comandada pelo brigadeiro Harvey. No combate do Caniçal em que teve
um cavalo morto debaixo de si, distinguiu-se tanto o major Azeredo,
que teve uma menção honrosa na participação de lorde Wellington
ao ministério inglês. Na batalha de Salamanca, ou dos Arapiles,
comandou o regimento, teve dois cavalos mortos e duas balas lhe
levaram a espada e a barretina. Na batalha de Vitoria, em Junho de
1813, portou-se de tal modo que foi promovido a tenente-coronel no
campo da batalha, e que tendo sido gravemente ferido na perna
esquerda, já no fim da acção, por um dos tiros da artilharia
francesa, os marechais Beresford e Wellington mandaram informar-se
do seu estado. Terminou aqui a Guerra Peninsular para Azeredo,
porque o ferimento não lhe permitiu que acompanhasse o exército, e
quando se restabeleceu, já a campanha estava concluída.
Em 1814 foi nomeado comandante de infantaria n.º 8, que estava
em Castelo de Vide, o qual dentro em pouco apresentou um grau de
disciplina e instrução, que o tornaram um dos melhores do exército.
Apresentando-se como voluntário para seguir a Montevideu, foi
nomeado por decreto de 12 de junho de 1815 coronel, adido ao
estado-maior, e quando chegou ao Rio de Janeiro, teve o comando do
batalhão de voluntários, que na ilha de Santa Catarina recebeu
ordem para seguir o caminho de terra e entrar no território do
Uruguai pela fronteira do Rio Grande do Sul. Chegando a Montevideu
foi a primeira brigada, a que pertencia o batalhão do coronel
Azeredo, encarregada da guarnição da praça, passando no ano de
1818 a render a 2.ª brigada que fazia até aí o serviço externo,
e que era comandada por Saldanha, então coronel. Azeredo, promovido
a brigadeiro graduado, não tardou a tomar o comando dessa brigada,
distinguindo-se muito na série de combates que teve de sustentar, e
nos ataques que por mais duma vez dirigiu sobre os inimigos. Mas,
uma indisposição grave com o general Lecor, de quem fora até então
amigo intimo, e o clima que lhe reverdecera a ferida e o fazia
sofrer imenso, o obrigaram quando a luta se pode dizer terminada a
pedir uma licença de três meses para regressar ao Rio de Janeiro,
e chegando-lhe a licença no fim de julho de 1819, a 7 de agosto
seguinte entregou o comando da brigada a António Feliciano Teles
Aparício, brigadeiro graduado, e seguiu para o Rio de Janeiro a
bordo dum navio mercante inglês. Depois de catorze dias de viagem,
chegou aquela cidade; D. João VI tratou-o com muita consideração,
e promovendo o em 13 de maio de 1820 a brigadeiro efectivo, já por
decreto de 1 de julho de 1817 lhe havia sido concedida a Ordem de S.
Bento de Avis, e em 5 de fevereiro de 1820 lhe concedera a comenda
da Ordem de Cristo com a tença de 300$000 reis, enquanto se não
designasse a comenda. Também em 1820 se lhe deu a propriedade do ofício
de escrivão do juízo da Coroa da cidade do Porto, com o rendimento
de 500$000 reis. D. João VI ofereceu-lhe a capitania-geral de Goiás,
que ele não aceitou, e depois de dez meses de continuas solicitações
conseguiu licença para regressar a Portugal, havendo permanecido
por maia de quatro anos na América.
O general Azeredo entrou em Lisboa dias depois de ter rebentado a
revolução de 1820, e o seu papel nesse penedo foi simplesmente o
papel de soldado. Recebeu as ordens da regência, que ainda então
supunha, que poderia contentar os revolucionários com a demissão
dos oficiais ingleses, e que o encarregou de ir substituir o general
Elder no comando duma brigada estacionada no Alentejo; não chegou,
porém, a partir, porque a revolução rebentou em Lisboa e o novo
governo liberal lhe deu o comando duma brigada estacionada na
capital, composta dos regimentos de infantaria n.º 4 e 16. Nomeado
membro duma comissão encarregada de reorganizar o exército o
general Azeredo foi nomeado governador das armas da Beira Baixa,
passando em seguida para o governo da Beira Alta. Não auxiliou as
manobras feitas contra a Constituição, mas aceitou os factos
consumados, e recebendo a notícia do movimento da Vila-Francada,
restabeleceu a autoridade do rei absoluto, o que o não impediu
de ser demitido e mal recebido pelo infante D. Miguel, quando veio a
Lisboa. D. João VI, que muito o apreciava pela sua lealdade, o
aconselhou a afastar-se por algum tempo da corte e do bulício da
politica, e ordenou que se lhe desse licença para se retirar à sua
casa da província. Azeredo partiu efectivamente para Samodães, mas
não tardou a que fosse ali preso, vindo debaixo de escolta para
Lisboa onde esteve no segredo do castelo de S. Jorge, até que foi
julgado e declarado inocente das culpas que se lhe atribuíam, que
eram as de estar tramando uma rebelião contra o sistema
estabelecido. Graças à intervenção do monarca, o processo foi
julgado com toda a brevidade e Azeredo absolvido. Esta afeição de
D. João VI, que procurou retribuir acautelando-o contra os manejos
que deram em resultado o movimento da Abrilada, e de que
acaso teve vago conhecimento, não favoreceram o general Azeredo no
animo de D. Miguel, e ele seria preso sem duvida no dia 30 de abril,
mas apressou a sua sorte procurando ir colocar-se ao lado do rei
preso no paço da Bemposta, e ali, no próprio paço, foi também
preso e conduzido para a torre de Belém. Mais tarde transferiram-no
para Peniche, mas felizmente salvou-o a reacção que fez com que D.
Miguel fosse exilado. Recebendo o encargo de classificar os oficiais
que voltavam do Brasil, depois de proclamada a independência
daquele império, o general Azeredo foi em seguida nomeado
governador do forte da Graça, lugar que exercia quando morreu D. João
VI, e quando se proclamou a Carta Constitucional em 1826.
Seguindo os seus princípios de lealdade militar, não só se não
prestou ás intrigas dos absolutistas, mas sufocou varias tentativas
de revolta das tropas da guarnição, e pôde conservar o forte em
obediência ao governo legitimo. Nomeado em seguida comandante da
força armada que no Alentejo perseguia os insurgentes absolutistas,
logo depois governador da praça de Elvas, foi finalmente nomeado
general das armas da província da Beira Alta. A sua posição era
deveras espinhosa, porque a infanta regente D. Isabel Maria fora
organizando o seu ministério com os elementos mais reaccionários
ficando completamente absolutista, pode dizer-se, quando Saldanha
foi demitido. Azeredo não se importava com isso; jurara defender a
Carta, defendeu-a, apesar de perceber mais de uma vez que os seus
adversários tinham a cumplicidade oculta do próprio governo que
ele servia. Teles Jordão capitaneava os revoltosos nessa província,
o general Azeredo, vendo que todos os regimentos de milícias
estavam afectos à causa dos insurgentes, nunca conseguiu do governo
que lhe mandasse reforços, nem que lhe permitisse mudar os
comandantes desses regimentos de milícias em quem não podia ter
confiança. Apesar de tudo, apesar do marquês de Chaves ter
proclamado em Lamego a realeza de D. Miguel, apesar do próprio
general Azeredo se ter visto obrigado a abandonar Viseu porque o
Regimento de Milícias desta cidade também se insurgiu, Azeredo
manteve-se sempre na Beira Alta chegando a ter apenas consigo cem
homens armados tendo visto o general Pego entregar aos rebeldes a
praça de Almeida, a principal da província, e toda a província em
fogo por assim dizer. Como o governo continuava a não enviar nem um
soldado, lembrou-se de apelar para o patriotismo dos estudantes, que
logo organizaram o batalhão académico em defesa da causa liberal.
O conde de Vila Flor marchava entretanto do Alentejo para a Beira,
mas a sua posição seria critica, se o general Claudino, que estava
com uma divisão nas proximidades do Porto, não marchasse a unir-se
lhe. Tomou a responsabilidade de lhe dar essa ordem, que o governo
lhe não dava, o general Azeredo. A isso se deveu a vitória de
Coruche e a derrota dos insurgentes, mas o general Claudino foi
demitido do seu comando e intimado para ir tomar assento nas cortes,
porque fora eleito deputado. Azeredo recebeu uma repreensão por ter
dado semelhante ordem, e não foi compreendido numa promoção que
se fez, o que o obrigou a queixar-se directamente à infanta
regente, que fez com que ele fosse promovido a marechal de campo,
com a antiguidade de 28 de dezembro de 1826, data da promoção em
que ele não fora incluído. Depois de dispersos os rebeldes,
Azeredo recebeu ordem para se colocar ás ordens do general inglês
Clinton, e em 4 de junho de 1827 casou com sua prima D. Maria do
Carmo de Lemos Teixeira de Aguilar, filha de Francisco Teixeira
Bravo Cardoso Pacheco de Aguilar, senhor de vários morgados, e
capitão-mor de Castro Daire, e de sua mulher, D. Maria Ludovina de
Lemos Alvim e Carvalho.
Em 1823, logo que D. Miguel deu o golpe de estado proclamando-se
rei absoluto, o general Azeredo foi demitido do todos os seus
cargos, e tratou de emigrar, indo para Inglaterra. Ali recebeu
convite do marquês do Palmela de embarcar a bordo do vapor Belfast
e vir restabelecer com outros generais, ao Porto, que se
insurgira a favor da Carta Constitucional, o governo legítimo do
seu país. (V. Saldanha e Sá
da Bandeira). Voltando de novo para Londres, a bordo do
mesmo vapor, fez parte duma comissão encarregada de regular as
pretensões dos emigrados, e depois, a pedido do marquês de
Palmela, tomou a direcção do comando do depósito de emigrados que
estavam na Bélgica, em Ostende, depósito que ele depois transferiu
para Bruges. Graves dissabores que teve nesta comissão, como não
podia deixar de acontecer, quando precisava de manter a ordem e a
disciplina num grupo de homens, que não estavam presos por laços
alguns regulares, e a quem se não podia impor, pela falta de
recursos, as mais cruéis privações, desgostos de toda a ordem que
então sofreu, o obrigaram a pedir a sua demissão, e contribuíram
decerto para o papel singularíssimo que ele representou durante a
campanha da Liberdade. Efectivamente, depois de ter acompanhado o
imperador aos Açores, depois de ter exercido por algum tempo, na
ausência do conde de Vila Flor, o governo de Angra, depois de ter
preparado em grande parte a expedição de Portugal, sabendo que D.
Pedro tencionava deixá-lo nos Açores como governador do arquipélago,
teve com isso um grande desgosto e despeito, tanto que, alegando os
seus adiantados anos, pediu a dispensa de todo o serviço como
oficial general, e licença para servir somente como voluntário da
rainha, o que lhe foi concedido. Azeredo vestiu a simples jaqueta de
voluntário, e durante o resto da campanha assim combateu, sendo
contudo tratado pelo imperador com toda a consideração e deferência,
assistindo a quase todos os conselhos que se reuniam para se tratar
de operações militares. Em fevereiro de 1833 foi promovido à
efectividade do posto de marechal de campo, e em dezembro de 1834 a
tenente general.
Nomeado governador das armas da província da Beira Alta, só em
abril de 1834 tomou posse do seu governo; foi eleito deputado por
essa mesma província, e quando voltou a reassumir o governo das
Armas recebeu da rainha D. Maria II o título de visconde de Samodães,
por decreto de 20 de maio de 1835. Rebentando a revolução de
Setembro de 1836, o visconde de Samodães foi demitido e retirou-se
para o Porto, onde auxiliou tanto quanto pode a revolta cartista dos
marechais. Reformado violentamente no posto de tenente-general, em
1837, protestou contra essa medida, e ainda contra a emenda que o
conde de Bonfim quis fazer, reformando-o em marechal do exército.
Entretanto fora o visconde de Samodães eleito senador, e exerceu
por algum tempo a presidência desse corpo politico. Tempos depois,
em 1841, anulava-se o decreto da sua reforma e da sua promoção a
marechal do exército, e voltava o visconde de Samodães ao posto de
tenente-general efectivo, que era o que ele queria. Em 1842
achava-se no Porto, quando ali foi Costa Cabral com o intuito de
restaurar a Carta, e o visconde de Samodães foi um dos seus
eficazes colaboradores, e quando o barão de Santa Maria marchou
para Lisboa, para fazer proclamar a Carta na capital, ficou
comandando todas as divisões militares do norte. Logo depois da
restauração da Carta foi nomeado par do reino, por carta régia de
3 de Maio de 1842, e elevado ao título de conde por decreto
de 26 de julho do mesmo ano. O conde de Samodães seguiu com todo o
cuidado as sessões da câmara, e em 1847, depois de rebentar a
revolução da Junta, foi preso em Lamego pelos insurgentes, por ser
reconhecido como decidido cartista. Solto depois, partiu para
Lisboa, onde foi nomeado presidente do Supremo Conselho de Justiça
Militar. Em 1851 o conde de Samodães não viu com bons olhos o
movimento de Saldanha, e em 1852 foi um dos dezassete pares que
votaram contra o acto adicional, não porque fosse oposto em
absoluto a reformas políticas, mas porque entendia que essa reforma
se não fizera segundo as fórmulas estabelecidas pela própria
Carta Constitucional. Em 1857 assaltou-o a doença, que o devia
vitimar, e querendo ir morrer à sua casa de Samodães onde nascera,
para ali partiu, e ali faleceu com mais de oitenta anos de idade.
O conde de Samodães era grã-cruz da Ordem de Avis, cavaleiro da
Torre e Espada, comendador da de Cristo, condecorado com as medalhas
da Guerra Peninsular n.º 5; da campanha de Montevideu; do comando
da batalha de Salamanca; do assalto de Badajoz; com a cruz de ouro
da Grau Bretanha, e com a da batalha da Vitoria, pelo governo
espanhol.
Genealogia
do 1.º conde de Samodães
Geneall.pt
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