CRONOLOGIA DA ITÁLIA NO SÉC. XV E PRINCÍPIOS DO SÉC. XVI

 

Batalha de Pavia, de 1525
A Batalha de Pavia, em
gravura do séc. XVI

 

2. AS GUERRAS DE ITÁLIA (1496-1559)

 

1494, Setembro de. A invasão de Itália por Carlos VIII de França, deu início à subjugação de Itália pelas potências estrangeiras, que dominaram o país e condicionaram a evolução nacional da Itália até 1870.

1494, Novembro de. Florença submeteu-se às forças francesas, mas acaba por expulsar Piero de Médicis, e separar-se da França. Carlos VIII atacou a República e tomou a cidade, dando a independência a Pisa.

1495, Janeiro. Carlos VIII entra em Roma, dirigindo-se de seguida para Nápoles.

1495, 22 de Fevereiro de. Carlos VIII entra em Nápoles, abandonada por Afonso, que se refugiou na Sicília, e entregue ao filho Ferrante, logo expulso por uma revolta popular.

1495. Formação de uma coligação contra Carlos VIII, formada por Milão, Veneza, o imperador alemão Maximiliano de Áustria, o Papa Alexandre VI, e por Fernando o Católico, rei de Aragão, que obrigou as forças francesas a recuarem para o Norte de Itália.

1499, Fevereiro. Veneza apoia a pretensão do novo rei de França, Luís XII, ao ducado de Milão em troca da cidade de Cremona. O exército francês entra de novo em Itália, em Agosto, e obriga Ludovico Sforza a fugir de Milão. Milão rende-se em 14 de Setembro.

1500 - 1508. Ludovico Sforza regressa a Milão para atacar o exército francês com o apoio de forças mercenárias alemãs, obrigando o rei de França a abandonar Milão. Mas o Luís XII ataca de novo conseguindo aprisionar Ludovico, após nova conquista de Milão. O deposto duque de Milão morrerá em 1508, numa prisão francesa.

1500, 11 de Novembro. Pelo Tratado de Granada, Fernando de Aregão aceitou apoiar a pretensão de Luís XII à coroa de Nápoles, que seria dividida entre a França e Aragão.

1501, Junho. O exército francês invade novamente a Itália, dirigindo-se para Nápoles, com o apoio do exército papal comandado por César Bórgia. Ao chegar a Roma, o Papa declara Frederico de Nápoles deposto e investe Luís e Fernando com o reino de Nápoles.

1501, Julho - 1502, Março. A conquista de Nápoles começa com a tomada de Cápua pelo exército francês em Julho, terminando com a tomada do porto de Taranto, em Março seguinte, pela frota espanhola.

1502, Julho - 1504, 1 de Janeiro. A guerra entre a França e a Espanha devido à divisão do espólio, começa logo a seguir. O exército espanhol sofreu alguns reveses no começo da guerra, mas venceu a frota francesa em Cerignola, em 28 de Abril de 1503, seguindo-se a tomada de Nápoles, em 13 de Maio, e a vitória de Garigliano em 28 de Dezembro, o que levou à rendição de Gaeta pelos franceses, em 1 de Janeiro de 1504. A Espanha ficou com o reino de Nápoles e a Sicília, no Sul de Itália, enquanto a França ficou com Milão, no Norte.

1503 - 1513. Pontificado de Júlio II, cardeal della Rovere, o verdadeiro criador dos Estados da Igreja. Organizou o Concílio de Latrão, em 1512, que mantendo-se em sessão durante vários anos, começou a reformar os abusos na Igreja.

1508, 10 de Dezembro. Liga de Cambrai, organizada pelo Papa Júlio II para retirar a Veneza as suas possessões no continente, a Terra Ferma, e na Apúlia. O imperador Maximiliano prometeu a Luís XII a investidura como duque de Milão em troca de apoio.

1509 - 1513.  Os franceses atacaram e derrotaram os venezianos em Agnadello, em Maio de 1509, a que se seguiu a rendição de Verona, Vicenza e Pádua, que foram entregues a Maximiliano. Entretanto os exércitos do Papado ocupavam Ravena, Rimini, Faenza e outras possessões venezianas na Romagna. As cidades de Brindisi e Otranto, e outras possessões de Veneza na Apúlia, foram conquistadas por Fernando de Aragão. Veneza contra-atacou, retomou Pádua, em 17 de Julho imediato. Vicenza revoltou-se contra Maximiliano e chamou também as tropas venezianas. Em 1510 o Papa abandonou a aliança, com receio do aumento de poder do imperador e aliou-se a Veneza, formando a Santa Liga. Fernando de Aragão tornou-se neutral. As forças papais tomaram  Modena e Mirandola, em Janeiro de 1511, mas os franceses tomaram Bolonha, em Maio. Em Outubro seguinte Fernando de Aragão, completando o volte face, aliou-se a Veneza e ao Papado contra Luís XII de França, tendo o apoio de Henrique VIII de Inglaterra. Após a vitória francesa de Ravena, na Páscoa de 1512 o imperador e os cantões suíços aderiram também à aliança contra a França, obrigando as forças de Luís XII a abandonar Milão em Maio. Num congresso da Liga de Mântua, os espanhóis obrigaram os florentinos a aceitarem novamente os Médicis e a aderirem à Liga. Milão foi entregue a Maximiliano Sforza, filho de Ludovico. A guerra continuou até que a derrota dos franceses em Novara, em 6 de Junho de 1513, permitiu a assinatura da paz.

1513 - 1521. Pontificado de Leão X, cardeal Médicis, filho de Lourenço o Magnífico. O começo da Reforma na Alemanha, em 1517, deu-se no seu pontificado. Não teve consciência da gravidade da situação e a sua solução foi banir Lutero.

1515 - 1516. Francisco I, duque de Angoulême, sucessor de Luís XII no trono francês, continuou a política italiana dos seus predecessores e concluiu uma aliança com Henrique VIII de Inglaterra e Veneza, contra o imperador, o papado, Fernando de Aragão, Milão, Florença e os cantões suíços. O rei francês conseguiu uma grande vitória na batalha de Marignano, em 13 de Setembro de 1515, o que lhe valeu a recuperação de Milão. O Papa assinou a paz, entregando Parma e Piacenza em troca da Concordata de Bolonha. Carlos I de Espanha, o futuro imperador Carlos V, título pelo qual ficará conhecido, sucessor de Fernando o Católico, seu avô, nas possessões da Coroa de Aragão, e de sua mãe, Joana a Louca, nas possessões da Coroa de Castela, concluiu o Tratado de Noyon, em 13 de Agosto de 1516, pelo qual a França reteve Milão, mas desistiu das pretensões a Nápoles. O imperador Maximiliano entregou Brescia e Verona a Veneza após um pagamento em dinheiro.

1522 - 1523. Pontificado de Adriano VI, de Utrecht, o último Papa não italiano até ao pontificado de João Paulo II, eleito em ... Regente de Espanha em nome de Carlos V, ao tempo da sua eleição, tentou reformar a Cúria Romana e reconciliar Carlos V com Francisco I, para unificar a Cristandade na luta contra os turcos. Os seus esforços tornaram-no impopular em Itália.

1522 - 1529. Primeira guerra entre Habsburgos e Valois. O Papa e a Inglaterra apoiaram Carlos V contra Francisco I. Depois de serem expulsos de Milão, Parma e Piacenza os franceses foram derrotados em Bicocca, em 27 de Abril de 1522, e mantiveram-se unicamente na cidadela de Milão. Em Maio tiveram de evacuar Génova, a sua principal base naval. Em Outubro de 1524 Francisco I invadiu novamente a Itália, com um grande exército. Retomou Milão em 29 de Outubro, conseguindo que o Papa mudasse de aliança, aliando-se à França.

1523 - 1534. Pontificado de Clemente VII, cardeal Médicis, foi incapaz de solucionar a revolta religiosa na Alemanha e de se manter equidistante no conflito franco-espanhol pelo domínio de Itália.

1525, 24 de Fevereiro de. A Batalha de Pavia, o mais importante encontro das guerras de Itália, confrontou o exército espanhol comandado pelo Condestável de Bourbon, nobre francês que se opunha ao rei, e pelo marquês de Pescara ao exército francês comandado pelo próprio rei francês, Francisco I, que foi feito prisioneiro. Enviado para Madrid aí assinou o Tratado de Madrid de 14 de Janeiro de 1526, pelo qual se obrigou a desistir das suas pretensões em Itália, desistir da Borgonha e abandonar a sua suserania sobre o Artois e a Flandres. O tratado foi repudiado logo que Francisco I foi posto em liberdade.

1526. 22 de Maio. A Liga de Cognac, uma coligação entre Francisco I, o Papa, Francisco Maria Sforza de Milão, sucessor do irmão Maximiliano e filho de Ludovico, Veneza e Florença contra Carlos V e os espanhóis. O objectivo da Liga era restaurar o statuo quo de 1522, tentando controlar o ascendente espanhol em Itália após a batalha de Pavia. Os espanhóis expulsaram Sforza de Milão, em Julho e atacaram Roma em Setembro. O Papa Clemente VII não pôde evitar

1527, 6 de Maio de. o saque de Roma pelos soldados espanhóis e mercenários alemães do exército de Carlos V. O saque foi horrível, mesmo de acordo com os padrões da época, tendo acabado com a preeminência de Roma no Renascimento. O próprio Papa foi feito prisioneiro.

1527, 17 de Maio de. Florença revoltou-se contra os Médicis, que foram expulsos novamente, tendo sido proclamada a República. Génova também se revoltou contra os franceses, passando a ser dirigida pelo almirante Andrea Doria, a partir de Setembro de 1528, de acordo com uma constituição republicana. Os franceses invadiram a Lombardia, em Outubro, e dirigiram-se para o Sul de Itália. O Papa que se tinha refugiado em Orvieto, em Dezembro, fez a paz com Carlos V, por meio do Tratado de Barcelona de 29 de Junho de 1529, pelo qual os Estados da Igreja foram restabelecidos assim como o governo da família Médicis em Florença. A guerra acabou com a assinatura do 

1529, 3 de Agosto de. Tratado de de Cambrai (Paix des dames, porque foi negociada por Margarida de Áustria, tia de Carlos V e por Luísa de Sáboia, mãe de Francisco I). Francisco I renunciou novamente às suas pretensões em Itália e a suserania sobre o Artois e a Flandres. Veneza foi obrigada a devolver as conquistas (cidades da Apúlia, Ravena, etc.). O ducado de Milão foi entregue a Francisco Maria Sforza, mantendo Carlos V a cidadela. Florença foi obrigada, após um cerco que durou oito meses, a aceitar de novo Alexandre de Médicis, como duque hereditário. Em 23 de Fevereiro de 1530 Carlos V foi coroado Imperador e Rei de Itália pelo Papa.

1534 - 1549. Pontificado de Paulo III, cardeal Farnese. Para além da reforma do Papado, para a qual contribuiu decisivamente ao nomear prelados devotos para o colégio cardinalício, a sua outra grande preocupação foi o engrandecimento da família. Reconheceu oficialmente a Sociedade de Jesus, em 27 de Setembro de 1540. Em 1545 abriu o Concílio de Trento, que começou a reforma da Igreja sobre a direcção dos Jesuítas, e que durou até 1563.

1535. A morte de Francisco Sforza deu origem ao problema da sucessão do ducado de Milão. Carlos V reclamou a suserania mas os franceses invadiram a Itália e tomaram Turim, em Abril de 1536. Após a invasão da Provence pelos imperiais, a trégua de Nice foi assinada por um período de dez anos. Reafirmou as decisões do Tratado de Cambrai, mas o exército francês manteve a ocupação de dois terços do Piemonte, mantendo o imperador Carlos V o restante território.

1537 - 1574. Cosme de Médicis, herdou o ducado de Florença, incorporando Siena nos seus domínios em 1555 e tornando-se grão-duque em 1569.

1542 - 1544. A Guerra entre Francisco I e Carlos V, mesmo tendo a Flandres e o Rossilhão como campos de combate teve repercussões em Itália. O Tratado de Crespy, de 18 de Setembro de 1544, levou ao abandono de qualquer pretensão francesa ao trono de Nápoles, entre outras decisões.

1547. Conspiração de João Luís Fieschi contra o governo dos Doria em Génova. Apoiado pela França Fieschi consegue apoderar-se da cidade, assassina Gianettino Doria, sobrinho de Andrea, e obriga este a fugir. A conspiração acaba devido ao afogamento de Fieschi, e o almirante Andrea Doria retoma o governo de Génova, como doge da República.

1550 - 1555. O pontificado de Júlio III, cardeal del Monte, foi um retrocesso voltando-se aos pontificados típicos da Renascença.

1553 - 1580. Manuel Filisberto de Sabóia alia-se a Carlos V e consegue recuperar os seus domínios em 1559, ocupados pela França desde 1536.

1555 - 1559. Pontificado de Paulo IV, cardeal Caraffa, originário de Nápoles. Um reformador sincero e enérgico, foi um dos principais inspiradores da política da Contra-Reforma. Os poderes da Inquisição foram aumentados e em 1559 foi divulgado o primeiro índice de livros proibidos - o Index.

1556. Aliança entre o Papa Paulo IV e Henrique II de França para ocupar Nápoles. O exército francês comandado pelo duque de Guise invadiu a Itália e foi obrigado a retirar devido à derrota na batalha de St. Quentin, em 1557. Esta batalha vencida pelo duque de Alba terminou de facto a luta da França pelo domínio da Itália. Milão tornou-se parte da coroa espanhola, enquanto domínio do Império.

1559 - 1565. Pontificado de Pio IV, cardeal Médicis. O pontificado foi influenciado decisivamente pela influência do sobrinho Carlo Borromeo, arcebispo de Milão, tendo sido feito a paz entre o papado e Carlos V e sido concluído o Concílio de Trento.

1559, 3 de Abril de. O Tratado de Cateau-Cambrésis, implicou o abandono das possessões francesas em Itália, exceptuando-se Turim, Saluzzo e Pignerol. Margarida, irmã de Henrique II de França, devia casar com Manuel Filisberto de Sabóia.

 

Anterior: A Itália no Século XV

Fontes principais:

William L. Langer,
An Encyclopedia of World History,
Boston, Houghton Mifflin, 1968

António Augusto Simões Rodrigues (dir.),
História Comparada: Portugal, Europa e o Mundo. Uma Visão Cronológica,
Lisboa, Temas e Debates, 1997

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