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Futebol Ténis Râguebi Boxe Ciclismo Automobilismo Natação Os espectáculos de competição, normalmente apelidados de desportivos, sempre tiveram espectadores muito fiéis. Num ano de inflação galopante, que deixou os consumidores de outros produtos e serviços de bolsos vazios, os fãs destes espectáculos continuaram a dirigir-se para as arenas da sua predilecção em números cada vez maiores, e a desembolsar sem pestanejar cada vez mais dinheiro para assistir aos espectáculos. O mundo desportivo tem, de facto, uma magia muito especial. E em 1974, no meio do caos económico e das crises políticas, proporcionou alguns bons momentos de fuga da dura realidade do dia-a-dia. A fase final do Campeonato do Mundo de Futebol, organizado pela Alemanha ocidental, proporcionou uma nova visão do jogo, devido à importância dada à defesa, levando a um jogo mais fechado e com menos golos, mas espectacular como sempre. O jogo da final, entre a Alemanha e a Holanda, demonstrou bem as novas características, mostrando a ineficácia do ataque holandês, dirigido por Johann Cruyff, contra a bem organizada e numerosa defesa alemã dirigida pelo capitão da equipa, o defesa especialisado em jogar a libero, Franz Beckenbauer. A Alemanha ganhou 2-1, com um penalty para cada lado. Para não destoar dos outros jogos do Mundial, a Polónia venceu o jogo com o Brasil, para o terceiro lugar, marcando um golo solitário. Nas competições internacionais de clubes, o Bayern de Munique ganhou o torneio, vencendo na final o Atlético de Madrid, e o Magdeburgo, outro clube alemão ocidental, ganhou a Taça de Vencedores de Taças, ao vencer o Milão. Na Taça da UEFA venceu o clube holandês Feyenoord, vencedor do Tottenham.O ano futebolístico também foi marcado pela polémica lançada pelo novo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange, que propôs o aumento do número de selecções presentes nas fases finais dos campeonatos do mundo para permitir a participação de países do Terceiro Mundo. As federações europeias opuseram-se ao aumento, e ameaçaram sair da FIFA, e criar o seu próprio campeonato, se Havelange levasse avante a sua proposta. As ligações das grandes competições à política tornaram-se mais evidentes quando Israel foi boicotado durante os Jogos Asiáticos e, na Taça Davis, a equipa de ténis indiana se recusou a jogar com a equipa branca, devido à política de apartheid, da África do Sul. É que, como disse o secretário da Federação Indiana de Ténis, «o princípio de oposição ao apartheid é mais importante que um qualquer campeonato.»
A Taça Davis, uma competição entre selecções nacionais, muito prestigiada na época viu as principais potências do ténis, os Estados Unidos da América e a Austrália serem eliminadas da competição, pela Colômbia e a Índia, respectivamente. Porquê? Porque os principais tenistas dos dois países não estavam disponíveis para as selecções, por estarem a jogar no circuito profissional. No Torneio de Roland Garros, em terra batida, a sensação foi Bjorn Borg, um tenista sueco de 18 anos, que ao ganhar o jogo da final ao espanhol Miguel Orantes se tornou o mais jovem jogador a consegui-lo. Voltará a ganhar o torneio de Paris no ano seguinte, perdendo nesse ano em todo o torneio um único set. Em Wimbledon, que ganhará em 1975 e 1976, Borg foi eliminado na terceira ronda, mas teve que ser protegido das fãs britânicas pela polícia. Quem ganhou Wimbledon, torneio inglês em relva, foram os americanos Chris Evert, de 20 anos, e o seu noivo Jimmy Connors. Chris Evert ganhou nesse ano 7 torneios, tendo perdido o Open dos EUA, em Forest Hills.
O Torneio das Cinco Nações em Râguebi, juntando a Inglaterra, a Escócia, a Irlanda e o País de Gales à França, foi ganho pela Irlanda, selecção conjunta das duas Irlandas, que o não ganhava desde 1951, desafiando assim pontualmente a hegemonia galesa no râguebi dos anos 70. De facto, a selecção do País de Gales, dirigida por Gareth Edwards, Phil Bennet, John Davies e J.P.R. Williams, que tinha ganho o torneio em 1969, 1970 (ex-aequo com a França) e em 1971, perdeu a possibilidade de ganhar novamente o torneio ao perder com a selecção inglesa (com quem não perdia desde 1963) em Twickenham por 16 - 12. Gales voltaria às vitórias em 1975, ganhando o Torneio das Cinco Nações também em 1976 e novamente em 1978 e 1979. Ás 4 da madrugada do dia 30 de Outubro, em Kinshasa, no Zaire, em frente de 60.000 outros madrugadores e de milhões de telespectadores à volta do mundo, Mohamed Ali, o antigo Cassius Clay, com 32 anos de idade, combateu o campeão do mundo de pugilismo em pesos pesados George Foreman, de 25 anos e o favorito numa proporção de 3 para 1 nos corretores de apostas. Ali rezou a Alá imediatamente antes do som do gongo, e ao oitavo assalto Foreman foi ao tapete não se tendo levantado até ao fim da contagem. Ali não venceu Foreman usando a sua antiga técnica, que a célebre frase resumia - «mexe-se como uma borboleta, ataca como uma abelha» - , mas mantendo-se nas cordas e defendendo-se dos ataques do adversário, cansando-o.
O combate, organizado pelo próprio presidente Mobutu, e que rendeu tanto a Ali como a Foreman 10 milhões de dólares, serviu bem os intentos do presidente do Zaire ao dar a conhecer ao Mundo o Zaire. As três grandes provas velocipédicas internacionais - as Voltas à Espanha, à Itália e à França, foram dominadas pela dupla Fuente / Merckx. José Manuel Fuente ganhou a Volta à Espanha, e dominou a primeira parte da Volta à Itália, ficando em segundo lugar no final; Merckx, ganhou tanto a Volta à Itália como a Volta à França, tendo no veterano Raymond Poulidor o seu mais próximo concorrente, na Volta à França. O Campeonato do Mundo de Fórmula Um foi ganho pelo segunda vez pelo brasileiro Emerson Fittipaldi, no seu célebre McLaren, que aparecia pela primeira vez com as cores encarnada e branca da marca de tabaco Marlboro, e que realizava a dupla vitória, a primeira para a McLaren, ao ganhar tanto o campeonato de condutores como o de construtores. No Campeonato Mundial de Ralis o domínio foi do Lancia Stratos conduzido na maior parte dos ralis em que participou por Sandro Munari, condutor que ganharia em 1977 a primeira taça de condutores de ralis da Federação Internacional Automóvel (FIA).. Os campeonatos mundiais de natação de Viena viram a equipa feminina da República Democrática Alemã (RDA), liderada por Kornelia Ender, que em 1976 se tornaria a primeira nadadora a ganhar quatro medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, bater 12 recordes mundiais, 10 dos quais se mantiveram até ao fim da competição. O sucesso inesperado das oito nadadoras alemãs medalhadas levantou uma acesa polémica em torno dos métodos de treino e dos prováveis tratamentos hormonais a que eram sujeitas, sem outro objectivo que não fosse o produzir atletas-recordes que servissem os interesses da propaganda ideológica da RDA. Esta equipa ganharia quase todas as medalhas de ouro das provas de natação feminina nos Jogos de Montreal, realizados em 1976, ateando ainda mais a polémica, e confirmando o que se pensava desde 1974, que as nadadoras eram drogadas. As meras hipóteses da época, foram confirmadas com a abertura dos arquivos da STASI (a polícia política alemã oriental) devido à reunificação alemã de 1990, e pelas declarações de muitas das atletas vítimas destes métodos de treino finalmente livres de qualquer perseguição.
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O
Mundo em 1974 |
Bjorn Borg
Gareth Edwards
Mohamed Ali.