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Memórias do Conde do Lavradio,
Nota: As ligações no texto remetem para entradas no «Portugal - Dicionário histórico».
19 de Novembro de 1853. – Très urgent: J'ai l'honneur de vous annoncer avec le plus profond chagrin que Sa Majesté la Reine de Portugal est morte en couches le quinze à midi. Le Roi est déclaré Régent. Lisbonne était tranquille. [Tradução: Muito urgente: Tenho a honra de vos anunciar com o mais profundo pesar que Sua Majestade a Rainha de Portugal morreu de parto no dia quinze ao meio-dia. O Rei foi declarado Regente. Lisboa estava tranquila.] Eis aqui o telegrama que às dez horas e meia da noite recebi do Ministro de Portugal em Paris! A fatal notícia de prematura morte de Sua Majestade, a Senhora D. Maria II, minha augusta e saudosa Soberana, causou-me uma tão profunda mágoa e perturbou por tal modo o meu espírito, que julguei não poder continuar a desempenhar os meus deveres de Chefe desta Legação. Tive a honra de servir a Senhora D. Maria II desde o começo do seu reinado; muitas mercês recebi de Sua Majestade, e em mais duma circunstância difícil tive a honra de gozar da sua confiança, e, entre muitas provas de confiança, aquela que eu mais prezo foi a de me encarregar de negociar o seu casamento com el-rei D. Fernando, que durante quase dezoito anos fez a ventura de Sua Majestade. Logo que recuperei um pouco as forças que tão fatal notícia me havia feito perder, escrevi a Clarendon 1, remetendo-lhe uma cópia do despacho telegráfico, que havia recebido de Paris, e pedindo-lhe que o levasse ao conhecimento da Rainha 2 e me recebesse com urgência 3. 26 de Novembro de 1853. – Depois da fatal notícia recebida na noite de 19, pode-se bem imaginar em que estado fiquei e o grande esforço que me foi necessário para meditar sobre o que deveria fazer. No dia 21 tive uma conferência com Lorde Clarendon, o qual, depois duma longa conversação, concluiu dizendo-me que o novo Rei de Portugal, o Regente e o Governo 4 podiam contar com o decidido e enérgico apoio do Governo Britânico 5. Posto que eu tivesse plena confiança na fidelidade dos Portugueses, sabendo que a Nação vizinha quase sempre aproveita as nossas desgraças para nos inquietar, lembrei a Clarendon a conveniência de mandar para o Tejo algumas embarcações de guerra com as devidas instruções. Lembrei-lhe que também seria conveniente que Sua Majestade Britânica mandasse a Lisboa cumprimentar El-Rei e o Rei Regente, pelo falecimento de Sua Majestade, a Rainha. Clarendon disse-me que meditaria sobre tudo quanto eu lhe havia dito e que, depois de consultar os seus colegas e de haver recebido ordens da Rainha e de eu e ele havermos recebido notícias de Lisboa, resolveríamos o que convinha fazer. No dia 22 recebi a seguinte carta de Clarendon:
A minha conferência com Clarendon teve lugar na segunda-feira depois das ditas horas da tarde: menos de quarenta e oito horas depois estão já a caminho para Lisboa dois barcos de vapor de guerra e uma fragata, e em breve uma esquadra! Tomei sob a minha responsabilidade fazer estes pedidos, para mostrar aos perturbadores da ordem pública, quaisquer que eles sejam, que não podiam levantar a cabeça impunemente. A respeito das intrigas ibéricas, sobretudo, é necessário ter o maior cuidado, e desconfio que o Governo não está bem informado de tudo quanto há a este respeito 6. A Rainha tem dado as maiores provas do seu sentimento: não só mandou cessar todos os festejos na Corte, mas até ordenou que as músicas das Guardas não tocassem até segunda ordem, e determinou que a Corte se vestiste de luto durante oito semanas, facto extraordinário nesta Corte, onde os lutos não podem ser muito longos, em atenção aos interesses da indústria e do comércio. O Príncipes da Família Real, o Corpo diplomático e altos funcionários têm-se apressado a testemunhar-me o seu sentimento. Entre os membros do Corpo diplomático, devo mencionar particularmente; pelas expressões que me dirigiram, os Ministros do Brasil, da Bélgica, da Espanha e dos Países-Baixos. O Conde de Colloredo, Ministro da Áustria, veio aqui para me exprimir, da parte do seu Soberano, o sentimento que ao Imperador 7 havia causado o falecimento da Rainha, sua augusta prima, da qual pouco antes havia recebido tão decididas provas de interesse, por ocasião da tentativa de assassinato contra ele. Todos os Portugueses residentes em Londres vieram imediatamente à Legação testemunhar o seu sentimento. No dia 23 Clarendon comunicou-me que a Rainha havia nomeado para ir a Lisboa Lorde de Tabley 8, gentil-homem de sua Câmara (Lord in Waiting) e que no mesmo paquete iria também o Coronel Wylde 9, groom of the Bed-Chamber do Príncipe Alberto. Os Turcos fizeram uma brilhante campanha 10, e, ainda que pelo andar do tempo venham a ser batidos pelos Russos, nem por isso ficará menos provado que eles se não acham na decadência que se lhes supunha. Apesar de tudo isto, é certo que neste momento os Governos Inglês, Francês e Austríaco estão fazendo grandes diligências para renovarem as negociações. O Governo Austríaco teme, mais que todos, a guerra, e tem razão porque está rodeado de inimigos nos seus próprios Estados, e porque a sua situação financeira é miserável. Conveio, pois, o Governo Austríaco em que os Governos Inglês e Francês tomassem a iniciativa nas negociações, e que até fossem eles que indicassem a forma das propostas que se deveriam fazer ás duas Potencias beligerantes. O Imperador da Rússia 11, reconhecendo que toda a Europa está contra ele, deseja achar meio de fazer a paz, sem quebra da sua dignidade. A reconciliação dos dois ramos de Família Bourbon 12 parece ser um facto, e creio que tem inquietado o Imperador dos Franceses 13, o qual atribui esta reconciliação a manejos do Imperador da Rússia, com vistas hostis ou, pelo menos, ameaçadoras para o actual estado de coisas em Franca. 27 de Novembro de 1853. – Com a data de ontem, recebi de Lorde Clarendon uma nota em resposta à que eu lhe enviara em 17 14. 28 de Novembro de 1853. – Sobre a morte da Rainha, escreve-me minha irmã, Duquesa de Ficalho:
30 de Novembro de 1853. – Foi enviada a Lorde Clarendon uma petição feita pela Sociedade de Aliança Protestante 16. Esta petição foi proposta, discutida e aprovada numa reunião que teve lugar ontem e que foi presidida pelo fanático Lorde Shaftesbury 17; o qual abriu a sessão com um discurso cheio de falsidade a respeito de Portugal, e de miseráveis injurias, indignas dum homem que ocupa na sociedade uma posição elevada. O Times de hoje traz não só o discurso de Lorde Shaftesburv, mas os dos outros membros da intolerante e insolente Associação, como o são, talvez sem uma só excepção, todas as Associações protestantes de Inglaterra, que pretendem fazer reviver os tempos da Rainha Isabel 18 e do Protector Cromwell 19. Tanto na petição, como no discurso de Shaftesbury, nenhuma menção se faz do artigo do Código Penal, que é relativo aos estrangeiros, e isto não foi por ignorância, mas sim por má-fé, pois muito poucos dias antes da reunião tinha eu tido uma longa conversação com Lorde Shaftesbury, e não só lhe tinha explicado que o novo Código, longe de agravar as penas por ataques contra a religião do Estado, as tinha modificado notavelmente, e que para com os estrangeiros tinha sido de uma brandura sem igual em países católicos. Passei depois a referir-me à tolerância que tínhamos para com os Protestantes e a liberdade religiosa de que eles gozavam em Portugal. Pareceu-me, pois, que o tinha deixado convencido, e creio que o deixei, mas a Lorde Shaftesbury e aos seus sócios não lhes basta tolerância: o que eles pretendem é protestantizar Portugal, para ali estabelecerem melhor o seu domínio. Eu julguei não dever responder aos despropósitos de Shaftesbury, mas preveni Clarendon de que, se ele desse algum seguimento à petição da Aliança Protestante, as suas representações, à vista do discurso de Shaftesbury, seriam repelidas pelo Governo Português com a máxima indignação; que nem o Governo Português nem as Cortes se deixariam jamais influir pelas deliberações tomadas por uma reunião de fanáticos numa taverna de Londres; que em Portugal nunca se havia feito representação alguma contra os actos do Parlamento relativos aos Católicos. Lorde Woodhouse, a quem eu disse tudo isto e muito mais, procurou acalmar a minha indignação, que reconheceu justa, assegurando-me que Clarendon havia de proceder conforme a razão e não conforme as exigências duns poucos de loucos, que eram na verdade muito incómodos. Nesta mesma ocasião disse a Woodhouse que havia de responder concludentemente a todos os argumentos empregados por Clarendon na sua nota de 28, e que me não seria difícil provar as contradições do Capitão Wilmot 20, a errada inteligência dada aos tratados, e finalmente os direitos da Coroa de Portugal ao Ambriz, Molembo, Cabinda, etc. Convêm aproveitar esta ocasião para estabelecer duma maneira incontestável os direitos da Coroa de Portugal a toda a Costa ocidental da Africa do Sul desde o quinto grau até ao décimo oitavo. 1 de Dezembro de 1853. – A propósito do meeting da Aliança Protestante e do discurso de Lorde Shaftesbury, dirigi hoje a Palmerston 21 a seguinte carta:
3 de Dezembro de 1853. – Tendo-me participado o Chefe da Agencia Financial em Londres que os vogais da Junta do Crédito Publico lhe haviam ordenado por uma Portaria que, em lugar de anunciar para o próximo mês de Janeiro o pagamento dos dividendos da Dívida Externa, o anunciasse para o mês de Fevereiro, sendo esta resolução contraria à solene promessa ainda há pouco feita aos credores, e achando-se, além disso, esta promessa consignada nos bonds de 3 % da nova conversão, por mim assinados, oficiei imediatamente ao Governo para que a Portaria da Junta fosse revogada. Mostrei-lhe que, se assim não fizesse, o nosso crédito, que ainda hoje está bem fraco, ficava completamente arruinado; que o Governo sofreria ataques que ninguém poderia defender; que o Banco de Amesterdão, um dos mais notáveis da Europa e que empresta dinheiros sobre fundos estrangeiros, declarara que nenhuma soma emprestaria sobre os fundos portugueses, enquanto se não pagasse o dividendo; que, estando a minha assinatura nos novos bonds, eu seria forçado a retirar-me de Londres, que era a única satisfação que poderia dar aos credores da Dívida Externa. Em toda a ocasião, esta falta de cumprimento duma promessa tão solene e tão recentemente feita, seria uma desgraça, mas nas presentes circunstâncias, no princípio dum novo reinado, seria uma calamidade sem remédio. 8 de Dezembro de 1853. – Sua Majestade Britânica, sempre desejosa de dar provas da saudosa memória que conserva da Rainha D. Maria II, do afecto que tem ao Senhor D. Pedro V e ao Regente, seu primo, tendo calculado que o paquete deveria chegar no domingo, 4, e que eu, por ele, deveria receber a minha nova credencial, mandou-me convidar para passar dois dias no Paço de Osborne, onde recebi de Sua Majestade, do Príncipe Alberto 22 e da Duquesa de Kent 23 as maiores honras possíveis 24. Chegou, com efeito, a credencial, e na tarde de segunda-feira, 5, fui recebido em audiência particular, sendo introduzido, na forma do costume, por Lord Clarendon. À Rainha, quando eu entrei no seu Gabinete, encheram-se-lhe os olhos de lágrimas, e custou-lhe a pronunciar as primeiras palavras, e eu confesso que me aconteceu o mesmo. A Rainha renovou-me as expressões do seu sentimento pela morte da Senhora D. Maria II e os votos que fazia pela felicidade e gloria de El-Rei, o Senhor D. Pedro V, e de seu Augusto Pai, El-Rei D. Fernando, e da Nação Portuguesa. O Príncipe consorte, que, segundo o costume, se achava presente, apresentou-me expressões semelhantes às de que a Rainha se havia servido. Logo depois tive uma audiência particular da Senhora Duquesa de Kent, e seria longo referir os testemunhos que Sua Alteza me deu do sentimento pela morte da Rainha e do afecto pelos Reis, seus sobrinhos. Quando a Corte está em Osborne, não é costume demorarem-se naquele Paço os Ministros Estrangeiros, que ali vão entregar as suas credenciais ou quaisquer outras cartas dos seus respectivos Soberanos; porém, a Rainha, que não cessa de fazer-me distinções, em atenção a Suas Majestades, determinou que eu ficasse naquela residência Real até ao dia seguinte, fazendo-me as maiores honras possíveis e dando-me o seu retrato e os de todos os Príncipes da sua Família. Perguntou-me por meu irmão, e o que tinha feito nesta triste ocasião; respondi-lhe que, apesar de conservar as suas opiniões, me tinha escrito duas cartas em que me mostrava o seu sentimento pela morte da Rainha, reconhecendo as virtudes desta Senhora, e que até teria assistido ao funeral, se não estivesse doente. Acrescentei, depois, que, segundo me constava, todo o partido miguelista se tinha portado nesta ocasião com muita decência, e até mesmo o jornal desse partido, que quase sempre era mais que inconveniente, tinha publicado um artigo que: me não havia desagradado. Seria para desejar que a inauguração do novo reinado servisse para reconciliar toda a Família Portuguesa. O Regente tem muitas virtudes, e El-Rei D. Pedro V óptimas disposições e admirável educação. No dia 6 voltei para Londres com Lorde Clarendon, tendo Sua Majestade determinado que o mesmo barco de vapor da Marinha Real, que me tinha conduzido de Southampton à Ilha de Wight, me reconduzisse. Tendo passado muitas horas com Clarendon, aproveitei-as para lhe dar esclarecimentos sobre os negócios pendentes, e discutimos largamente a importante questão dos direitos da Coroa de Portugal à parte da Costa Ocidental de África, que jaz entre os quinto e oitavo grau, mostrando-lhe eu a necessidade que havia de resolver esta questão para evitarmos discussões desagradáveis e muito inconvenientes para a harmonia que, sobretudo no tempo presente, deve existir entre os dois Governos, tão intimamente ligados pelos interesses políticos e comerciais. Clarendon conveio comigo, e seria talvez esta a ocasião de resolver o negócio, se a questão do Oriente não absorvesse tanto a atenção do Gabinete. A conservação da paz vai-se tornando cada vez mais difícil, O desideratum para Portugal é a conservação da neutralidade, mas poderá ela conservar-se? Só os acontecimentos hão-de resolver esta questão. 16 de Dezembro de 1853. – Ontem, 15, mandei celebrar na capela da Baviera (Warwich Street, Golden Square) um ofício e missa solene por alma da Senhora D. Maria II. Achando-se ainda em Roma o Cardeal Wiseman 25, convidei para fazer o pontifical o Dr. Morris 26; Bispo de Troy, e Bispo in partibus, que em tempo havia pertencido à capela da Embaixada de Portugal. Assistiram a esta cerimónia Sua Alteza Imperial, a Arquiduquesa Princesa de Salerno, tia da Senhora D. Maria II, e Suas Altezas Reais, o Duque e Duquesa de Nemours 27 e Duque d'Aumale 28. A Duquesa d'Aumale não pôde assistir, por estar incomodada de saúde. Assistiram também todos os membros do Corpo diplomático, que se não achavam incomodados de saúde, todos os Portugueses, até os miguelistas e até o Saraiva, todos os súbditos brasileiros, e muitas outras pessoas de distinção. Concorreu quase todo o clero de Londres e suas vizinhanças, e entre eles, se achava, com lugar distinto, o Dr. Tavares (Sacra-Família). Estava tudo muito decente, apesar dos meus poucos meios, e a cerimónia foi muito grave e devota. Tinha tencionado convidar todos os grandes funcionários do Estado e do Paço, mas, reconhecendo a grande animosidade que ultimamente aqui se tem manifestado dos Protestantes contra os Católicos e não querendo comprometer aqueles funcionários nem expôr-me a uma recusa, resolvi não os convidar, mas, antes de tomar esta resolução, consultei muito confidencialmente Lorde Clarendon, o qual me disse que ele e todos os seus colegas desejariam dar todas as possíveis demonstrações de sentimento pela morte da Senhora D. Maria II, Rainha de Portugal, e de respeito por Suas Majestades, mas que me não encobria que a presença do Gabinete e dos Oficiais-Mores da Corte num templo católico podia, nas presentes circunstâncias, dar lugar a severas críticas e a declarações incómodas da parte dos Protestantes exaltados 29. Estas e outras reflexões convenceram-me da conveniência de me abster de mandar os meus convites. Esta minha prudente resolução foi muito apreciada, e homem mesmo ma veio agradecer Lorde Clarendon. Lorde Palmerston pediu ontem a sua demissão de Ministro do Interior. Nos Conselhos de Gabinete do mês passado tinha-se discutido o novo projecto de reforma de Lei eleitoral; Lorde Palmerston combatera as cláusulas ultraliberais que naquele projecto havia introduzido Lorde John Russell 30. Palmerston foi apoiado pela maioria do Gabinete, e Russell, não sem grande dificuldade, prometeu modificar o seu projecto, e, para esse fim, segundo o costume, nomeou-se dentre os membros do Conselho uma comissão composta dos seguintes: Duque de Newcastle 31, Ministro das Colónias, os Lordes Palmerston, Ministro do Interior, e John Russell, e Mr. Sidney Herbert 32, Secretário da Guerra. Prestou-se, com efeito, Lorde Russell a todas as modificações propostas, mas, quando todos julgavam que esta importante questão, que tão grandes dificuldades havia causado, estava terminada, propôs Palmerston uma nova clausula, da qual ainda não tenho conhecimento, que os seus colegas julgaram não poder adoptar. Lorde Palmerston insistiu, mas, não conseguindo a adopção da sua nova proposta, pediu a demissão. Estes são os factos; resta, porem, explicar, o que não é fácil, o verdadeiro motivo que Palmerston teve, em circunstâncias tão criticas, para se separar dos seus colegas. Não foi um capricho, porque um homem de Estado da ordem de Palmerston não se resolve por caprichos. Ele foi movido, não só pela questão interna, mas também pelas externas. Palmerston, na questão russo-turca, nunca esteve completamente de acordo com Aberdeen 33, e este, para conservar aquele na Administração, mais duma vez foi obrigado a modificar as suas opiniões. O que interessa agora saber é que posição tomará Palmerston na próxima sessão do Parlamento. Os tories desejam captá-lo, e é possível que ele entre num novo Gabinete com Lorde Derby 34. Por outro lado, é apoiado pelo partido liberal, sobretudo pela sua política externa. A aliança íntima da Inglaterra e da França é obra dele. Tudo isto e a sua grande popularidade e superior talento dão-lhe uma grande força no Parlamento, de que ele há-de usar em proveito seu, mas sem detrimento da Causa Pública, pois, se bem que as suas paixões sejam fortes, nunca se esquece dos deveres de homem de Estado. Deve também notar-se que a notícia da tomada da Esquadra Turca pela Russa chegou a Londres sábado passado, e na terça-feira seguinte Palmerston tinha tomado a sua resolução definitiva. Se o Imperador da Rússia se apressar a anuir às instancias e novas propostas das quatro grandes Potencias, ainda se poderá evitar uma guerra geral, mas, se não, deve recear-se que triunfe o partido da guerra, do qual o actual Governo Francês espera tirar grande partido, não obstante os protestos repetidos do seu desejo de conservar a paz. 23 de Dezembro de 1853. – Logo que se soube em S. Petersburgo a notícia da acção naval de Sinope 35 e da derrota dos Otomanos, comunicou o Conde de Nesselrode 36 esse despacho aos Ministros da Inglaterra e da França. O General Castelbajac respondeu-lhe que muito folgara com essa notícia, pela vitória alcançada pelos Russos, e porque era bom cristão. A surpresa foi grande, da parte do Conde Chanceler e do Imperador, e, no dia seguinte, foi o Ministro francês chamado à presença do Czar, o qual, acolhendo-o com a maior benevolência, lhe agradeceu as suas felicitações, fazendo-lhe muitos cumprimentos, e, entretendo-o por espaço de duas horas, largamente lhe falou sobre a questão oriental, dizendo-lhe que, se ele quisesse tratar da paz com o Sultão 37, não precisava, para esse efeito, de concorrer à Conferencia de Viena, onde duas das quatro Potências ali representadas lhe eram contrárias, não lhe sendo favoráveis as duas outras; que ele estava sobremaneira sentido de ver que a Áustria se portara com tal ingratidão; que da parte de seu cunhado, El-Rei da Prússia 38, não o surpreendia esse proceder, mas que ao Imperador dos Franceses, por quem sempre tivera a maior consideração e estima (!), não o podia ver ligado a esses infames revolucionários ingleses ... ; que sabia que isso provinha de que o Ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Drouyn de Lhuys39, era pessoa particularmente afeiçoada aos Ingleses; que não sabia por que razão eles se achavam ligados nesta conjuntura, quando os interesses eram tão diferentes. Mais e muito mais Ele teria contado ao General, que expediu imediatamente para Paris o Secretario de Legação, Conde de Rayneval, com despachos para informar o Imperador do ocorrido. 26 de Dezembro de 1853. – A resolução de Palmerston, tomada no momento em que acabava de chegar a importante noticia dos acontecimentos de Sinope, que necessariamente haviam de obrigar o Governo a tomar alguma importante e decisiva resolução, causou grande embaraço, sobretudo porque no principio se julgava quase impossível conseguir que Palmerston revogasse a sua primeira resolução. Todos, porem, reconheciam que, no momento actual, a falta deste homem de Estado no Gabinete era quase irreparável, tanto em relação à grande questão da política externa, como ás de política interna, não sendo de pouca monta as repetidas discussões entre o capital e o trabalho, que Palmerston, com a sua conhecida habilidade, tem até agora podido acomodar. Neste embaraço, Aberdeen ofereceu a Secretaria do Interior a Lorde John Russell, mas este, não só por motivos de delicadeza, mas também pelo receio de não ser reeleito pela cidade de Londres, não aceitou. Foi logo depois convidado Sir George Grey 40, que igualmente não aceitou, temendo também não ser reeleito e reconhecendo que o Gabinete, sem Palmerston, pouca duração poderia ter, depois de ter reunido o Parlamento. Então lembrou passar Sir James Graham 41 para o Interior e nomear Lorde Panmure 42 primeiro Lorde do Almirantado, mas fácil foi reconhecer que esta combinação não dava ao Gabinete a força de que ele carecia. Reconheceu-se, pois, a necessidade de negociar com Palmerston, oferecendo-se-lhe, sob a mediação do respeitável Marquês de Lansdowne 43, condições que ele não podia rejeitar, sem faltar ao que devia a si próprio e ao seu País. Será pois modificado o projecto de Reforma, e, na questão russo-turca, o Governo Inglês agirá duma maneira enérgica e decisiva, e sempre de perfeito acordo com a França, sua íntima alhada nesta questão. Logo que chegou aqui a notícia da derrota da Esquadra Turca, o Gabinete Inglês hesitou por algum tempo sobre a resolução que deveria tomar; o Governo Francês, tendo conhecimento desta hesitação, inquietou-se muito, mas não perdeu o tempo, e negociou com energia e habilidade para os seus fins, de sorte que quinta-feira passada, quando Lorde Palmerston ainda não estava resolvido a ficar no Gabinete, já este tinha decidido agir energicamente contra a Rússia, já tinha reconhecido que a destruição da Esquadra Turca, quase na presença das Esquadras dos seus poderosos aliados, era um insulto que pedia prometa e enérgica vingança. Que as
Esquadras combinadas Inglesa e Francesa vão entrar ou já entraram no Mar Negro
não é objecto questionável, mas não é ainda certo que as hostilidades
contra a Rússia comecem, sem alguma nova provocação da parte desta. A
guerra parece inevitável a todos os homens políticos, porque se não sabe como
o Imperador da Rússia poderá hoje, depois do que tem feito, recuar sem
desonra. Todas as consequências duma guerra geral ainda ninguém às pode
prever, mas conjectura-se que elas serão funestas para a ordem e muito nocivas
para a Civilização, que marchava com rapidez e que há-de retrogradar,
qualquer que seja o principio que triunfe. O
estado da Espanha 44 continua a ser assustador. A acção, que o Governo Francês
actualmente tem em Espanha, deve merecer toda a atenção. Esta acção é maior
do que geralmente se pensa, e tem por fim futuras combinações políticas que
podem pôr em risco a nossa independência. Lorde
de Tabley e o Coronel Wylde voltaram muito satisfeitos e, reconhecidos pela
maneira honrosa como foram recebidos pelo Regente, por D. Pedro V, pelos
Ministros dos Estrangeiros e do Reino e pelo Presidente do
Conselho. Fazem plena
justiça aos sentimentos que o Povo Português manifestou por ocasião da morte
da Senhora D. Maria II, e elogiam a boa ordem em que acharam o Reino. O Ministro dos Estrangeiros pede-me para conseguir que o segundo tenente da Armada, António de Sampaio Pina de Brederode, obtenha licença para servir temporariamente na Marinha Inglesa. Estas permissões são muito difíceis de obter, por serem contrárias ao sistema adoptado por este Governo. Eu já obtive uma destas licenças, mas custou-me trabalho, e devi-a, em grande parte, ao favor com que me tratava o então Primeiro Lorde do Almirantado, Duque de Northumberland 45. Com o actual tenho poucas relações. Clarendon nenhuma consideração deu à caluniosa petição dos fanáticos membros da Aliança Protestante, e, se lha desse e à reclamação me fosse dirigida, a minha resposta, como afirmei a Clarendon e a outros membros do Gabinete, estava prometa, e havia de ser enérgica e calculada para ser publicada. Este assunto considero-o terminado, com notável detrimento pata a respeitabilidade a que tem pretensões. o fanático e hipócrita Lorde Shaftesbury. Notas: 1. George Villiers, 4.º conde de Claredon (1800-1870), foi ministro dos negócios estrangeiros em quatro governos, de 1853 até 1870, tendo sido vice-rei da Irlanda, de 1847 a 1852, durante a Grande Fome na Irlanda. (regressar ao texto) 2. Rainha Vitória (1819-1901), rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda de 1837 a 1901, e Imperatriz da Índia a partir de 1876. (regressar ao texto) 3. «Le
19 Novembre 1853. Mon cher Lord Clarendon. Je viens de recevoir à l'instant, 10 1/2 du soir,
par télégraphe la dépêche suivante du Ministre du Portugal à Paris:
4. O governo era presidido pelo duque de Saldanha, que estava em funções desde 1 de Maio de 1851, data do início formal do período conhecido pela «Regeneração», e que acumulava a presidência com a pasta da Guerra. O ministro do reino era Rodrigo da Fonseca Magalhães, o dos Estrangeiros e Marinha e Colónias era o visconde de Atouguia, o das Fazenda e Obras Públicas era Fontes Pereira de Melo e o ministro da Justiça era Silva Pereira. Todos os ministros estavam em funções desde 1851, tirando Silva Pereira que tinha sido nomeado em 3 de Setembro de 1853, mantendo-se o governo com esta composição até ao Verão de 1856, data em que o ministério caiu. (regressar ao texto) 5. O Governo do conde de Aberdeen tinha sido empossado em
Dezembro de 1852, em resultado da coligação formada pelo partido
liberal (Whig) e
conservadores (tories) da antiga facção de Robert Peel.
(regressar ao texto)
6. O Conde do Lavradio tinha razão para chamar a atenção do Governo Britânico e
mostrar o seu receio de qualquer manobra da Espanha.
7. Francisco José (1830-1916), que tinha
sucedido ao seu tio o Imperador Francisco I em 1848, era primo direito de D.
Maria II, já que o seu pai, o arquiduque Francisco Carlos, era irmão da
arquiduquesa Leopoldina, mãe de D. Maria II, imperatriz do Brasil pelo seu
casamento com D. Pedro I. Francisco José tinha sido alvo de um atentado em
Viena, nesse mesmo ano de 1853 (regressar ao texto) 8. George Warren, 2.º barão de Tabley (1811-1887). (regressar ao texto) 9. O Coronel William Wylde (1788-1877) já era conhecido pelos políticos portugueses, tendo estado várias vezes em Portugal, a última das quais em 1846/47 durante a guerra civil da Patuleia como Comissário do governo britânico e representante pessoal da rainha Vitória, tendo participado nas conversações que deram origem à Convenção de Gramido. (regressar ao texto) 10. A Guerra russo-turca tinha sido declarada em 23 de Outubro, após a ruptura diplomática acontecida no mês de Maio anterior, e que tinha levado à ocupação dos principados danubianos da Valáquia e da Moldávia, sob domínio turco, pelo exército russo em Junho desse ano de 1853. As hostilidades começaram com a vitória do exército turco, comandado por Omar Pacha, na batalha de Oltenitza de 4 de Novembro, o que levou à evacuação dos principados pelo exército russo no Verão de 1854. (regressar ao texto) 11. Nicolau I (1796-1855), reinava desde 1825, sendo considerado a personificação do monarca autocrático, tendo acabado com a política de reformas começadas no reinado do seu pai. (regressar ao texto) 12. Reconciliação entre o ramo «legitimista» do conde de Chambord, neto do rei Carlos X de França, e o ramo «orleanista» do duque de Nemours, filho do rei Luís Filipe dos Franceses. (regressar ao texto) 13. Napoleão III, segundo filho de Luís Bonaparte, rei da Holanda, e de Hortense de Beauharnais, sobrinho de Napoleão I, tinha sido eleito presidente da república francesa em 10 de Dezembro de 1848, após o derrube do rei Luís Filipe de Orleães. Em Dezembro de 1851 tinha realizado um golpe de Estado que o manteve no poder contra as determinaçõess constitucionais, criando um regime ditatorial. Em 2 de Dezembro de 1852 restabeleceu o império, que ficará conhecido pelo Segundo Império. (regressar ao texto) 14. Segue-se, no original, a transcrição em inglês da Nota, que explicava as razões da realização de tratados de supressão da escravatura entre a Grã-Bretanha e os Reis de Cabinda e do Ambriz, e que tinham sido considerados por Portugal violações dos seus direitos soberanos. Por ser demasiado longa não a transcrevemos. (ver a nota 18) (regressar ao texto) 15. Francisco Elias Rodrigues da Silveira (1778-1864), primeiro médico da Real Câmara. (regressar ao texto) 16. A Evangelical Alliance, conhecida actualmente pelo nome de World's Evangelical Alliance, tinha sido criado em 1846 numa conferência internacional de dirigentes religiosos protestantes, em reacção contra o «Movimento de Oxford» na Igreja Anglicana que enfatizava a herança católica da igreja nacional inglesa. (regressar ao texto) 17. Anthony Ashley Cooper, 7.º conde de Shaftesbury (1801-1885), um dos mais importantes defensores de reformas sociais e laborais na Inglaterra do século XIX, era também reconhecido como chefe do movimento evangélico na Igreja de Inglaterra. (regressar ao texto) 18. A Rainha Isabel I (1533-1603), subiu ao trono de Inglaterra em 1558, após a morte da sua meia-irmã a rainha Maria, tendo restaurado o Protestantismo em 1559 com a promulgação da Lei da Supremacia, que restabeleceu as normas anti papais de Henrique VIII e declarou a rainha governadora suprema da igreja, e a Lei da Uniformização, que estabeleceu uma versão ligeiramente modificada do livro de orações de Eduardo VI. (regressar ao texto) 19. Oliver Cromwell (1599-1658), lorde protector de Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1653 a 1658 durante a República. Calvinista, as suas vitórias ajudaram a promover o puritanismo tanto na Grã-Bretanha como nas colónias inglesas da América do Norte. (regressar ao texto) 20. O Capitão Wilmot, comandante do brigue britânico Harlequim tinha entrado na barra do Bengo, em Janeiro de 1853, fazendo várias tentativas para levar chefes índigenas de Cabinda e do Ambriz a assinarem um tratado para a abolição da escravatura. Portugal ocupou efectivamente o Ambriz em Maio de 1855 e em Junho de 1856 as Cortes aprovaram um decreto que abolia a escravatura no distrito, assim como em Cabinda e Molembo, retirando qualquer pretexto à oposição britânica à ocupação portuguesa. (regressar ao texto) 21. Henry John Temple, 3.º visconde Palmerston (1784-1865), membro do partido liberal britânico (Whig), ministro do Interior no governo Aberdeen, foi primeiro ministro de 1855 a 1858 e de 1859 a 1865. Ministro dos Negócios Estrangeiros, por três vezes (1830-34, 1835-41, 1846-51), tinha tido uma importante acção durante a guerra civil da Patuleia de 1846-47, tentando que a Grã-Bretanha não interviesse na disputa. (regressar ao texto) 22. Alberto (1819-1861), príncipe consorte da Grã-Bretanha e Irlanda, pelo seu casamento com a rainha Vitória em Fevereiro de 1840, era membro da casa ducal de Saxe-Coburgo-Gotha. O príncipe Alberto era primo direito da mulher, por ser o segundo filho do duque reinante de Saxe-Coburgo-Gotha, irmão de Vitória, duquesa de Kent, assim como de Leopoldo I rei dos Belgas, pai de Leopoldo II, que reinava desde 1850, e de Fernando príncipe de Saxe-Coburgo-Gotha, pai de D. Fernando II de Portugal. (regressar ao texto) 23.
Vitória de Saxe-Coburgo-Gotha (1786-1861), casada com o duque de Kent era mãe da
rainha Vitória. A rainha foi a única neta que sobreviveu aos 15 filhos do rei
Jorge III. O duque de Kent, filho de Jorge III, irmão de Jorge IV e de Guilherme IV, nunca
reinou.
(regressar ao texto) 24. No dia 3 tinha recebido a seguinte carta de Clarendon:
25. Nicholas Patrick Stephen Wiseman (1802-1865), foi o primeiro cardeal residente em Inglaterra desde a Reforma, sendo o primeiro bispo de Westminster. Foi um dos principais dinamizadores do renascimento do catolicismo na Inglaterra do século XIX. (regressar ao texto) 26. John Morris (1826-1893). Estudante em Cambridge converteu-se ao Catolicismo em 1845, fazendo a sua Primeira Comunhão em 1846, o que provocou uma enorme sensação. Foi estudar para O Colégio Inglês de Roma, sendo ordenado padre em 1849. Em 1852 estava em Inglaterra à frente da nova diocese católica de Northampton. De 1852 a 1855 foi também vice-reitor do Colégio onde tinha estudado. Em 1867 entrou na Sociedade de Jesus, tornando-se jesuíta como ansiava à muito. (regressar ao texto) 27. Luís de Orleães (1814-1896), duque de Nemours, era o segundo filho do rei Luís Filipe de França, e conhecido pelas suas posições ultra-conservadoras, que o incompatibilizaram com as câmaras francesas. Era casado com a Princesa Vitória de Saxe-Coburgo-Gotha. Regressou a França após a queda do Segundo Império. (regressar ao texto) 28. Henrique de Orleães, duque de Aumale, era o quarto filho do rei Luís Filipe, e chefe dos Orleanistas, defensores de uma monarquia constitucional. Regressou a França em 1871 tendo sido eleito deputado. (regressar ao texto) 29. Private. For. Office. Dec. 10/53. - My dear Count Lavradio.
30. John Russell, 1.º conde Russell (1792-1878), liberal, foi primeiro-ministro de 1846 a 1852 e em 1865-66. Filho do 6.º duque de Bedford foi o principal defensor da lei de reforma parlamentar de 1832. Fora o Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo Aberden até ser substituído por lord Clarendon em 1853, transferindo-se para a pasta de Lord President of the Council, em que se manteve até à queda do governo, em 1855.(regressar ao texto) 31. Henry Pelham Clinton, 5.º duque de Newcastle (1811-1864). Tory da facção de Robert Peel, Secretary for War e das colónias no governo Aberdeen, com o começo da Guerra da Crimeia, em 1854, deixou a pasta das colónias. Em 1855 demitiu-se devido aos problemas com a direcção do exército britânico e foi para a Crimeia para tentar resolver a situação. (regressar ao texto) 32. Sir Sidney Herbert (1810-1861). Secretary at War do governo Aberdeen, a sua gestão do exército britânico foi muito criticada no princípio da Guerra da Crimeia, sendo-lhe apontado também o ser neto de um antigo embaixador russo em Londres. Mas finalmente, no fim da guerra a sua actuação foi vista de uma maneira mais positiva, tendo sido feito barão Herbert of Lea em 1860. Durante a Guerra da Crimeia convidará a sua amiga Florence Nightingale a ir tratar dos feridos britânicos, que necessitavam de cuidados que o exército britânico naquela época não lhes podia prestar. (regressar ao texto) 33. George Hamilton-Gordon, 4.º conde de Aberdeen (1784-1860), duas vezes ministro dos negócios estrangeiros em governos tory, e primeiro-ministro de 1852 a 1855. Chefe da facção Peel do partido conservador, quando este morreu em 1850, levou a Grã-Bretanha a declarar guerra à Rússia, dando origem à Guerra da Crimeia. (regressar ao texto) 34. Edward Stanley, 14.º conde de Derby (1799-1869). Dirigente do partido conservador de 1846 a 1868, foi primeiro-ministro em 1852, em 1858-1859 e de 1866 a 1868. (regressar ao texto) 35. Derrota de uma força naval turca ao largo do porto de Sinope, na costa turca do Mar Negro, em 20 de Novembro de 1853. (regressar ao texto) 36. Karl Vasilyevich, Conde de Nesselrode (1780-1862), nascido em Lisboa, filho de um aristocrata alemão que foi o primeiro embaixador da Rússia em Portugal, foi ministro dos negócios estrangeiros da Rússia de 1822 a 1856. (regressar ao texto) 37. Abdulmecide I (1823-1861), sultão desde 1839, promulgou dois importantes decretos que deram origem à Tanzimat («Reorganização»), continuando a política de reformas começadas pelo pai, Mamude II. (regressar ao texto) 38. Frederico Guilherme IV (1795-1861), rei da Prússia desde 1840. O imperador Nicolau tinha casado em Julho de 1817 com a princesa Carlota da Prússia (Alexandra quando se converteu à Ortodoxia), irmã de Frederico Guilherme. (regressar ao texto) 39. Edmond Drouyn de Lhuys (1805-1881), diplomata de carreira, foi eleito deputado em 1842, mantendo-se no parlamento francês até 1849. Embaixador em Londres em 1849, foi ministro dos negócios estrangeiros de Napoleão III por três vezes, em 1848, em 1851 e finalmente de 1852 a 1855. (regressar ao texto) 40. Henry George Grey, 3.º conde Grey (1802-1894), tinha sido Ministro da Guerra e das Colónias de 1846 a 1852, tendo promovido a descentralização governativa das colónias britânicas. Era o dirigente do partido liberal na Câmara dos Lordes. (regressar ao texto) 41. Sir James Graham, 2.º barão Graham (1792-1861). Membro da facção Peel do partido conservador, era o seu principal membro na Câmara dos Comuns, tendo sido um dos principais promotores da coligação que dera origem ao governo de que fazia parte como Primeiro Lorde do Almirantado. (regressar ao texto) 42. Fox Maule Ramsay, 2.º barão Panmure, 11.º conde de Dalhousie em 1860 (1801-1874). Político liberal tinha sido secretary at war do governo de Lord John Russell, de 1846 a 1852. Em 1855 será nomeado para o novo posto de secretary of state for war no governo Palmerston. (regressar ao texto) 43. Henry Petty Fitzmaurice, Marquês de Landsdowne (1780-1863), ministro do interior nos governos tory de Canning (1827) e Goderich (1827-1828), transferiu-se para o partido Whig, sendo Lord President of the Council, nos governos do 2.º conde de Grey (1830-1834), de Melbourne (1834 e 1835-1841) e no 1.º de Russell (1846-1852). Era ministro sem pasta no governo Aberdeen, tendo tido as mesmas funções no 1.º governo de Palmerston (1855-1858). (regressar ao texto) 44.Com a subida ao trono espanhol de Isabel II, única filha de Fernando VII, em Setembro de 1833, a Espanha entrou num período de quase anarquia, que começou com o desencadear da guerra civil, que durou até 1840, e que opôs o governo aos carlistas - defensores da subida ao trono de D. Carlos, irmão de Fernando VII, em vez da sobrinha, por motivo da lei sálica, que impedia a subida ao trono de mulheres. Para além desta luta dinástica, existia a luta entre progressistas e moderados, e que levou ao desencadear de variados pronunciamentos militares. Em finais de 1853 eram os moderados que governavam a Espanha sob a direcção do conde de São Luis, que tinha visto ser derrotado no parlamento, em 9 de Dezembro, o seu projecto de lei sobre os caminhos de ferro, tendo também a oposição de um grupo de generais dirigidos por O'Donnell, que se pronunciarão no dia 13 de Janeiro seguinte contra o governo, sendo presos e exilados. (regressar ao texto) 45. Algernon Percy, 4.º duque de Northumberland (1792-1865). Oficial de marinha na reserva, conhecido por se interessar por problemas científicos, tinha sido Primeiro Lorde do Almirantado no primeiro governo do conde de Derby, que durou de Fevereiro a Dezembro de 1852, o único cargo político dirigente que exerceu. (regressar ao texto)
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Fonte:
D. Francisco de Almeida Portugal,
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